Marcado para a primeira segunda-feira de agosto (2), o julgamento do juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira foi adiado em praticamente seis semanas. Agora, o júri popular será realizado no dia 14 de setembro, às 9h. A mudança se deve a um pedido feito pela defesa do acusado e atendido pela Justiça.
O magistrado aposentado é apontado como um dos mandantes da morte do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, assassinado a tiros quando chegava a uma academia de ginástica em Vila Velha, ainda em 2003. Após mais de 18 anos, Leopoldo é o único dos dez acusados que ainda não foi julgado no processo criminal.
Em decisão na última quarta-feira (14), o juiz Marcelo Soares Cunha, da 4ª Vara Criminal de Vila Velha, acolheu o pedido da defesa do réu e remarcou a sessão. Segundo ele, manifestações de órgãos institucionais estão pendentes e documentos ainda precisam ser localizados para garantir a transparência.
No entanto, o juiz também deixou claro que "não houve qualquer precipitação ou atropelo de fases processuais com a designação do julgamento" e que o "volumoso processo" requer "maior celeridade na resposta judicial e social ao fato que remonta ao ano de 2003". "Basta de atrasos", afirmou, no texto.
Em junho, quando o julgamento foi marcado, o advogado Fabricio Campos, responsável pela defesa de Leopoldo, já havia sinalizado a possibilidade de adiamento caso houvesse deferimento para duas diligências solicitadas neste ano, conforme o previsto no rito do processo. São elas:
Quanto ao envolvimento do cliente na morte do juiz, o advogado Fabricio Campos garante a inocência de Leopoldo Teixeira. "Independentemente de qual tenha sido a mecânica do evento, ele não teve nenhuma participação em qualquer trama para ceifar a vida de Alexandre Martins", reafirmou, nesta quarta-feira (21).
Pai da vítima, o advogado Alexandre Martins de Castro soube do adiamento do júri nesta quarta-feira (21) e revelou não ter se surpreendido com a decisão. Além de lembrar da possibilidade assinalada no passado, ele afirmou que esperava atitudes visando adiar o julgamento por parte do Leopoldo Teixeira.
Ele diz que a nova espera, de cerca de seis semanas, não afeta tanto a família. "Uma hora ele vai ser julgado e agora está próximo. Qualquer adiamento vai ser por pouco tempo. O juiz também sabe quando os adiamentos são protelatórios", argumentou.
O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça Criminal de Vila Velha, enviou uma nota lamentando o novo adiamento da realização do júri do juiz aposentado Antonio Leopoldo Teixeira para 14 de setembro, conforme solicitado pela defesa do réu. Diz a nota:
"Embora esse adiamento tenha amparo no código processual, o Ministério Público entende que a sociedade cobra a realização de justiça quanto a esse crime bárbaro, que foi o assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, morto em março de 2003. Todos os outros implicados no assassinato, inclusive executores e intermediários, já foram julgados, faltando apenas este júri, que vem sendo sucessivamente adiado, por uma série de recursos interpostos pela defesa.
O MPES considera, ainda, que o júri anteriormente marcado para o dia 2 de agosto de 2021 atendia ao clamor popular para que o caso seja finalmente elucidado e para que todos os envolvidos paguem pelo crime cometido".
Após as investigações sobre o crime ocorrido em 2003, dez homens foram acusados pela morte do juiz Alexandre Martins de Castro Filho. Por enquanto, apenas o ex-policial civil e empresário Cláudio Luiz Andrade Baptista (conhecido como Calu) foi absolvido pela Justiça.
ACUSADOS DE SEREM OS MANDANTES
ACUSADOS DE SEREM OS EXECUTORES
ACUSADOS DE SEREM OS INTERMEDIADORES
A execução do juiz Alexandre Martins de Castro Filho aconteceu por volta das 7h45 do dia 24 de março de 2003. Quando chegava a uma academia em Itapuã, Vila Velha, ele foi surpreendido por dois bandidos em uma moto. Um deles estava armado com uma pistola e atirou três vezes contra a vítima, atingindo peito e braço.
Na época, o magistrado era símbolo da luta contra o crime organizado. Segundo a denúncia feita pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES), o assassinato seria de mando, cometido em função de denúncias feitas pelo juiz sobre venda de sentenças. A defesa dos acusados alega latrocínio, que é o roubo seguido de morte.
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