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Caso Milena Gottardi: julgamento chega à fase do interrogatório dos réus

Caso Milena Gottardi: julgamento chega à fase do interrogatório dos réus

Primeiro a falar será o atirador que matou Milena Gottardi, Dionathas Alves, que é, também, um dos depoimentos mais aguardados do júri

Publicado em 27 de agosto de 2021 às 12:31

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Réus chegam ao fórum para segundo dia do julgamento pelo assassinato de Milena Gottardi
Hilário Frasson chegando ao Fórum Criminal de Vitória. (Ricardo Medeiros)
Rafael Silva
Repórter de Política / [email protected]

O julgamento do caso Milena Gottardi entra a partir da tarde desta sexta-feira (27) na fase dos depoimentos dos seis réus acusados pelo assassinato da médica.

O primeiro a prestar depoimento será o executor do crime, Dionathas Alves, que atirou contra Milena no estacionamento do Hospital das Clínicas, no dia 14 de setembro de 2017. A vítima teve a morte cerebral decretada no dia seguinte.

Hilário Frasson, apontado como o mandante, deve ser o último a ser ouvido, de acordo com a ordem de depoimentos pré-estabelecida pelo juiz do caso, Marcos Pereira Sanchez. Essa ordem, no entanto, pode sofrer alterações, se houver solicitações de mudança por parte dos advogados de defesa.

Após o depoimento de Dionathas, quem vai falar é Bruno Broetto, acusado de fornecer o veículo que foi usado por Dionathas. Em seguida, quem vai depor são os intermediários, Valcir Dias e Hermenegildo Filho, que são apontados como as pessoas que indicaram Dionathas para os mandantes do crime. Na sequência, serão interrogados o ex-sogro de Milena, Espiridião Frasson, e o ex-marido dela, Hilário Frasson.

De acordo com um dos promotores do caso, Rodrigo Monteiro, o depoimento de Dionathas é um dos mais importantes desta fase. Por já ter confessado o crime, há a expectativa de que ele aponte toda a rede formada pelos réus durante o planejamento do feminicídio. "É um depoimento bastante importante, que deve durar cerca de cinco ou até seis horas", contou.

O advogado de Dionathas, Leonardo Souza, disse que seu cliente vai trazer novos elementos para o caso. "A situação de Dionathas é a mais cristalina neste caso. Ele quer que a Justiça seja feita e vai trazer novos elementos sobre o crime", afirmou.

Nos quatro primeiros dias do julgamento, 10 testemunhas da acusação foram ouvidas, sendo uma chamada pelo assistente de acusação e 9 pelo Ministério Público do ES.

Na quinta-feira (26), as testemunhas de defesa começaram a ser ouvidas. Inicialmente, estavam previstos os depoimentos de 19 testemunhas de defesa dos acusados, mas muitas foram dispensadas e esse total será alterado.

A previsão inicial do Tribunal de Justiça era de que o julgamento fosse concluído até sexta-feira (27), mas por conta dos atrasos no início do júri, da complexidade do caso e dos longos depoimentos das testemunhas de acusação nos primeiros dias, a análise do caso pode ser concluída somente no domingo (29) ou na segunda-feira (30).

O destino dos réus será decidido por sete jurados, sendo quatro mulheres e três homens. Quem conduz o julgamento é o juiz Marcos Pereira Sanches.

Confira abaixo como seria a participação de cada um dos acusados:

ENTENDA O CASO

A médica Milena Gottardi, 38 anos, foi baleada no dia 14 de setembro de 2017, quando encerrava um plantão no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam), em Maruípe, Vitória. Ela havia parado no estacionamento para conversar com uma amiga, quando foi atingida na cabeça.

Socorrida em estado gravíssimo, a médica teve a morte cerebral confirmada às 16h50 de 15 de setembro.

As investigações da Polícia Civil descartaram, já nos primeiros dias, o que aparentava ser um assalto seguido de morte da médica (latrocínio). Naquele momento as suspeitas já eram de um homicídio, com participação de familiares.

Ao liberar o corpo de Milena no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, o ex-policial civil Hilário Frasson teve a arma e o celular apreendidos pela polícia. Ele não foi ao velório e enterro, que aconteceram em Fundão, onde Milena nasceu.

Os dois primeiros suspeitos foram presos, no dia 16 de setembro de 2017: Dionathas Alves Vieira, que confessou ter atirado contra a médica para receber R$ 2 mil; e Bruno Rodrigues Broeto, acusado de roubar a moto usada no crime. O veículo foi apreendido em um sítio, onde foram queimadas as roupas do executor

Em 21 de setembro de 2017, o sogro de Milena, Esperidião Carlos Frasson, foi preso, suspeito de ser o mandante do crime. Também foi detido o lavrador Valcir da Silva Dias, suspeito de ser o intermediário. Na mesma data, o ex-marido Hilário Frasson foi preso. 

O último a ser detido foi Hermenegildo Palauro Filho, o Judinho, em 25 de setembro de 2017, apontado como intermediário. Ele tinha fugido para o interior de Aimorés, em Minas Gerais.

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