Pelo segundo ano consecutivo, por conta da pandemia de Covid-19, as ruas de Castelo, no Sul do Espírito Santo, não serão ocupadas pelos tapetes de Corpus Christi. A confecção das peças é uma tradição de quase 60 anos e atrai turistas de todo o Brasil, chegando a triplicar a população do município na data.
Neste ano, os tapetes não serão montados, mas a celebração não deixará de ser realizada. A programação está confirmada para o dia 3 de junho, de acordo com o organizador artístico do evento, Bruno Salvador.
"Nós decidimos não fazer os tapetes, a parte artística, porque acaba atraindo muitos turistas, muita gente. Então a organização decidiu realizar as missas, mas sem os tapetes", conta.
Segundo Bruno, os tapetes são vistos pelos fiéis como uma oração. Não poder realizá-los abalou a comunidade. "Todo mundo é apaixonado. Os moradores se prepararam durante todo o ano. O pessoal ficou sentido, mas entende que neste momento não é possível aglomerar", explicou.
A programação religiosa contará com 15 missas ao longo do dia, para evitar aglomerações dentro da Igreja Matriz Nossa Senhora da Penha, no Centro do município. Já a tradicional procissão, que arrastava milhares de pessoas por cima dos tapetes, será substituída por uma carreata que passará pelas ruas do município. A recomendação da prefeitura é que as pessoas não aglomerem durante o ato. Confira a programação abaixo:
Em 1992, a confecção dos tapetes de Castelo foi suspensa, devido a uma outra pandemia, a de cólera.
Na época, a aglomeração de pessoas era um risco e poderia aumentar a transmissão da doença, pois a cidade já recebia muitos turistas.
A festa de Corpus Christi em Castelo, para além dos tapetes e celebrações religiosas, movimenta a economia do município. No decorrer da Avenida Nossa Senhora da Penha, centenas de barracas, com os produtos mais variados, são colocadas pela prefeitura e alugadas a barraqueiros que vêm de diferentes partes do país. Veja na foto abaixo como a via fica:
Quando junho se aproxima, os moradores de Castelo já sabem: a festa de Corpus Christi está chegando. No município, a tradição de confeccionar tapetes começou em 1963, com a irmã de caridade Zuleide Pereira da Silva. Conhecida como Irmã Vicência (1928-1999), ela fez o primeiro tapete usando folhas verdes e flores, na frente da Capela de Nossa Senhora das Graças, que fica na Santa Casa da cidade.
Mas segundo a prefeitura, antes mesmo do primeiro tapete de Vicência, os castelenses já tinham o costume de erguer altares em determinados pontos da cidade. As janelas e sacadas das casas ganhavam flores, tecidos e ornamentos festivos, preparados para a passagem da procissão de Corpus Christi.
Em 1964, o então vigário da Paróquia, Frei José Oséas, apoiou um grupo que decidiu fazer os tapetes no Centro da cidade. No ano seguinte, mais ruas foram enfeitadas e percorridas em procissão. Os anos se passaram e a população começou a aderir cada vez mais ao ato religioso, chegando a virar a noite na confecção dos tapetes.
Atualmente, a celebração do Corpus Christi em Castelo é considerada uma das maiores festas religiosas do Estado. Em 2019, antes da pandemia, o município recebeu cerca de 80 mil turistas, mais que triplicando a população de aproximadamente 35 mil habitantes.
Corpus Christi é uma expressão originária do latim e, em tradução para o português, significa “Corpo de Cristo”. A celebração de comemoração ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia como fonte e centro da vida de toda a comunidade cristã. Nesse dia o Corpo de Cristo se transforma em remédio e alimento para os sentidos dos homens.
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