Desde fevereiro de 2020 sem o repique da bateria, a evolução de mestres-salas e porta-bandeiras e a cadência de alas e alegorias, é momento de voltar para o Sambão. As escolas do grupo especial desfilam neste sábado (9), a partir das 22 horas, mas antes de pisarem novamente na avenida, em busca do título de campeã do Carnaval de Vitória, revelam últimos detalhes da apresentação e a expectativa que carregam sobre este retorno.
Shows pirotécnicos, grandes alegorias e efeitos visuais inéditos em desfiles do carnaval capixaba são alguns dos segredos das agremiações que prometem surpreender e emocionar o público. Para quem não puder acompanhar as apresentações no Sambão, terá transmissão dos desfiles pela TV Gazeta e o tempo real no site de A Gazeta.
A primeira a desfilar será a Unidos de Jucutuquara que, neste ano, vai celebrar os 50 anos da agremiação na avenida, contando sua história e também revivendo um tempo em que eram reverenciados os povos indígenas e os negros. Com o enredo "O povo inteiro vai saber, é Jucutuquara que vem lá!", o desfile promete ser de grandes recordações, e uma delas estará logo no início da apresentação.
"Teremos o retorno de uma pessoa muito querida por toda a escola e o público do Sambão, que virá na frente, abrindo a escola: Tatiana Paysan", conta Leandro Maciel Costa, diretor de harmonia da Jucutuquara, referindo-se à antiga rainha de bateria da agremiação.
Questionado sobre o que mais seria possível adiantar do desfile, Leandro dá uma pequena pista: "A comissão de frente vem com uma alegoria (tripé) representando um dos maiores símbolos do bairro de Jucutuquara. Algo que mexe com a memória afetiva das pessoas. E vai ter efeitos até então inéditos para o Carnaval de Vitória."
A Imperatriz do Forte entra no Sambão na sequência cantando "Em busca do 10", numa referência a importância dos números no cotidiano de todas as pessoas, mas sem deixar de pensar no desejo de conseguir a nota máxima durante o desfile.
É por isso que o presidente da agremiação, Artur Kadratz, ressalta que os segredos da escola da comunidade do Forte São João estão guardados em cada ala. "A nossa aposta é na força dos nossos quesitos."
Artur destaca ainda que o público pode esperar uma apresentação muito forte, de uma comunidade aguerrida e com muita vontade de vencer. A escola está nos retoques finais para encantar os foliões com seu carnaval.
"Que Deus nos abençoe e todo mundo cante 'Em busca do 10'", finaliza.
A Novo Império, terceira escola a entrar na avenida, promete se apresentar com um chão muito forte, cantando Santo Antônio em clima de festa, segundo Suzana Bremenkamp, diretora de comunicação da agremiação.
"Costumamos dizer que todo mundo tem um parente ou viveu parte da sua vida em Santo Antônio, seja na infância, seja nas festividades do santo padroeiro. E isso será facilmente identificado em nosso desfile, pois vamos mexer com os corações e a memória afetiva do público presente", frisa.
Com o enredo "Santo Antônio, olhai por nós!", a Novo Império passeia pelo sagrado, mas também exalta a comunidade de mesmo nome. Ao ser perguntada sobre detalhes do desfile ainda não revelados, Suzana faz o recuo - e não é da bateria.
"A Orquestra da Novo Império ensaiou na última semana uma surpresa para o público. Mas, se eu revelar, deixa de ser surpresa", respondeu, em tom de brincadeira.
A lenda de um amor proibido vai embalar a Independente de Boa Vista, única escola de Cariacica no grupo especial. A agremiação será a quarta a entrar na avenida com o enredo "O Pássaro de Fogo traz a boa nova: é tempo de amar."
O diretor de eventos da escola, Caulit Júnior, ressalta que será um desfile com bastante cor, brilho e esculturas gigantes, porém esquivou-se de entregar mais. "Se eu revelar o segredo, o carnavalesco me mata. Mas será um carnaval muito emocionante", garante.
