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Censo 2022: Vitória ganhou quase mesmo número de moradores que Ibatiba

Censo 2022: Vitória ganhou quase mesmo número de moradores que Ibatiba

O aumento de 3.131 habitantes em 12 anos na Capital foi semelhante ao de cidades do interior, que também ficaram na faixa de 3 mil novos moradores

Publicado em 30 de junho de 2023 às 11:55

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12/12/2019 - Vitória - ES - Mercado imobiliário - Vista aérea de prédios de Vitória - Praia de Santa Helena
Vista aérea de prédios de Vitória, na Praia de Santa Helena. (Luciney Araújo)

O número de moradores em Vitória se manteve estável em 12 anos, como aponta o Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao comparar com a pesquisa feita em 2010, a Capital cresceu 1% em população, passando de 319.738 moradores para 322.869, leve alta de 3.131 habitantes.

O avanço em números absolutos é semelhante ao de cidades pequenas, como Ibatiba, Nova Venécia e Marechal Floriano, que tiveram acréscimo também na faixa dos 3 mil moradores.

Ibatiba recebeu 3.014 moradores no período, o que representa um crescimento de 13,5%. Nova Venécia contabilizou 3.034 novos habitantes, um acréscimo de 6,6%, e Marechal registrou mais 3.379 moradores, o maior crescimento percentual entre os citados: 23,7%.

Censo 2022: Vitória ganhou quase mesmo número de moradores que Ibatiba

O crescimento de apenas 1% em Vitória ainda é superior ao de grandes capitais do país, já que oito delas registraram retração no número de moradores, com destaque para Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.

Mas o que explica esse aumento de apenas 3 mil pessoas em Vitória? Para o superintendente do IBGE no Espírito Santo, Max Athayde, o resultado é semelhante ao de outras capitais, onde a dinâmica também foi estagnação ou redução de população e crescimento nas cidades no entorno.

"Em Vitória, a situação é mais marcante ainda, pois temos problema de restrição de território, sendo que empreendimentos imobiliários em municípios vizinhos acabam levando a população para esses locais, como Serra e Vila Velha", destaca.

De fato, Serra e Vila Velha foram os municípios que mais cresceram no período analisado pela atual edição do Censo. Serra ganhou mais 103 mil moradores e Vila Velha, 53 mil. 

O professor e demógrafo Ednelson Mariano Dota, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), destacou também que o principal motivo para a estabilidade de Vitória é a falta de espaço para crescer, com a ocupação imobiliária chegando ao limite na cidade.

"Quando não se tem mais espaço, ocorre a elitização do lugar. Isso acontece ao longo do tempo quando vai se observando o resultado das trocas migratórias. Com isso, Vitória perde uma população jovem e de menor renda e ganha moradores mais envelhecidos e com renda média mais elevada. E o espaço mais elitizado aumenta o custo de vida da população", explica.

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Se olharmos para outras regiões metropolitanas maduras, vamos perceber que a sede perde população para o entorno. Quando se é jovem, em geral, a renda média é mais baixa, então há um deslocamento para áreas que ainda serão valorizadas

Ednelson Mariano Dota
Professor da Ufes e demógrafo
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O professor de Arquitetura e Urbanismo da Ufes Kleber Frizzera alerta sobre outro problema que vem com o encarecimento da cidade e consequente migração de jovens de classe média e das classes mais baixas para as cidades vizinhas: a baixíssima taxa de natalidade, o que vai deixando a cidade envelhecida.

Segundo Frizzera, essa situação acaba resultando também na redução das ofertas de emprego na Capital, como tem mostrado os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) nos últimos anos. Para exemplificar, os dados divulgados nesta quinta-feira (29) apontam que a Capital teve saldo de  1.080 empregos, número menor do que cidades como Serra (1.857) e até do interior, como Sooretama (1.842) e Jaguaré (1.109).

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Um dos desafios é manter o jovem na cidade. Para isso, tem que investir em moradia, pode ser no Centro, ou criar programas de moradia para fixar esse público em Vitória

Kleber Frizzera
Professor da Ufes de Arquitetura e Urbanismo
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Outro fator apontado por ele é que a cidade também conta com muitos imóveis vazios, pelo fato do bem ter virado reserva de valor, quando a pessoa compra e não ocupa nem aluga. Frizzera elenca ainda que o desafio é melhorar a mobilidade com mudança no transporte coletivo, pois em Vitória aumentou o número de carros e diminuiu o número de passageiros do Transcol.

"Mostrou-se a necessidade de criar um modelo que é de sucesso em todo lugar do mundo, de governança metropolitana com gestão de transporte e infraestrutura. É preciso aproveitar o último suspiro dos jovens em Vitória para dar impulso de desenvolvimento", afirma.

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