Era pra ser só mais uma manhã de treino funcional na areia da Praia de Itaparica, em Vila Velha. Mas quando estava saindo de casa, nesta sexta-feira (5), o capixaba Mateus Poltronieri recebeu a ligação de uma amiga: "traz o drone, porque tem golfinhos nadando aqui". Pedido prontamente atendido.
Ele, que já trabalha com produção de vídeos, chegou por volta das 8h e demorou uns dez minutos para conseguir localizar esses mamíferos aquáticos. "O sol ainda estava baixo e refletia muito na água, que não estava tão clara", contou. Mas, depois que encontrou, eles ficaram praticamente juntos por meia hora.
"Sempre foi meu sonho filmar golfinhos. Eu já tinha visto da praia umas cinco vezes, pulando, mas com o drone é como se eu estivesse lá. Fiquei muito feliz, muito satisfeito. Foi uma baita sorte", comentou empolgado. "Agora vou ficar ligado direto e vou ter que levar o drone toda vez para o treino", brincou Mateus.
Depois que terminou de filmar, ele correu de volta para a casa. "Queria passar logo para o computador, porque no celular não dava para ver direito", disse. Os exercícios dele e de quase toda a turma, lógico, foram prejudicados. Mas não tem problema, "a gente corre atrás do prejuízo depois", garantiu entre risadas.
De acordo com o ambientalista e coordenador do Projeto Amigos da Jubarte, Thiago Ferrari, os golfinhos filmados por Mateus nesta manhã são da mesma espécie avistada por um grupo de capixabas que praticava canoagem nessa quinta-feira (4), na Praia da Costa: Sotalia guianensis, mais conhecido como "boto-cinza".
"É provável até que seja o mesmo grupo, porque eles têm o costume de fazer pequenas migrações, geralmente em busca de alimentação, mas não dá para cravar", comentou ele que já mapeou um grupo dos cetáceos que reside no mar de Vila Velha, por meio do projeto Golfinhos do Brasil.
Ainda segundo o ambientalista, esses animais vivem na costa do Espírito Santo e podem ser avistados – com um pouco de sorte – durante todo o ano. Os botos-cinza têm em média 1,70 m de comprimento e costumam pesar cerca de 40 kg. O mais impressionante é que eles podem saltar até cinco metros de altura.
Além deles, são comuns no litoral capixaba o golfinho-nariz-de-garrafa (Turiops truncatus) e o golfinho-de-dentes-rugosos (Steno bredanensis). Apesar de serem maiores, os dois são mais oceânicos e não costumam ser vistos na parte mais rasa do mar. Todos se alimentam, basicamente, de peixes ou pequenos crustáceos.
Todo mundo já ouviu dizer que os golfinhos são animais inteligentes, sociáveis e dóceis – e é verdade. Porém, não é por isso que as pessoas devem se aproximar deles ao avistá-los no mar. Uma eventual manobra de caça ou do próprio nado pode acabar causando algum tipo de ferimento.
As orientações de especialistas, aliás, são: não tocar ou tentar alcançar esses animais com alguma parte do corpo ou com algum objeto; não alimentá-los ou atrair usando qualquer tipo de alimento e manter, quando possível, uma distância de 100 a 200 metros dos animais. Os golfinhos e a natureza agradecem.
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