O número de moradores em Vitória se manteve estável em 12 anos, como aponta o Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao comparar com a pesquisa feita em 2010, a Capital cresceu 1% em população, passando de 319.738 moradores para 322.869, leve alta de 3.131 habitantes.
O avanço em números absolutos é semelhante ao de cidades pequenas, como Ibatiba, Nova Venécia e Marechal Floriano, que tiveram acréscimo também na faixa dos 3 mil moradores.
Ibatiba recebeu 3.014 moradores no período, o que representa um crescimento de 13,5%. Nova Venécia contabilizou 3.034 novos habitantes, um acréscimo de 6,6%, e Marechal registrou mais 3.379 moradores, o maior crescimento percentual entre os citados: 23,7%.
O crescimento de apenas 1% em Vitória ainda é superior ao de grandes capitais do país, já que oito delas registraram retração no número de moradores, com destaque para Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.
Mas o que explica esse aumento de apenas 3 mil pessoas em Vitória? Para o superintendente do IBGE no Espírito Santo, Max Athayde, o resultado é semelhante ao de outras capitais, onde a dinâmica também foi estagnação ou redução de população e crescimento nas cidades no entorno.
"Em Vitória, a situação é mais marcante ainda, pois temos problema de restrição de território, sendo que empreendimentos imobiliários em municípios vizinhos acabam levando a população para esses locais, como Serra e Vila Velha", destaca.
De fato, Serra e Vila Velha foram os municípios que mais cresceram no período analisado pela atual edição do Censo. Serra ganhou mais 103 mil moradores e Vila Velha, 53 mil.
O professor e demógrafo Ednelson Mariano Dota, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), destacou também que o principal motivo para a estabilidade de Vitória é a falta de espaço para crescer, com a ocupação imobiliária chegando ao limite na cidade.
"Quando não se tem mais espaço, ocorre a elitização do lugar. Isso acontece ao longo do tempo quando vai se observando o resultado das trocas migratórias. Com isso, Vitória perde uma população jovem e de menor renda e ganha moradores mais envelhecidos e com renda média mais elevada. E o espaço mais elitizado aumenta o custo de vida da população", explica.
O professor de Arquitetura e Urbanismo da Ufes Kleber Frizzera alerta sobre outro problema que vem com o encarecimento da cidade e consequente migração de jovens de classe média e das classes mais baixas para as cidades vizinhas: a baixíssima taxa de natalidade, o que vai deixando a cidade envelhecida.
Segundo Frizzera, essa situação acaba resultando também na redução das ofertas de emprego na Capital, como tem mostrado os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) nos últimos anos. Para exemplificar, os dados divulgados nesta quinta-feira (29) apontam que a Capital teve saldo de 1.080 empregos, número menor do que cidades como Serra (1.857) e até do interior, como Sooretama (1.842) e Jaguaré (1.109).
Outro fator apontado por ele é que a cidade também conta com muitos imóveis vazios, pelo fato do bem ter virado reserva de valor, quando a pessoa compra e não ocupa nem aluga. Frizzera elenca ainda que o desafio é melhorar a mobilidade com mudança no transporte coletivo, pois em Vitória aumentou o número de carros e diminuiu o número de passageiros do Transcol.
"Mostrou-se a necessidade de criar um modelo que é de sucesso em todo lugar do mundo, de governança metropolitana com gestão de transporte e infraestrutura. É preciso aproveitar o último suspiro dos jovens em Vitória para dar impulso de desenvolvimento", afirma.
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