O caso Araceli marcou pessoas de diferentes gerações e formações nas últimas cinco décadas. O crime bárbaro tornou-se um marco na luta contra a violência infantil e da responsabilidade coletiva na formação de uma sociedade segura para as crianças. E, um dos meios de se estabelecer esse diálogo ainda nos dias atuais é pela arte. Por isso, nesta quinta-feira (18), das 18h às 21h, a Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), em Vitória, recebe a mostra "Não aceite doces de estranhos", em tributo aos 50 anos do caso Araceli.
Para honrar a memória da vítima, a renomada artista capixaba Vania Cáus convocou 16 artistas latino-americanos para homenageá-la por meio da exposição.
O evento apresentará esculturas, pinturas e instalações, nas quais os artistas convidados expressarão suas impressões sobre o caso Araceli. Contará com obras de artistas capixabas, nacionais e internacionais e promete emocionar os visitantes com sua abordagem artística sobre o episódio. Na Praça Costa Pereira, já é possível conferir uma das intervenções que compõem a mostra.
Vania, curadora da exposição e também uma das artistas participantes, contou que as obras ficarão expostas dentro de redomas transparentes. Segundo ela, essa é uma crítica à atuação das autoridades da época, que não agiram de forma transparente. A altura em que as peças serão exibidas também faz referência à altura dos olhos de uma criança de 8 anos, idade que Araceli foi assassinada.
"Eu também tinha oito anos quando o crime aconteceu. Eu morava em Linhares e fiquei sabendo do caso quando as freiras que trabalhavam na escola em que eu estudava liberaram a gente mais cedo. Eu fiquei horrorizada em pensar que uma pessoa matou uma criança. Ela tinha exatamente a minha idade e isso impactou muito a minha vida", contou Vania.
O nome da mostra também está ligado ao impacto do caso na vida da artista. "Quando eu cheguei em casa, na época, e perguntei para minha mãe o que tinha acontecido, ela me disse que ela tinha aceitado doces de estranhos", lembrou.
Para a deputada estadual Camila Valadão, "manter a memória do caso de Araceli é necessário para que possamos construir estratégias no combate à exploração sexual e ao abuso de crianças e adolescentes. Esse é um desafio enorme que, durante muito tempo, foi tratado como um problema menor, como casos privados, não como tema de debate público", ressaltou.
A exposição "Não Aceite Doce de Estranhos" é livre para todos os públicos e busca promover a acessibilidade. Ela contará com recursos para pessoas disléxicas, obras táteis e sensoriais dispostas à altura de uma criança de 8 anos. Essa mostra é apenas uma das atividades inseridas no projeto "Amar se Aprende Amando", que faz referência à última obra escrita pelo renomado poeta Carlos Drummond de Andrade e visa ocupar os espaços públicos a partir da poética drummondiana.
Do Espírito Santo, Andrea Vasconcelos, chama.amanda, Gabriel Lordello, Irineu Ribeiro, Luiz Rafael, Marcelo Gandini, Penithência, Renan Florindo, Renilda Dutra, Ronaldo Gentil, Tadeu Bianconi e Vania Cáus terão obras expostas. EFE Godoy e Sheila Malta representam Minas Gerais. Do Rio de Janeiro, Jabim Nunes e Maurício Kiffer. Já da Venezuela, Ronaldo Regalado.
Também no dia em que o crime completa 50 anos, A Gazeta lança mais um capítulo da websérie "Crimes Brutais". Desta vez, apresenta depoimentos indicando que boatos e mortes suspeitas marcaram a investigação.
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