> >
Católicos e protestantes se unem em defesa dos sinos da igreja de Guarapari

Católicos e protestantes se unem em defesa dos sinos da igreja de Guarapari

Depois que o padre Diego Carvalho tornou público o processo movido contra ele devido ao barulho dos sinos da paróquia, fiéis de diferentes religiões se mobilizam para um ato simbólico nesta quinta-feira (18) em frente à igreja

Publicado em 17 de novembro de 2021 às 11:15

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura
Guarapari
O som dos sinos da igreja Matriz de Guarapari foi parar na Justiça. (Divulgação)

Não será por falta de apoio que os sinos da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Guarapari, deixarão de tocar. Após o padre Diego Carvalho desabafar durante a missa do último domingo (14) sobre o processo movido contra ele devido às badaladas, fiéis se mobilizaram pelas redes sociais e prometem, literalmente, abraçar o pároco e a igreja em um ato de solidariedade e manutenção da tradição diária na Cidade Saúde.

Para esta quinta-feira (18) são esperadas dezenas de pessoas que se concentrarão na praça que fica em frente à Matriz, no Centro do município, para a manifestação simbólica. Nascida na cidade e frequentadora assídua da paróquia, a comerciante Viviani Ferreira Buery, de 45 anos, irá ao ato ao lado do marido e tem se mobilizado para que mais pessoas compareçam ao local.

Guarapari
Viviani e o Marido Bosco Buery irão ao ato em solidariedade ao padre Diego carvalho e aos sinos da Matriz de Guarapari. (Arquivo pessoal)

"Antes de mais nada, vejo a situação como absurda porque é muita insensibilidade desta pessoa. Moro próximo, tenho comércio na região, o som do sino não é tão alto e todos já estamos acostumados. É uma tradição ouvir, e, no meu caso, funciona até como um marcador das horas, pois quando toca pela última vez, às 18h, indica que é o momento de fechar minha loja. Tem esse simbolismo, além da importância religiosa", contou ela, que acompanhava a missa transmitida pela TV local, quando o padre informou sobre o processo - o caso está com o Ministério Público Estadual, segundo a Arquidiocese de Vitória.

APOIO DE OUTRAS RELIGIÕES

A manifestação foi impulsionada por meio da #EuSouAFavorDosSinos e sensibilizou também protestantes e pessoas de outras religiões. Pelas redes sociais, o pastor Antônio Silva, de 42 anos e membro da Primeira Igreja Batista de Guarapari, mostrou-se solidário ao padre Diego e explicou que a tentativa de silenciar os sinos vai muito além do catolicismo e à Paróquia Nossa Senhora da Conceição.

Guarapari
O pastor Antônio Silva, membro da Primeira Igreja Batista de Guarapari, mostrou-se solidário e pediu apoio ao padre Diego Carvalho. (Arquivo pessoal)

"Segue aqui uma palavra de solidariedade ao padre Diego Carvalho, pois estão querendo parar o sino da igreja católica. Eu quero convocar os nossos amados irmãos em Cristo Jesus para a #OSinoNaoPodeParar, sabem por quê? Hoje eles querem parar o sino, depois as nossas celebrações, ainda que nossa Constituição diga que temos o direito à liberdade religiosa. O sino nada mais é do que um símbolo importante para nossos queridos irmãos católicos", disse o pastor. 

O OUTRO LADO

O morador de Guarapari que fez a denúncia ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES) não quis se identificar ou gravar entrevista, mas, em conversa com a reportagem da TV Gazeta, explicou que a reclamação feita por ele não é diretamente direcionada à igreja ou ao padre Diego Carvalho, mas à Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Segundo o morador, o que ele quer saber é como está sendo feita a fiscalização com relação à poluição sonora em Guarapari. Ele questiona se a secretaria está, de fato, autuando ou ao menos identificando quem produz ruídos de forma exagerada na cidade.

O QUE DIZ  A PREFEITURA

Em nota enviada na tarde desta quarta-feira (17), a Prefeitura de Guarapari informou que o denunciante, antes de procurar o MPES, esteve na Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agricultura (Semag) e "foi orientado de que não havia impedimento do funcionamento do sino na legislação municipal, uma vez que se trata de uma manifestação religiosa".

De acordo com a administração municipal, ainda assim o morador procurou o Ministério Público do Espírito Santo para fazer a denúncia. "Vale ressaltar que em momento algum o reclamante manifestou insatisfação com o serviço prestado pelo município. Guarapari possui o serviço de disque-silêncio que funciona 24h. Quem observar alguma irregularidade, deve ligar para o número (27) 99905-6397", afirmou a prefeitura.

Errata Atualização
17 de novembro de 2021 às 17:22

Após a publicação desta matéria, a reportagem da TV Gazeta conversou com o morador que fez a denúncia ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES), e a Prefeitura de Guarapari se posicionou sobre o assunto. O texto foi atualizado. O pastor Antônio Silva é membro da Primeira Igreja Batista de Guarapari. A informação foi corrigida e o texto atualizado. 

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais