A pandemia do novo coronavírus mudou a realidade financeira de muitas pessoas. Muitos acabaram demitidos, outros tiveram salários reduzidos. A renda familiar foi fortemente impactada, mas nada impediu que a catadora de materiais recicláveis Fernanda Vieira Sena, de 29 anos, devolvesse ao dono uma quantia alta de dinheiro que encontrou dentro de uma lata de leite em pó.
Na última terça-feira (23), ela fazia a separação de materiais plásticos dos metais na Usina de Reciclagem de Mucuriri, cidade com pouco mais de cinco mil habitantes no extremo Norte do Espírito Santo, e encontrou a lata de leite em pó com R$ 500,00 em espécie.
"Separamos plástico de alumínio e a latinha de leite em pó é de material plástico. Então quando abri, encontrei cinco notas de R$ 100,00 e levei um susto. Até pensei que poderia ser dinheiro falso. Resolvi então guardar esse dinheiro para ver se alguém procurasse", contou a catadora, que há nove anos trabalha no local e faz parte da Associação dos Catadores de Materiais Reciclados de Mucurici, que é amparada pela Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo.
Ciente de que a quantia poderia fazer falta a quem pertencesse, Fernanda então decidiu procurar pelo dono do dinheiro. Antes, porém, checou se as notas eram verdadeiras.
"Fui em um banco para que averiguassem se não era dinheiro falso, e não era. Depois então comecei a tentar entender o que teria acontecido para esse dinheiro chegar até a usina. Como a cidade é pequena, soube que uma faxineira estava procurando um dinheiro que havia perdido. Aí fui atrás dessa história", explicou a catadora.
A busca deu certo. Fernanda descobriu que o dinheiro pertencia a um senhor que havia guardado a quantia dentro da latinha. Por pensa que a embalagem estava vazia, a faxineira Cida a jogou no lixo, indo parar na esteira e nas mãos da catadora.
Dois dias após achar a quantia, Fernanda combinou com Cida e foi até à casa onde a faxineira trabalha para devolver os R$ 500,00 na manhã desta quinta-feira (25).
"Ela estava tremendo toda, coitada. Parecia não acreditar que estava com o dinheiro de volta. Sei que está difícil para todo mundo por conta do momento que passamos, mas se eu não devolvesse, ficaria ainda pior para ela e também para o dono do dinheiro. Eu poderia até ficar com a quantia, mas não estaria sendo correta e prejudicaria alguém. Por isso procurei e fiz questão de devolver. Vivemos com pouco, mas isso não dá direito de ficar com o que não é nosso", disse a catadora.
Trabalhando há quase uma década na usina, Fernanda lembra que não é raro encontrar objetos, pertences e documentos nos descartes, mas dinheiro em quantia elevada foi a primeira vez.
"De vez em quando achamos uma conta de energia, água, um documento, porém esses são mais fáceis de localizar porque tem o nome da pessoa ou um endereço. Agora dinheiro não tem telefone de contato (risos). Deu um pouco mais de trabalho, mas fiz o certo. Se acontecer de novo, vou devolver novamente. Espero que meu exemplo sirva para as outras pessoas", contou orgulhosa do gesto nobre que fez.
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