O primeiro resultado do Censo 2022 mostrou que, dos 78 municípios do Espírito Santo, a Serra foi o que mais ganhou novos moradores em 12 anos. A cidade recebeu 103.319 habitantes, passando de 417.330, em 2010, para 520.649, em 2022 – um aumento de 24,8%.
E os números da Serra não ficam em evidência só no Espírito Santo. O município também se sobressai no Brasil, sendo o 12º a ganhar mais moradores em valores absolutos, de 2010 a 2022. Na lista de 12 cidades que tiveram maior aumento de população, oito são capitais. Entre elas, estão Manaus (AM), Brasília (DF), Goiânia (GO) e Florianópolis (SC). Já a Serra aparece em destaque ao lado de cidades como Sorocaba (SP), Parauapebas (PA) e Uberlândia (MG).
No Espírito Santo, o crescimento da Serra chegou a ser o dobro da cidade que ficou na segunda colocação em aumento no número absoluto de habitantes. Vila Velha ganhou 53.136 habitantes, passando de 414.586 para 467.722 – um aumento de 12,8%.
Serra e Vila Velha foram destaque em crescimento na Grande Vitória, enquanto Vitória e Cariacica ficaram na estabilidade. Ao comparar com a pesquisa feita em 2010, a Capital cresceu 1% em população. Naquele ano, a cidade tinha 319.738 moradores. Em 2022, o número passou para 322.869, um aumento de 3.131 habitantes.
Entre os fatores que explicam o intenso crescimento da Serra, que foi a primeira cidade do Estado a alcançar meio milhão de habitantes, está o dinamismo econômico. Segundo Giovanilton Ferreira, professor do Mestrado de Arquitetura e Cidade da UVV, o município é o grande polo industrial do Estado.
Para o professor, a Serra concentra a força econômica ligada à indústria e isso é um elemento de atração de novos moradores. "Comparativamente, o custo da terra e habitação em Vila Velha e Vitória tende a ser mais caro do que na Serra. Por isso, acaba sendo uma opção de moradia bem localizada, por estar na Grande Vitória, mas com custo mais baixo", detalha.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) reforçam a posição da Serra de crescimento em relação ao Estado. A cidade foi a que mais criou novos empregos no mês de maio, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (29), com saldo de 1.857 empregos. Ao considerar todo o ano de 2023, também foi a líder no Espírito Santo, com saldo de 4.396 novos postos de trabalho.
Além disso, o professor lembra que, no início da década de 2010, houve grande número de lançamentos de condomínios habitacionais no município, com o programa Minha Casa Minha Vida. Portanto, o Censo 2022 já contabiliza o resultado desses empreendimentos.
Giovanilton avalia que o município também avançou na infraestrutura, o que dinamiza e atrai mais negócios e pessoas. Ele destaca que as condições viárias da Serra são mais estruturadas do que de Vila Velha, bem como registra menos alagamentos.
Já o diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira, destaca que a cidade tem plano diretor que prevê a expansão de empreendimentos imobiliários inclusive nos modelos de condomínios de luxo, como Alphaville e Boulevard Lagoa. O que faz com que moradores de Vitória e Vila Velha migrem para esses locais.
"Além disso, a Serra é dinâmica, com grandes pontos de comércio e polos geradores de tráfego, como shoppings centers e até um a céu aberto, que é a Avenida Central, de Laranjeiras", destaca.
Lira cita ainda outro fator que pode ter contribuído em parte para o aumento da população na Serra: a mudança em regulamentação de área pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com relação a Vitória. Algumas regiões do Bairro de Fátima e de Manoel Plaza, que, antes do início da década de 2010 constavam como sendo parte da Capital, passaram a integrar o município serrano.
O prefeito da Serra, Sérgio Vidigal, que está no seu quarto mandato à frente da cidade, comenta que, na década de 1970, a Serra tinha 17 mil habitantes, quando o Brasil tinha 90 milhões. Agora são mais de 500 mil habitantes, enquanto o país tem 203 milhões.
Questionado sobre qual motivo tem levado tanta gente para a Serra, o prefeito destaca que, entre os fatores, está a extensão territorial, com um modelo de relevo favorável a receber muitos conjuntos habitacionais, além de o metro quadrado de Vitória ser muito caro.
Vidigal também elenca que o início do crescimento da cidade começou na década de 1970 junto com o êxodo rural, ao mesmo tempo que a Serra passou a ser o maior polo industrial, tendo a planta da atual ArcelorMittal Tubarão, na época CST, atraído muitos moradores.
"A Serra tem um fator imbatível que é a sua infraestrutura. Tirando o problema da BR 101, que vai acabar em dezembro, dentro da cidade tem uma estrutura boa, com vias largas e de fácil acesso. Creio que todos esses fatores contribuíram muito. Hoje, na Serra, dá para fazer tudo: trabalhar, estudar, ter lazer, morar. Isso tudo contribui para o crescimento populacional. E vamos continuar crescendo mais do que a média nacional, pelo menos nos próximos 10 anos", frisa.
Entre os desafios para os próximos anos está a maior dependência da população da cidade do setor público em comparação com Vitória, por exemplo. O prefeito exemplifica que, enquanto em Vitória 61% da população tem plano de saúde, na Serra esse número não chega a 20%. Assim, com o crescimento da população, vêm também mais impactos na educação, saúde e assistência. Vidigal também ressalta que, como a cidade é mais horizontalizada, tem custo de manutenção muito alto, com 1.118 km de vias asfaltadas.
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