Diante da cheia do Rio Doce, cujo nível não parou de subir nos últimos dias, o helicóptero do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer) precisou ser acionado para dar apoio à Defesa Civil de Linhares e resgatar famílias que estavam ilhadas na tarde desta quinta-feira (13). O pedido de resgate foi feito por parte do Corpo de Bombeiros.
Ao todo, estão sendo resgatadas cerca de 30 pessoas das comunidades de Jataipeba, Povoação e Agrovilla, que é uma região que fica em Pontal do Ipiranga. São 11 famílias, entre elas, estão 5 gestantes, e várias crianças. Segundo o Notaer, esses moradores estavam sem mantimentos e necessitavam ser retirados do local com urgência.
O resgate começou em Jataipeba. As imagens aéreas mostram como está a região. Depois disso, a equipe foi para a Agrovilla. Pelas imagens também é possível ver os moradores sendo retirados de suas casas.
No interior do município, várias regiões não têm nenhum acesso por via terrestre devido à enchente. É o caso do distrito de Povoação e das comunidades de Entre Rios, Brejo Grande e Areal. Nestas duas últimas, as estradas estão completamente alagadas e as pastagens foram cobertas pela água.
Morador de Entre Rios, o agricultor Vilson Fernandes contou que a água do Rio Doce chegou a atingir 1,60 m de altura dentro da própria casa. Segundo ele, há cerca de 30 residências alagadas na região, e os moradores já começam a sofrer com a falta de mantimentos e o desabastecimento de água.
"Eu consegui levar tudo que tinha para o segundo andar. Como tenho outra casa em Regência, fui para lá com a minha família, mas existem muitas pessoas que não têm para onde ir. Os moradores estão usando a água que ainda tem na caixa, mas a comida está acabando e precisamos de ajuda", desabafou.
Rosival Santos é trabalhador rural e mora na comunidade de Agrovilla. Ele e a família foram resgatados pelo helicóptero. Eles são de Santa Luzia, na Bahia e acabaram de se mudar, ficaram surpresos com a cheia do Rio Doce. “A gente não sabia que a região alagava, foi uma surpresa pra gente. Está tudo alagado. É uma tristeza né, tudo cheio de água, alagado e não poder fazer nada”, afirmou o homem.
Raiane dos Santos Nascimento, que também é da Agrovilla foi levada para a base do Corpo de Bombeiros, que foi instalado no aeroporto de Linhares. Para ela, o momento é de muita tristeza, viu quase tudo que tinha sendo levado pela água. “A gente salva a nossa vida, difícil depois, é para conseguir ter as coisas de novo”, desabafa a moradora.
Em entrevista à TV Gazeta Norte, o ajudante geral Marco Antônio Cruz contou que vive situação semelhante. Morador de Povoação, ele tem três filhos pequenos e comentou que as duas estradas que dão acesso à comunidade foram tomadas pela água e que até as casas na região central estão alagadas.
Também morador do distrito, Braz Alves disse que alguns moradores até conseguiram ir para o perímetro urbano de Linhares nesta quarta-feira (12), com um ônibus. No entanto, nesta quinta-feira (13), o trajeto, mesmo com um veículo alto, já não era possível de ser feito.
De acordo com informações da Defesa Civil municipal, o Rio Doce chegou a atingir 5,80 metros nesta manhã. Horas depois, uma ligeira baixa começou a ser notada. Ainda assim, vale lembrar que o nível está a mais de dois metros acima da cota de inundação, que é de 3,45 metros.
De acordo com a Defesa Civil de Linhares, o helicóptero busca as famílias nas regiões afetadas pela cheia do Rio Doce e aterrissado no aeroporto da cidade. De lá, os moradores das regiões ribeirinhas são levados por um veículo da prefeitura até os abrigos da cidade, o ginásio do bairro Conceição e para um novo abrigo que foi montado no ginásio do bairro Araça.
Segundo a Defesa Civil, o nível do Rio Doce na manhã desta quinta-feira (13) chegou a 5 metros e 80 centímetros. Durante à tarde foi para 5 metros e 78 centímetros. A expectativa é de que haja uma redução do nível de água, de 10 a 15 centímetros de quinta-feira (13) para sexta-feira (14).
Com informações de Erika Carvalho, da TV Gazeta Norte
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