Em meio à troca de palavras tímidas, por conta da diferença de idioma, aparecem sorrisos e olhares emocionados de Grazieli da Silva Alves, de 20 anos, e Gabriella Calzamiglia, de 19 anos. Os encontros, ainda virtuais, são a forma que as irmãs têm para superar a saudade de quase 20 anos, desde quando Gabriella foi adotada por uma família italiana.
As irmãs são de Nova Venécia, no Noroeste do Espírito Santo, e foram levadas para o Conselho Tutelar do município quando eram muito novas. Grazielli tinha 1 ano, e sua irmã, 10 meses de idade. Na época, os pais delas passavam por problemas pessoais e deixaram as crianças na adoção.
Segundo a irmã mais velha, quando a família biológica decidiu buscar as crianças, Gabriella, a mais nova, já não estava mais no Conselho Tutelar. Um casal de italianos, que passava pela cidade, adotou e levou a menina para viver com eles na Ligúria, no Noroeste da Itália.
Mesmo separadas, elas sempre souberam da existência uma da outra. “Eu sempre soube que ela existia e que tinha ido embora para a Itália, então depois de um tempo comecei a tentar buscá-la”, conta Grazielli.
Essa procura de Grazielli começou em 2017, quando ela tinha 17 anos. Ela buscava pelo nome da irmã nas redes sociais, mas não encontrava por conta da mudança de sobrenome. "Como o sobrenome dela é diferente, não a encontrei", explica.
Mesmo distantes, as duas se mantinham unidas, não só pelo laço sanguíneo, mas também por um objetivo comum: do outro lado do Atlântico, Gabriella também buscava pela irmã.
Gabriela fez como sua irmã e começou a buscar nas redes sociais pelo nome. Como Grazieli continuou com a família biológica e o sobrenome não mudou, foi mais fácil de encontrar. Essa procura, no entanto, durou cerca de um ano e foi concluída no último dia 26 de abril.
"Ela encontrou minhas redes sociais e entrou em contato comigo e com minha família, falando que estava procurando uma Grazieli da Silva Alves. Era eu", conta Grazieli.
Durante as primeiras trocas de mensagens, Gabriella mostrou a certidão de nascimento e ela e a irmã começaram a buscar informações que comprovassem realmente o laço.
"Ela me chamou em uma videochamada e conversamos à noite, fiz algumas perguntas investigativas sobre os avós para ver se era mesmo ela e mandei os documentos que eu também tinha. Fiquei arrepiada porque era realmente ela!", conta Gabriella.
As duas continuam fazendo chamadas de vídeo e trocam palavras tímidas em meio à diferença de idioma. Uma só fala português, e a outra, somente o italiano.
"Prefiro conversar por escrito, por aí a Gabriella traduz para o português e eu consigo entender", explica Grazieli.
Agora com os laços virtuais unidos, as duas planejam se encontrar presencialmente, mas por conta da pandemia de Covid-19, terão que atrasar pelo menos por mais um tempo o abraço e as trocas de carinho presenciais.
"Assim que o vírus acabar, pretendemos ir para Nova Venécia com a minha família, mal posso esperar para ver todos!", conta Gabriella.
Agora, é esperar o tão aguardado reencontro, com um abraço apertado das irmãs capixabas.
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