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Caso Alexandre Martins: julgamento do juiz Leopoldo Teixeira é adiado

Caso Alexandre Martins: julgamento do juiz Leopoldo Teixeira é adiado

Júri popular estava previsto para acontecer no próximo dia 2, mas foi adiado para meados de setembro após pedido da defesa. Crime ocorreu em 2003

Publicado em 21 de julho de 2021 às 19:23

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Juiz Leopoldo e Juiz Alexandre Martins
Juiz Leopoldo Teixeira é o único dos acusados da morte de Alexandre Martins que ainda não foi julgado. (Montagem | Carlos Alberto Silva | Nestor Muller)

Marcado para a primeira segunda-feira de agosto (2), o julgamento do juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira foi adiado em praticamente seis semanas. Agora, o júri popular será realizado no dia 14 de setembro, às 9h. A mudança se deve a um pedido feito pela defesa do acusado e atendido pela Justiça.

O magistrado aposentado é apontado como um dos mandantes da morte do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, assassinado a tiros quando chegava a uma academia de ginástica em Vila Velha, ainda em 2003. Após mais de 18 anos, Leopoldo é o único dos dez acusados que ainda não foi julgado no processo criminal.

Em decisão na última quarta-feira (14), o juiz Marcelo Soares Cunha, da 4ª Vara Criminal de Vila Velha, acolheu o pedido da defesa do réu e remarcou a sessão. Segundo ele, manifestações de órgãos institucionais estão pendentes e documentos ainda precisam ser localizados para garantir a transparência.

Aspas de citação

Considerando que diligências ainda não foram concluídas e outros ofícios ainda não foram respondidos, mas também a proximidade da data designada e a necessidade de acesso tranquilo às partes, redesigno o julgamento

Marcelo Soares Cunha
Juiz de direito da 4ª Vara Criminal de Vila Velha
Aspas de citação

No entanto, o juiz também deixou claro que "não houve qualquer precipitação ou atropelo de fases processuais com a designação do julgamento" e que o "volumoso processo" requer "maior celeridade na resposta judicial e social ao fato que remonta ao ano de 2003". "Basta de atrasos", afirmou, no texto.

Em junho, quando o julgamento foi marcado, o advogado Fabricio Campos, responsável pela defesa de Leopoldo, já havia sinalizado a possibilidade de adiamento caso houvesse deferimento para duas diligências solicitadas neste ano, conforme o previsto no rito do processo. São elas:

  • Ter acesso a CDs de uma escuta ambiental feita na cela de Odessi Martins da Silva Júnior e Giliarde Ferreira de Souza, apontados como executores e condenados pelo crime, assim como a todas as decisões judiciais que autorizaram a escuta na época.
  • Saber se o Ministério da Justiça recebeu uma comunicação do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, na qual ele afirmou que o conteúdo não poderia vir à tona. A defesa também quer saber se o Ministério da Justiça tomou providências em relação ao episódio.

Quanto ao envolvimento do cliente na morte do juiz, o advogado Fabricio Campos garante a inocência de Leopoldo Teixeira. "Independentemente de qual tenha sido a mecânica do evento, ele não teve nenhuma participação em qualquer trama para ceifar a vida de Alexandre Martins", reafirmou, nesta quarta-feira (21).

"ELE VAI FUGIR O MÁXIMO", DIZ PAI DA VÍTIMA

Pai da vítima, o advogado Alexandre Martins de Castro soube do adiamento do júri nesta quarta-feira (21) e revelou não ter se surpreendido com a decisão. Além de lembrar da possibilidade assinalada no passado, ele afirmou que esperava atitudes visando adiar o julgamento por parte do Leopoldo Teixeira.

Aspas de citação

Ele (Leopoldo) vai fugir o máximo do julgamento, mas vai ter uma hora que ele vai ser julgado. Ele está fugindo porque sabe que as provas contra dele são contundentes e que ele vai ser condenado

Alexandre Martins de Castro
Advogado e pai de Alexandre Martins de Castro Filho
Aspas de citação

Ele diz que a nova espera, de cerca de seis semanas, não afeta tanto a família. "Uma hora ele vai ser julgado e agora está próximo. Qualquer adiamento vai ser por pouco tempo. O juiz também sabe quando os adiamentos são protelatórios", argumentou.

