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Casos de abuso e exploração de crianças e adolescentes no ES sobem em 2023

Casos de abuso e exploração de crianças e adolescentes no ES sobem em 2023

Grande Vitória foi região que mais registrou denúncias; número de ocorrências de janeiro a abril já é superior ao do mesmo período de 2022

Publicado em 16 de maio de 2023 às 08:16

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Maio Laranja: Grande Vitória foi a região que mais registou denúncias de crime contra menores no ES
Maio Laranja: Grande Vitória foi a região que mais registou denúncias de crime contra menores no ES. (Freepik)
Roberta Costa
Estagiária / [email protected]

Nos últimos dias, casos de crimes contra crianças e adolescentes chocaram no Espírito Santo. No final de abril, uma menina de dois anos morreu no Hospital Infantil de Guarapari com sinais de estupro e o pai dela foi preso, considerado no principal suspeito de abusar da criança, além da mãe, suspeita de coautoria do crime. No mesmo dia, uma denúncia anônima à Polícia Civil levou à prisão de uma jovem de 18 anos em Linhares, suspeita de abusar sexualmente do filho de dois anos e ainda de gravar os estupros.

Na última quarta-feira (10), um professor de 58 anos foi preso em Vitória, durante uma operação da Polícia Federal, com imagens de exploração sexual de menores de idade em seu celular. As prisões aconteceram em pleno Maio Laranja, período em que ocorrem campanhas de conscientização e intensificação de ações que possuem como alvos os crimes sexuais cometidos contra menores. A data é marcada em 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Em razão do Maio Laranja, a reportagem de A Gazeta realizou um levantamento de ocorrências de abuso e exploração infantil registrados nos municípios do Espírito Santo. Dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) apontam para 1.806 denúncias entre janeiro e abril deste ano — março foi o mês com mais registros em 2023: 571 casos.

Neste ano, foram 79 casos a mais que o mesmo período do ano passado – foram 1.727 casos nos quatro primeiros meses de 2022. A Grande Vitória lidera o número de ocorrências registradas, sendo que o município da Serra tem o maior número de registros: 219.

Número de ocorrências em 2023:

Os dados da Sesp são referentes a boletins de ocorrência registrados pelas próprias vítimas no Sistema da Delegacia Online (Deon). Ainda conforme o levantamento, 63% das vítimas de crimes de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes são do gênero feminino. Das 1140 vítimas mulheres, 388 têm idade entre 15 e 17 anos.

Em relação ao levantamento anual, 2022 teve aumento de cerca de 33% na quantidade denúncias em relação ao ano anterior, totalizando 5.303 ocorrências – 1.335 a mais que 2021, quando houve 3.968 registros de janeiro a dezembro. Dos casos contabilizados nesses últimos anos, 54% dos crimes sexuais contra crianças e adolescentes aconteceram dentro de residências.

Dia 18 de maio e o Caso Araceli 

A lei que institui a campanha do Maio Laranja foi sancionada em agosto de 2022, quando foi estabelecido que no mês de maio de cada ano, todo o território nacional ações contra os crimes contra menores devem ser intensificadas. Anteriormente, a campanha era realizada apenas no dia 18 de maio.

A data foi definida em memória de Araceli Cabrera Sánchez Crespo, de 8 anos. O caso Araceli ficou marcado como um dos crimes mais brutais do Espírito Santo, que este ano estará completando 50 anos e ainda segue como um sinônimo de impunidade no Estado. Por conta da data, em uma nova edição do projeto "Crimes Brutais", A Gazeta lança, nesta quarta-feira (17), a websérie documental sobre o Caso Araceli – dividida em quatro episódios que vão ser apresentados para assinantes, antecipadamente, em uma sessão especial.

Araceli foi sequestrada no dia 18 de maio de 1973, após sair da escola onde estudava na época. O corpo da menina foi encontrado apenas no dia 24 de maio, atrás do Hospital Infantil, em Vitória, em estado de decomposição e com sinais de violência sexual. Durante as investigações, foi constatado que Araceli havia sido raptada, drogada, estuprada e morta.

Na época, o Ministério Público denunciou Dante de Barros Michelini, conhecido como Dantinho, Dante de Brito Michelini, pai de Dantinho, e Paulo Constanteen Helal como os autores do crime. Os três homens pertenciam a famílias influentes no Espírito Santo.

Os acusados foram julgados e condenados, mas, posteriormente, recorreram à decisão da justiça e o caso voltou a ser investigado. Após a reabertura do caso, os três homens foram absolvidos e o processo foi arquivado.

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