Em quatro anos, o Espírito Santo saiu do 11° lugar na média da redação do Enem — entre alunos da rede pública — para as primeiras colocações em 2022 e 2023. A elevação da nota no período contou com a ajuda de uma ferramenta baseada em inteligência artificial, que tem papel de corrigir de forma mais rápida os textos e ainda mostra os pontos para o aluno melhorar o desempenho.
De acordo com a Secretaria do Estado da Educação (Sedu), a Plataforma de Correção de Texto Letrus, utilizada pelo órgão, contribuiu, no Enem do ano passado, para um considerável número de redações com nota a partir de 800, chegando, ainda, à conquista da nota 1.000.
Em 2020, por exemplo, alunos da rede pública atingiram média de 540 pontos. Em 2022, ficou em primeiro lugar no país, com 569,5 pontos e, no ano passado, atingiu 604 pontos, empatado com Sergipe. Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inpe), responsável pelo exame, e apontam o comportamento das médias das notas da redação de estudantes da rede pública dos Estados do país.
A ferramenta começou sendo utilizada entre 2019 e 2020 em 70 escolas da 3ª série do ensino médio do Espírito Santo, conforme explicou a gerente de Ensino Médio da Sedu, Endy Albuquerque.
No início de julho deste ano, passou a atender a 2ª série e, em agosto, estará disponível também para os alunos da 1ª série, passando a atender a todos os mais de 100 mil alunos do ensino médio da rede estadual. E também alcança outros Estados, estando presente em Mato Grosso, Goiás e Ceará.
Endy Albuquerque detalha que a plataforma pode ser acessada pelo celular, computador e pelo chromebook e corrige as redações de forma instantânea, a partir das cinco competência do Enem, dando uma nota e apresentando observações em gráfico do quanto o aluno alcançou em cada competência, como, por exemplo, se há muitas palavras repetidas ou se falta coerência.
"O professor e o aluno têm acesso às correções. A inteligência artificial ajuda na rotina do professor, que, em vez que gastar tempo corrigindo as redações, ele pode investir na proposta de correção e nas competências que precisam ser melhoradas como um todo na sala de aula", afirma.
Depois de alguns meses utilizando a ferramenta, Gabriel Nass, de 17 anos, saiu de nota 800 até conquistar os 1 mil pontos na redação na correção da plataforma, considerada uma conquista pelo estudante da 3ª série do Ensino Médio da Escola Antonio dos Santos Neves, em Boa Esperança, no Noroeste capixaba.
"A professora passou os primeiros temas e fui fazendo os textos e aplicando na plataforma, que apontava os meus pontos fortes e fracos. Em três meses estudando também pelo YouTube, consegui subir minha pontuação. Gostei da plataforma porque nem sempre vai ter professor para corrigir a redação ou pode demorar a corrigir. Um ponto positivo é que a IA é imparcial", pontua.
Segundo Luis Junqueira, professor e cofundador da Letrus, o programa ajuda a melhorar o resultado por permitir um mapeamento e diagnóstico efetivo, rápido e personalizado dos desvios ortográficos e gramaticais de cada aluno, da formalidade e informalidade que ele coloca no texto e a maneira como estabelece as conexões entre as ideias, por exemplo, permitindo um direcionamento claro por parte do professor.
"A ferramenta é utilizada dentro de sala de aula. O professor escolhe um dos temas de redação disponíveis na plataforma e, em seguida, os alunos digitam seus textos dentro dela. Ao finalizar a atividade, o estudante recebe a nota, assim como os comentários e as ponderações da sua redação instantaneamente. O professor tem acesso a todos os resultados, estatísticas e gráficos sobre o desempenho da sala e dos alunos, individualmente e em tempo real, podendo utilizar essas informações para auxiliá-los e também na preparação e desenvolvimento das aulas", detalha.
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