MPES LAMENTA NOVO ADIAMENTO DO JÚRI

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça Criminal de Vila Velha, enviou uma nota lamentando o novo adiamento da realização do júri do juiz aposentado Antonio Leopoldo Teixeira para 14 de setembro, conforme solicitado pela defesa do réu. Diz a nota:

"Embora esse adiamento tenha amparo no código processual, o Ministério Público entende que a sociedade cobra a realização de justiça quanto a esse crime bárbaro, que foi o assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, morto em março de 2003. Todos os outros implicados no assassinato, inclusive executores e intermediários, já foram julgados, faltando apenas este júri, que vem sendo sucessivamente adiado, por uma série de recursos interpostos pela defesa.

O MPES considera, ainda, que o júri anteriormente marcado para o dia 2 de agosto de 2021 atendia ao clamor popular para que o caso seja finalmente elucidado e para que todos os envolvidos paguem pelo crime cometido".

A SITUAÇÃO DOS DEMAIS ACUSADOS

Após as investigações sobre o crime ocorrido em 2003, dez homens foram acusados pela morte do juiz Alexandre Martins de Castro Filho. Por enquanto, apenas o ex-policial civil e empresário Cláudio Luiz Andrade Baptista (conhecido como Calu) foi absolvido pela Justiça.

ACUSADOS DE SEREM OS MANDANTES

  • Walter Gomes Ferreira: Coronel da Polícia Militar foi julgado em 2015 e condenado a 23 anos, tendo a pena reduzida, posteriormente, para 16 anos. Atualmente, ele se encontra preso.
  • Antônio Leopoldo Teixeira: Ainda será julgado.
  • Cláudio Luiz Andrade Baptista (Calu): Absolvido.

ACUSADOS DE SEREM OS EXECUTORES

  • Odessi Martins da Silva Júnior (Lumbrigão): Condenado no ano de 2004 a 25 anos e oito meses de prisão. Atualmente, ele cumpre o restante da pena em regime aberto.
  • Giliarde Ferreira de Souza (Gi): Condenado, também em 2004, a 25 anos e oito meses de prisão. Atualmente, cumpre o restante da pena em regime aberto.

ACUSADOS DE SEREM OS INTERMEDIADORES

  • Heber Valêncio: Sargento da Polícia Militar, foi condenado em 2005 a 20 anos e três meses, mas está em liberdade.
  • Ranilson Alvez da Silva: Sargento da Polícia Militar, foi condenado a 15 anos, mas desde 2008 está em liberdade.
  • Fernandes de Oliveira Reis (Cabeção): Em 2005, ele foi condenado a 23 anos. Porém, em junho do ano passado, ele foi assassinado dentro de um veículo, em Itapuã, no município de Vila Velha.
  • André Luiz Barbosa Tavares (Yoxito): Condenado a oito anos e quatro meses de prisão em 2005. Está livre.
  • Leandro Celestino dos Santos (Pardal): Condenado em 2005 a 15 anos e dois meses de prisão. Também está fora do presídio.

CASO ALEXANDRE MARTINS: RELEMBRE

A execução do juiz Alexandre Martins de Castro Filho aconteceu por volta das 7h45 do dia 24 de março de 2003. Quando chegava a uma academia em Itapuã, Vila Velha, ele foi surpreendido por dois bandidos em uma moto. Um deles estava armado com uma pistola e atirou três vezes contra a vítima, atingindo peito e braço.

Na época, o magistrado era símbolo da luta contra o crime organizado. Segundo a denúncia feita pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES), o assassinato seria de mando, cometido em função de denúncias feitas pelo juiz sobre venda de sentenças. A defesa dos acusados alega latrocínio, que é o roubo seguido de morte.

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