No dia 18 de maio de 1973, Araceli Cabrera Sánchez Crespo saiu mais cedo da escola para pegar ônibus. A menina não voltou para casa e seu corpo foi achado seis dias depois, próximo ao Hospital Infantil, em Vitória, praticamente irreconhecível. O caso se tornou um dos mais emblemáticos da história do Espírito Santo e está completando 50 anos. Os jornalistas Felipe Quintino e Katilaine Chagas revivem detalhes do crime no livro "O caso Araceli - Mistérios, abusos e impunidade", que será lançado nesta quarta-feira (17), às 19h, na livraria Leitura, do Shopping Vitória.
Um dos objetivos, segundo Felipe Quintino, também é colocar a história do crime para dialogar com a sociedade atual. "O livro vem para esse sentido, de tentar fazer uma relação com esse passado de 50 anos do caso, lá em 1973, e chegar até hoje, com essas relações de crianças, infância e violências no mundo atual", diz o autor.
Segundo Quintino, o processo de apuração levou quase dois anos. No livro, os autores, que tiveram acesso ao processo judicial, contam bastidores sobre a investigação. Além de entrevistas com familiares e pessoas que trabalharam no caso, alguns documentos inéditos são trazidos ao público.
A história em torno da investigação do crime, que aconteceu em plena ditadura militar, sempre gerou dúvidas. A obra traz revelações da fase de inquérito, como pressões e problemas que, de acordo com o autor, levaram o caso ao arquivamento, em 1993.
O crime, que completa 50 anos em 2023, é um dos mais emblemáticos da história do Espírito Santo. Araceli Cabrera tinha oito anos quando foi sequestrada, violentada e assassinada em 1973, em Vitória. O caso tornou-se um marco na luta pelos direitos das crianças e alertou a sociedade para a necessidade de proteção e enfrentamento da violência sexual infantil.
Três pessoas chegaram a ser denunciadas pelo crime: Paulo Helal; Dante Brito Micheline, o Dantinho; e Dante de Barros Micheline, pai de Dantinho. A justiça chegou a condená-los, em 1980. Eles recorreram e, em 1993, foram inocentados, com o caso sendo arquivado a seguir.
Os autores buscaram resgatar a memória do caso Araceli, desvelando informações até então desconhecidas sobre os fatos ocorridos há meio século. Ao trazer à tona essa história marcante, o livro busca estimular reflexões sobre a responsabilidade coletiva na proteção dos direitos infanto-juvenis e o papel da sociedade em garantir um ambiente seguro e livre de violência para as crianças.
Além do evento de lançamento, na quarta-feira (17), na livraria Leitura do Shopping Vitória, é possível adquirir o livro pelo site da editora Alameda, que ficou responsável pela publicação.
O capixaba Felipe Quintino é jornalista e professor do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Foi repórter de A Gazeta, e já ganhou o Prêmio Capixaba de Jornalismo e o Prêmio de Jornalismo Cooperativista.
Katilaine Chagas nasceu no Rio de Janeiro, mas se formou e trabalhou em algumas das principais redações do Espírito Santo, incluindo em A Gazeta. Ganhou o Prêmio Findes de Jornalismo com uma série de reportagens sobre violência sexual e o Prêmio Adepes de Jornalismo com reportagem sobre pessoas trans.
Na semana em que o crime completa 50 anos, A Gazeta lança mais um documentário da série "Crimes Brutais", dessa vez, sobre o caso Araceli, A websérie terá entrevistas com familiares e outros envolvidos no caso e poderá ser assistido pelo site.
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