Para ele, o grande diferencial deste carnaval talvez não sejam as alegorias e fantasias, mas a vibração do público. "Ficamos dois anos afastados e estamos voltando. O povo fez muita falta para quem é envolvido com carnaval", pontua.
Caulit observa que as escolas que conseguiram atravessar as dificuldades e chegar até o momento de desfilar merecem ser reconhecidas pelo esforço.
"É um carnaval de superação para todos nós, de muita luta devido à crise financeira, à Covid. Na Boa Vista, vamos fazer um grande desfile e tentar manter esse título pela terceira vez seguida, o que seria inédito e um grande marco para nossa escola. Sabemos de todas as dificuldades e da competência das demais escolas. Mas quem vai se beneficiar disso tudo será o público."
Única representante de Vila Velha no grupo especial, a Mocidade Unida da Glória (MUG) vai se aventurar numa caravana da alegria no Sambão. A escola será a quinta a se apresentar e assegura que vai promover uma grande festa para os foliões.
"A MUG preparou um desfile com menos movimento nas alegorias e investiu mais em pirotecnia. Muitos efeitos visuais irão acontecer. E é bom ter uma atenção especial para nossa comissão de frente", pontua Patrick Rocha, diretor administrativo da escola que vai apresentar o enredo “O Leão em caravana traz ao palco da folia a imagem e a semelhança com um quê de fantasia.”
Patrick conta um pouco mais do que será a apresentação da Mocidade. "Pontos altos que posso ressaltar estão na ala que vem atrás da bateria, e nossos elementos alegóricos que estavam guardados até agora. Nossos 'bonecos de Olinda' vão homenagear baluartes da escola. E o carro 2 - 'Casa de Bonecos' - está cheio de elementos que irão fazer todo folião se identificar com o desfile."
O diretor fala que a escola vive uma grande expectativa pelo retorno, após dois anos, e será um momento de muita celebração. "O público que for para o Sambão vai ver cada escola querendo fazer o seu melhor. E quem assistir ao desfile da MUG pode ter certeza que vamos fazer um grande espetáculo. A esperança, lógico, é de levar o título para casa, mas sempre vamos fazer um espetáculo de qualidade, que é a nossa marca", sustenta.
A sexta escola a desfilar será a Unidos da Piedade. A escola da região da Fonte Grande vai cantar "Da riqueza do café, sua força e majestade" para recontar a história da produção cafeeira com relevante papel na economia capixaba. Contudo, não se trata apenas do produto, mas também das pessoas. Especialmente do povo negro e suas lutas, ontem e hoje.
Elder Alves, diretor-geral de harmonia da Piedade, não revelou nenhum segredo da agremiação, e prefere deixar as surpresas para a hora do desfile, mas garante que o público vai se emocionar - e ele também.
"Não posso revelar nossas surpresas, mas posso adiantar que estamos preparando um lindo desfile a ser apresentado na avenida. Estamos bastante ansiosos por esse momento; não tivemos o desfile de 2021. Estou me preparando para viver uma grande emoção naquela avenida mágica e chorar após a linha da dispersão", estima.
O diretor lembra que todos passaram por momentos difíceis ao longo da pandemia, mas que agora é tempo de alegria. "Quero ouvir todos cantando o trecho do nosso samba: 'canta forte, Piedade'!"
Para finalizar os desfiles do grupo especial, a Andaraí vai homenagear Santa Martha, bairro de Vitória onde surgiu a escola. O enredo "Mulembá" se propõe a fazer um resgate histórico e cultural da comunidade.
Após ser campeã do grupo A em 2020, ano da última disputa devido à pandemia, a Andaraí está de volta à elite do Carnaval de Vitória. A agremiação preparou seu desfile carregando como referência os contos dos povos africanos e seu desembarque no Brasil até chegar ao Espírito Santo.
Nos preparativos finais para o desfile, o presidente da escola, Thiago Bandeira, não pôde atender à reportagem para apontar suas perspectivas sobre a apresentação e a expectativa de voltar ao Sambão.
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