O Centro de Pesquisa Clínica do Hospital Santa Rita de Cássia, em Vitória, participa, desde o último dia 20, de um estudo em âmbito mundial que avalia a eficácia de um novo tratamento para tumores de cabeça e pescoço em estágio avançado do câncer, que pode mudar a conduta médica em todo o mundo. O centro foi o primeiro do Brasil a incluir um paciente na pesquisa "Induce 3", do laboratório britânico Glaxo SmithKline (GSK).
O médico oncologista clínico Gláucio Bertollo, responsável pelo centro de pesquisa, informou que o estudo envolve a administração de medicamentos imunoterápicos, os quais estimulam o sistema imunológico a agir contra o tumor, promovendo aceleração neste sistema para reconhecer o câncer como células que não pertencem ao paciente. "Então ele destrói a célula do câncer, ao reconhecê-la como ser estranho, e tenta destruir o tumor", explicou.
Com efeito satisfatório em testes iniciais, a pesquisa está, neste momento, na fase 2, de comprovação da eficácia no tratamento clínico. A nova droga e o acompanhamento médico estão sendo feitos no próprio Hospital Santa Rita.
De acordo com o especialista, o estudo realiza a comparação entre o melhor tratamento que existe hoje com algum que pode vir a ser ainda melhor, no caso, o medicamento que vem sendo testado. "Alguns estudos levados desta forma terão resultados positivos e outros não, o que faz com que seja mantido o tratamento de antes. Todos eles são primeiramente aprovados pelo comitê de ética em pesquisa. Esse estudo de agora foi aprovado há cerca de um mês e semana passada conseguimos colocar um paciente em tratamento de câncer de cabeça e pescoço, em fase mais avançada", esclareceu.
Para desenvolvimento da pesquisa, Bertollo esclarece que é feita associação do novo medicamento imunoterápico para saber se a combinação dos dois (medicamento padrão e medicamento novo) resulta em maior eficácia. "É um estudo de comparação. Um grupo usa o padrão e o outro grupo usa o que já vem sendo utilizado hoje em dia mais a nova medicação. O método é randômico duplo cego, em que nem eu sei quem está fazendo uso do medicamento, nem o paciente sabe que está usando a medicação nova, para evitar algum viés ideológico. No final, os coordenadores mundiais do estudo, que sabem de tudo, avaliam a eficácia", afirmou.
Para os pacientes que preencherem o termo de consentimento, aceitando fazer parte do estudo, cabe o preenchimento de mais de 15 critérios de inclusão. "Além dos critérios inclusivos, eles não podem ter mais de 30 critérios de exclusão. Já avaliamos mais dois pacientes, que não puderam entrar. Um deles, por exemplo, tinha um tumor com risco de sangramento", informou.
Todos os pacientes são voluntários e, além do benefício à ciência, estão sendo tratados com os melhores e mais avançados medicamentos contra o câncer. Até o momento, segundo o médico, o país que mais colocou pacientes neste estudo foi o Canadá e o Hospital Santa Rita foi o primeiro no Brasil. "A grande vantagem é que, como essa imunoterapia não é oferecida pelo SUS, essa é uma forma do paciente ter contato com isso, ter acesso às mais recentes terapias", definiu.
Além deste, dois outros estudos globais com novas medicações oncológicas para tratamento de câncer de fígado estão sendo conduzidos pelo próprio Centro de Pesquisa Clínica do Santa Rita.
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