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Capixaba que mora na Ucrânia relata tensão com guerra: "Desesperador"

Capixaba que mora na Ucrânia relata tensão com guerra: "Desesperador"

Lyarah Vojnovic postou desabafo em rede social. "Não está tudo bem", disse ela, que é casada com Maycon, jogador  de futebol do principal time do país

Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 14:43

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Lyarah Vojnovic, capixaba que vive na Ucrânia, relata tensão com invasão russa
Lyarah Vojnovic chorou nos vídeos: "Estamos presos". (Reprodução/Instagram/Lyarah)

A capixaba Lyarah Vojnovic Barberan, que vive em Kiev, capital da Ucrânia, relatou estar vivendo momentos de tensão com a invasão de tropas russas ao país. Em vídeos publicados nesta quinta-feira (24) nos Stories do seu perfil no Instagram dela – conteúdos que desaparecem depois de 24 horas da postagem –  Lyarah contou que está em um hotel da cidade com outros brasileiros e que teve de deixar a casa onde mora às pressas.

Ela é casada com o jogador de futebol Maycon, revelado pelo Corinthians e  contratado pelo Shakhtar, principal time da Ucrânia. Lyarah disse que a situação no país ainda é preocupante. Ela citou ser desesperador viver um cenário de guerra e pediu ajuda às autoridades brasileiras.

"Os noticiários estão dizendo que já está tudo certo, tudo calmo. Só que não está. Nós ainda estamos no hotel, estamos presos e ninguém dá uma posição do que a gente pode fazer, de como a gente pode sair. É desesperador ver nossos filhos, as pessoas que estão aqui. Não são só brasileiros que estão se abrigando no hotel, são outras pessoas também. Eu queria pedir muito a ajuda de quem puder espalhar este vídeo para chegar a um poder maior para poder nos ajudar, nos dar uma força", relatou Lyarah.

Aspas de citação

A gente fala com a embaixada, e a embaixada diz que está tudo bem, que é o melhor lugar para a gente ficar, mas não é aqui que a gente quer ficar. Não está tudo bem.

Lyarah Vojnovic Barberan
Capixaba que mora na Ucrânia
Aspas de citação

Lyarah ressaltou que teve de sair de casa às pressas e que não conseguiu pegar os cachorros da família. Ela reforçou que a situação é desesperadora e fez um pedido de ajuda para que autoridades deem uma resposta aos brasileiros que estão na Ucrânia.

JOGADORES BRASILEIROS PEDEM AJUDA

Maycon, inclusive, faz parte do grupo de jogadores de futebol brasileiros que atuam na Ucrânia e que postaram um pedido de ajuda no Instagram. Eles  todos também estão em um hotel em Kiev com os familiares. O vídeo foi publicado na conta de Junior Moraes, que já defendeu a Seleção Brasileira, mas que é naturalizado ucraniano e também defende o Shakhtar.

"Todos os amigos e familiares, a situação é grave e estamos presos em Kiev esperando uma solução para sair! Estamos dentro de um hotel. Orem por nós!", escreveu.

O perfil oficial do Shakhtar no Twitter postou, nesta quinta-feira (24), uma imagem da bandeira da Ucrânia e com uma mensagem curta e direta: "We'll withstand it", que, na tradução livre em português, significa "nós passaremos por isso".

Outras equipes de várias cidades da Ucrânia também publicaram em suas redes sociais mensagem de apoio ao país. Muitos deles, inclusive, em um gesto de demonstração de união, trocaram as cores dos escudos para azul e amarelo, que são as cores da bandeira ucraniana.

ITAMARATY FALA EM 500 BRASILEIROS NA UCRÂNIA

O Itamaraty afirmou que há atualmente cerca de 500 cidadãos brasileiros na Ucrânia, país invadido pela Rússia.  Em nota, a chancelaria brasileira disse ainda que a embaixada do país em Kiev vem renovando o cadastramento dos brasileiros no país e transmitido orientações pelos portais online.

O Ministério das Relações Exteriores pediu ainda que os brasileiros na Ucrânia, em especial os que estão no leste do país, mantenham contato diário com a embaixada.

"Caso necessitem de auxílio para deixar a Ucrânia, devem seguir as orientações da embaixada e, no caso dos residentes no leste, deslocar-se para Kiev assim que as condições de segurança o permitam", diz o comunicado.

ENTENDA A INVASÃO

Após quatro meses de crise com o Ocidente, a Rússia decidiu atacar a Ucrânia nesta quinta-feira (24), naquilo que Kiev e a Otan (aliança militar ocidental) chamaram de invasão total. É a mais grave crise militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial e a maior operação do gênero desde que os Estados Unidos invadiram o Iraque, em 2003.

Putin ataca cidades da Ucrânia; explosões são vistas no país
Ataque às cidades da Ucrânia; explosões são vistas no país. (Reprodução/Twitter)

A invasão da Ucrânia pela Rússia é o ápice da escalada de tensões que começou em meados de novembro de 2021 e que se intensificou esta semana quando o presidente russo, Vladimir Putin, decidiu reconhecer a independência de duas regiões separatistas no leste da Ucrânia - movimento que serviu de pretexto para a entrada de tropas russas no país.

As hostilidades entre Rússia e Ucrânia não são novas e remontam ao fim da Guerra Fria. Mas uma série de acontecimentos recentes, que incluem crises internas, expansão de esferas de influência e revoltas pró-democracia ajudam a explicar por que Putin escolheu este momento para avançar novamente contra seu vizinho.

UKR - RÚSSIA/UCRÂNIA/ATAQUE - INTERNACIONAL - Pessoas observam fragmentos de   equipamento militar na rua após um   aparente ataque russo em Kharkiv, na   Ucrânia, nesta quinta-feira, 24 de   fevereiro de 2022.
Pessoas observam fragmentos de equipamento militar na rua após um aparente ataque russo em Kharkiv. (Andrew Marienko/Associated Press/Estadão Conteúdo)

Em discurso à nação nesta segunda-feira (21), Putin fez questão de contestar o status da Ucrânia como nação soberana. "A Ucrânia nunca teve uma tradição de um Estado genuíno”, afirmou, acrescentando que a Ucrânia moderna “foi inteiramente criada pela Rússia comunista” e atribuindo a Lênin a “autoria” do país.

O interesse ucraniano de entrar para a Otan vem sendo apontado como a principal causa da crise. Para a doutora em Ciência Política e membro do think tank russo Russian International Affairs Council Ekaterina Chimiris, no entanto, essa possível candidatura não é a única razão para o conflito. “Motivos adicionais são a expansão da Otan para outros países e forças nativas adicionais da Otan perto de nossas fronteiras”, afirma.

A candidatura da Ucrânia se tornou oficial em 2018, embora não haja qualquer garantia de que a junção vá acontecer em breve. Pelo contrário, França e Alemanha já se opuseram à adesão no passado – em grande parte buscando não criar atritos com a Rússia – e as nações já citaram problemas persistentes de corrupção e um Estado de direito fraco como motivos para não inserirem a Ucrânia na aliança.

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