A Ucrânia é, há quase um mês, o epicentro do noticiário internacional devido aos ataques militares que o país diariamente é submetido pela vizinha Rússia. Milhares de ucranianos diariamente buscam refúgio em outros países e deixam as áreas bombardeadas. Porém, a ex-república soviética é o destino de um casal capixaba, que embarca para a capital Kiev no próximo dia 26 (sábado).
Pode soar ilógico rumar para uma área de perigo constante, com zonas de conflitos e com dificuldades de acesso a tudo, porém a capital ucraniana representa uma nova vida para a professora Priscila e o engenheiro marítimo João Paulo Bogucki, moradores de Vitória.
No último sábado (19), nasceu o filho deles, João Levi, que foi gestado em uma barriga de aluguel - a Ucrânia é um país com leis facilitadoras para casais que buscam pela gestação de substituição (termo usado para barriga de aluguel), proibida no Brasil, exceto em casos em que a barriga de aluguel seja de uma mulher com parentesco consanguíneo até o quarto grau.
Há anos tentando engravidar, Priscila e João Paulo viram no país europeu uma oportunidade além das que tentavam para ter o primeiro filho. Em março do ano passado, eles foram para Kiev, conheceram uma clínica que realiza o serviço e logo iniciaram os procedimentos. De lá para cá, muita coisa mudou e a situação se agravou na Ucrânia, mas nada que diminuísse o sonho de anos pela maternidade.
"Nós passamos por várias fertilizações in vitro no Brasil que não deram certo, então fomos para lá há cerca de um ano e nos encantamos pelo país. Muito bonito, com pessoas trabalhadoras e fomos muito bem recebidos. Em pouco tempo, a clínica que contratamos fez a implantação. A mulher engravidou, teve uma boa gestação e agora no dia 19 nasceu nosso anjo João Levi. Ele está sendo muito bem tratado em um berçário da maternidade, onde iremos buscá-lo muito em breve", contou João Paulo, que trabalha embarcado em uma plataforma.
Para chegarem até lá, João Paulo e Priscila precisarão seguir até a Polônia, para dali entrarem na Ucrânia. Devido às condições e restrições por conta da guerra, eles devem seguir de trem ou em comboio até Kiev, onde buscarão o bebê. Até o parto, a gestante do filho do casal permaneceu junto de outras grávidas em um bunker (construção protegida de bombas) no subsolo da capital ucraniana sob monitoramento dos médicos.
"Teremos de fazer uma logística diferente até chegar lá (Kiev). Nossa previsão é entrar por Lviv - cidade próxima à fronteira com a Polônia - com o suporte da embaixada brasileira, que está nos ajudando muito e também outros casais que passam pela mesma situação. Lógico que ficamos apreensivos por tudo que atravessa a Ucrânia devido à guerra, mas apesar de tudo, as coisas estão correndo bem e estamos em um momento muito feliz. O nosso sonho de anos está lá. Logo traremos nosso filho aqui para Vitória", contou João Paulo.
"Quando a guerra aconteceu, ela (a gestante) já estava em Kiev, na reta final da gravidez. Não dava para sair de lá", afirmou Priscila em entrevista à Folha de São Paulo. "E sair de Kiev com um recém-nascido é muita responsabilidade, na clínica disseram que não podem entregar para qualquer pessoa, só para os pais", complementou ela.
A expectativa do casal capixaba é retornar o mais rápido possível ao Brasil assim que estiverem com o filho nos braços. O Itamaraty informou à Folha de São Paulo já ter auxiliado cinco famílias brasileiras a saírem da Ucrânia com bebês recém-nascidos e que outras duas deverão fazer o mesmo até o fim de março - entre elas João Paulo e Priscila.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, foram flexibilizados alguns requisitos para o registro de nascimento e a emissão de documentos de viagem aos recém-nascidos, "em caráter excepcional dada a gravidade da situação" na Ucrânia.
Com informações da Folha de São Paulo
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta