O veterinário capixaba Thiago Oliveira do Nascimento, filiado ao PL e até então um possível candidato do partido à Prefeitura de Vila Velha, foi preso em um hotel de luxo de Vitória na última terça-feira (23).
Embora ele more em Vila Velha, o mandado de prisão temporária (por cinco dias, prorrogáveis), foi cumprido no hotel Sheraton, na Praia do Canto. A diária de menor valor lá, para um dia útil no mês de janeiro, é de R$ 650.
O mandado foi expedido pela juíza Paula Cheim Jorge, da 2ª Vara Criminal de Vila Velha, após pedido do Ministério Público Estadual (MPES), como mostrou a coluna Letícia Gonçalves, nesta quarta-feira (24).
Nascimento é investigado na Operação CriptoVet, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), suspeito de cometer os crimes de extorsão e lavagem de dinheiro.
O caso tem como coprotagonista a vítima, um empresário indiano milionário, quiçá bilionário, que teve um caso extraconjugal com uma brasileira durante seis anos, em um país europeu.
O veterinário de Vila Velha obteve acesso a imagens e mensagens comprometedoras trocadas entre o empresário e a "namorada", que provocariam constrangimento e problemas para o indiano.
O milionário é casado e tem laços religiosos.
De acordo com o MPES, Thiago Nascimento passou a extorquir dinheiro do empresário, chantageando-o, e chegou a receber ao menos US$ 1,8 milhão (o equivalente a R$ 8,9 milhões, pela cotação atual), em criptomoedas, entre 2021 e 2023.
Até que a vítima resolveu denunciar o crime.
COMO FOI A PRISÃO
O objetivo era cumprir mandado de busca e apreensão, mas, de acordo com informações prestadas por uma fonte à coluna Letícia Gonçalves nesta quarta, Nascimento constantemente estava fora de casa, viajando, o que impedia o cumprimento da ordem.
Em dezembro, foi a Portugal. Depois, a Teixeira de Freitas. Ao voltar da cidade baiana, em vez de ir para a própria residência, hospedou-se no Sheraton.
Para fazer com que as investigações avançassem, o MP pediu a prisão temporária do suspeito, o que foi deferido.
E a busca e apreensão foi efetivada. De acordo com fonte da coluna, muito material foi apreendido e vai passar por análise.
A prisão foi mantida após audiência de custódia realizada nesta quarta.
SUSPEITA?
Por enquanto, apenas Thiago Oliveira do Nascimento é alvo do Procedimento Investigatório Criminal (PIC).
A ex-namorada do indiano não está, por enquanto, no rol de suspeitos.
O veterinário de Vila Velha filiou-se ao PL em outubro de 2023. Nas redes sociais, apresenta-se como "um político de direita" e ostenta fotos ao lado do senador Magno Malta, presidente estadual do partido.
Embora tenha sido considerado um possível pré-candidato, até a prefeito de Vila Velha, o PL reforçou, em nota, jamais tê-lo declarado como pré-candidato.
Em 2022, com o nome de urna "Thiago Oliveira", ele foi candidato a deputado estadual pela Rede e não obteve sucesso.
Nascimento é dono de uma clínica veterinária na Praia da Costa, sócio de um estúdio de podcasts e tem outras empresas registradas em seu nome.
A evolução patrimonial dele chamou a atenção dos investigadores, como a movimentação de R$ 5 milhões em imóveis.
O QUE DIZ A DEFESA
A GAZETA entrou em contato, na manhã desta quinta-feira (25), com uma das advogadas de Thiago Oliveira do Nascimento, em busca de um posicionamento.
Assim que a reportagem se identificou, contudo, a ligação telefônica caiu ou foi interrompida.
O veterinário não foi julgado e tampouco condenado pelos crimes dos quais é acusado e tem direito a defesa.
AS PROVAS DO MPES
As provas apontadas pelo MPES, porém, vêm de mensagens registradas no celular do empresário indiano, com teor de ameaças e pedidos de envio de dinheiro. Várias delas partiram do telefone pessoal de Thiago Nascimento.
O e-mail dele e até a assinatura digital certificada pelo governo federal do Brasil também fazem parte do rol de indícios levantados pelo Gaeco.
Em razão de recentes publicações realizadas por meios de comunicação sobre a deflagração de operação denominada CriptoVet, informamos que tramita no âmbito do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), procedimento sigiloso de investigação para apuração de crimes de extorsão, lavagem de dinheiro, com utilização de criptomoedas.
Em decorrência das investigações, na data de 23/01 (terça-feira), foram cumpridos mandados de busca expedidos pela 2ª Vara Criminal de Vila Velha, que acolheu pedidos do Ministério Público em desfavor de um dos investigados. As buscas resultaram na apreensão documentos e dispositivos eletrônicos, que serão analisados pelo MPES, além de valores em espécie e armas de fogo, sem a apresentação dos devidos registros legais.
Na mesma data, foi efetivada a ordem judicial de prisão temporária em desfavor de um dos investigados, decretada pelo prazo de 5 dias, conforme determina a lei processual, e mantida em audiência de custódia realizada na data de ontem (24/01).
As investigações do MPES não estão concluídas e seguem em sigilo, necessário para se garantir a apuração da verdade, com exercício do contraditório e da ampla defesa, além de preservação de direitos da vítima. Informações adicionais sobre procedimentos podem ser obtidas junto à Assessoria de Comunicação do MPES.
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