Quase dois anos após ser intoxicado por dietilenoglicol presente na cerveja Belorizontina, da Cervejaria Backer, o engenheiro capixaba Luiz Felippe Teles Ribeiro, de 39 anos, ainda sofre com as sequelas desencadeadas pela intoxicação grave que sofreu após ingerir a bebida. Além de explicar o que passou desde o ocorrido, o engenheiro também comentou sobre a morte de um casal na Serra após consumir um produto contendo a mesma substância: "É revoltante".
Foram cinco meses internado, sendo três deles em coma. Além dele, o sogro também tomou a bebida contaminada e acabou morrendo. Em fevereiro deste ano, o engenheiro já havia relatado a situação grave que atravessa diariamente em relação à saúde.
Entre os muitos problemas sofridos, Luiz Felippe passou a apresentar problemas de audição, teve paralisias múltiplas nas extremidades do corpo e na face, perdeu a capacidade motora para andar, sendo necessário o auxílio de aparelhos para se locomover e também escutar. Em resumo, até hoje o engenheiro lida com um copilado de sequelas graves, causadas pelo fato de ter bebido uma cerveja contaminada com uma substância altamente nociva.
O dietilenoglicol é o mesmo composto encontrado recentemente em um produto vendido como óleo de semente de abóbora, que vitimou um casal da Serra no início deste ano. Rosineide Dorneles e o marido Willis de Oliveira tiveram complicações severas após fazerem o uso diário da substância tóxica e morreram nos meses de fevereiro e março, respectivamente.
Saber que outras pessoas alheias ao Caso Backer morreram por conta do dietilenoglicol no ES entristece o engenheiro. "É um sentimento realmente triste, um pouco revoltante e de indignação", desabafou. "Alguns dizem ser milagre (o fato de estar vivo)... realmente é uma bênção poder estar aqui", complementou ele que reside em Minas Gerais com a esposa.
Com muitas dificuldades, Luiz Felippe conseguiu conversar com a reportagem da TV Gazeta e explicou a luta diária para tentar voltar à normalidade. Ciente de tudo que passou e ainda atravessa, ele comemorou poder falar do momento atual.
"É muita alegria e muita felicidade em poder estar aqui falando com vocês, porém virou a minha vida de cabeça para baixo. Tenho muitas limitações ainda... tive paralisias periféricas, ainda não tenho força nas mãos nem para abrir uma garrafa com água direito, pois falta 'pega' e meus dedos não dobram direito. Além disso, tive perda total da audição e só consigo escutar porque uso aparelhos (auditivos)", detalhou.
Devido às limitações, ele segue afastado do trabalho e dedica boa parte do tempo à recuperação própria, que incluiu muita fisioterapia, sessões de fonoaudiologia e também terapia ocupacional.
Além de Luiz Felippe, pelo menos outras 31 pessoas no país foram contaminadas pela cerveja com dietilenoglicol, sendo que 10 morreram, incluindo o sobro do engenheiro. A Belorizontina não foi a única a conter o composto. A contaminação também ocorreu em lotes da marca Capixaba, pertencente à mesma cervejaria, e que foi criada para atender ao público do Espírito Santo.
A defesa do engenheiro do ES contou que 11 pessoas foram indiciadas pelas mortes e contaminações, incluindo os sócios da Backer. Até o momento, nenhum dos envolvidos foi preso e não há indenização às vítimas ou às famílias. A empresa, porém, custeia o tratamento dos que sobreviveram.
Com informações de Gabriela Martins, da TV Gazeta
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta