Não será por falta de apoio que os sinos da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Guarapari, deixarão de tocar. Após o padre Diego Carvalho desabafar durante a missa do último domingo (14) sobre o processo movido contra ele devido às badaladas, fiéis se mobilizaram pelas redes sociais e prometem, literalmente, abraçar o pároco e a igreja em um ato de solidariedade e manutenção da tradição diária na Cidade Saúde.
Para esta quinta-feira (18) são esperadas dezenas de pessoas que se concentrarão na praça que fica em frente à Matriz, no Centro do município, para a manifestação simbólica. Nascida na cidade e frequentadora assídua da paróquia, a comerciante Viviani Ferreira Buery, de 45 anos, irá ao ato ao lado do marido e tem se mobilizado para que mais pessoas compareçam ao local.
"Antes de mais nada, vejo a situação como absurda porque é muita insensibilidade desta pessoa. Moro próximo, tenho comércio na região, o som do sino não é tão alto e todos já estamos acostumados. É uma tradição ouvir, e, no meu caso, funciona até como um marcador das horas, pois quando toca pela última vez, às 18h, indica que é o momento de fechar minha loja. Tem esse simbolismo, além da importância religiosa", contou ela, que acompanhava a missa transmitida pela TV local, quando o padre informou sobre o processo - o caso está com o Ministério Público Estadual, segundo a Arquidiocese de Vitória.
A manifestação foi impulsionada por meio da #EuSouAFavorDosSinos e sensibilizou também protestantes e pessoas de outras religiões. Pelas redes sociais, o pastor Antônio Silva, de 42 anos e membro da Primeira Igreja Batista de Guarapari, mostrou-se solidário ao padre Diego e explicou que a tentativa de silenciar os sinos vai muito além do catolicismo e à Paróquia Nossa Senhora da Conceição.
"Segue aqui uma palavra de solidariedade ao padre Diego Carvalho, pois estão querendo parar o sino da igreja católica. Eu quero convocar os nossos amados irmãos em Cristo Jesus para a #OSinoNaoPodeParar, sabem por quê? Hoje eles querem parar o sino, depois as nossas celebrações, ainda que nossa Constituição diga que temos o direito à liberdade religiosa. O sino nada mais é do que um símbolo importante para nossos queridos irmãos católicos", disse o pastor.
O morador de Guarapari que fez a denúncia ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES) não quis se identificar ou gravar entrevista, mas, em conversa com a reportagem da TV Gazeta, explicou que a reclamação feita por ele não é diretamente direcionada à igreja ou ao padre Diego Carvalho, mas à Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Segundo o morador, o que ele quer saber é como está sendo feita a fiscalização com relação à poluição sonora em Guarapari. Ele questiona se a secretaria está, de fato, autuando ou ao menos identificando quem produz ruídos de forma exagerada na cidade.
Em nota enviada na tarde desta quarta-feira (17), a Prefeitura de Guarapari informou que o denunciante, antes de procurar o MPES, esteve na Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agricultura (Semag) e "foi orientado de que não havia impedimento do funcionamento do sino na legislação municipal, uma vez que se trata de uma manifestação religiosa".
De acordo com a administração municipal, ainda assim o morador procurou o Ministério Público do Espírito Santo para fazer a denúncia. "Vale ressaltar que em momento algum o reclamante manifestou insatisfação com o serviço prestado pelo município. Guarapari possui o serviço de disque-silêncio que funciona 24h. Quem observar alguma irregularidade, deve ligar para o número (27) 99905-6397", afirmou a prefeitura.
Após a publicação desta matéria, a reportagem da TV Gazeta conversou com o morador que fez a denúncia ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES), e a Prefeitura de Guarapari se posicionou sobre o assunto. O texto foi atualizado. O pastor Antônio Silva é membro da Primeira Igreja Batista de Guarapari. A informação foi corrigida e o texto atualizado.
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