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Caso Clarinha: identidade de mulher em coma pode estar ligada a rapto no ES

Caso Clarinha: identidade de mulher em coma pode estar ligada a rapto no ES

Vítima de atropelamento e sem identificação oficial, Clarinha vive em estado vegetativo e há mais de duas décadas sua família é procurada; descoberta recente sobre desaparecimento de uma criança em Guarapari pode acabar com o mistério

Publicado em 3 de agosto de 2021 às 18:00- Atualizado há 3 anos

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Clarinha
Clarinha está internada desde junho de 2000 em coma profundo. (Fernando Madeira)
Aline Nunes
Repórter de Cotidiano / [email protected]

Um mistério que se mantém há mais de duas décadas no Espírito Santo parece agora estar próximo de ser solucionado. A identidade de "Clarinha", como ficou conhecida a mulher sem registro oficial, internada em estado vegetativo no Hospital da Polícia Militar (HPM) após um atropelamento em junho de 2000, pode estar ligada ao possível rapto de uma criança em Guarapari no final dos anos 70

O Ministério Público do Espírito Santo (MPES), que atua no caso na tentativa de identificar a família de Clarinha, diz, em nota, que em meados de 2020 uma equipe de papiloscopistas da Força Nacional de Segurança Pública que estava em operação no Estado soube da história e pediu autorização do órgão estadual para ajudar na investigação. A equipe utilizou o processo de comparação facial, com buscas em bancos de dados de pessoas desaparecidas com características físicas semelhantes às de Clarinha. O caso veio à tona após reportagem do jornal MovNews em 3 de agosto.  

"A partir dessas buscas, chegou-se ao caso de uma criança de 1 ano e 9 meses desaparecida em Guarapari, em 1976. Na época dos fatos, a família dela, que é de Minas Gerais, passava férias no Espírito Santo. Para a confirmação das semelhanças físicas entre a menina desaparecida e 'Clarinha', foi solicitada a realização de exame de reconhecimento facial por uma empresa especializada neste trabalho localizada no Paraná. O exame concluiu haver 'compatibilidade' entre as imagens de “Clarinha” e a da menina desaparecida em 1976", aponta um dos trechos da nota. 

Com esses novos elementos, ainda segundo a nota, o Ministério Público requisitou a um laboratório o perfil genético de Clarinha.  "Após essa coleta mais recente, iniciada com o processo de comparação facial, o MPES enviou o material genético para a Polícia Civil de Minas Gerais, que mantém arquivado o perfil genético dos pais da criança desaparecida em Guarapari. O Ministério Público capixaba solicitou a comparação entre os perfis genéticos e, neste momento, aguarda o resultado dos procedimentos adotados pela Polícia Civil mineira."

Caso Clarinha - identidade de mulher em coma pode estar ligada a rapto no ES

EXAMES DE DNA

Desde que Clarinha chegou ao hospital, sem documento de identificação, várias tentativas de localizar familiares já foram feitas. Pessoas de diversas partes do país, sobre as quais havia indícios de parentesco, submeteram-se a exames de DNA.

O caso ganhou mais repercussão após uma reportagem do Fantástico, em 2016,  e 102 famílias procuraram o MPES tentando identificar Clarinha como uma possível parente desaparecida. Desse total, 22 casos chamaram mais atenção, pelas fotos ou pela similaridade dos dados próximos ao perfil da mulher internada.

Depois de uma triagem mais detalhada, aponta o MPES, quatro casos foram descartados, devido à incompatibilidade de informações ou pelo fato de as pessoas procuradas já terem sido encontradas. O Ministério Público dividiu as 18 pessoas restantes em dois grupos para a realização dos exames de DNA. No entanto, os resultados mostraram-se incompatíveis para traços familiares.

ENTENDA O CASO

A mulher identificada como "Clarinha" foi atropelada no dia 12 de junho de 2000 quando, segundo testemunhas, fugia de um perseguidor. Ela correu para o meio de uma avenida movimentada no Centro de Vitória e foi atingida por um ônibus. Socorrida, foi levada para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE) São Lucas, no qual foi submetida a diversas cirurgias.

Contudo, ela nunca se recuperou do trauma e está em como profundo desde o acidente. Sem documento de identidade e digitais desgastadas, não foi possível localizar um parente. Nem mesmo as testemunhas do atropelamento souberam informar de quem se tratava aquela jovem na época. Clarinha foi transferida para o HPM, hospital em que permanece internada. Inclusive, foi no local, que recebeu o apelido da equipe de saúde que a acompanha. 

Clarinha tem marcas de cesárea, o que indica que já teve filho. Pelas estimativas dos profissionais, ela deve ter pouco mais de 40 anos, idade que seria compatível à da criança  sequestrada em 1976. 

O MPES passou a atuar no caso a partir de demanda recebida do HPM, que pediu a ajuda para identificar Clarinha e seus familiares. A procuradora de Justiça Edwirges Dias, que na época atuava como promotora de Justiça Cível de Vitória, expediu ofícios para diversas instituições públicas que integraram uma campanha para saber quem é “Clarinha”.

"Posteriormente, a demanda foi encaminhada ao Grupo Especial de Trabalho Social (Getso) do MPES. Coordenado pela promotora de Justiça Arlinda Maria Barros Monjardim, o Getso atuou em diversas frentes, expedindo ofícios, fazendo diligências e cobrando perícias. Foram divulgadas informações do caso em veículos de comunicação locais e nacionais. Buscou-se ainda auxílio junto a outros Ministérios Públicos, em bancos de dados de pessoas desaparecidas, em delegacias e junto a registros da Polícia Federal", pontua a nota do Ministério Público.

Mesmo com a extinção do grupo especial, a promotora  Arlinda Maria, atuando como 28ª promotora de Justiça Cível de Vitória, mantém os trabalhos de investigação. 

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