A cidade de Águia Branca, com cerca de 10 mil habitantes no Noroeste do Espírito Santo, vive uma explosão nos números de Covid-19. O índice de casos confirmados registrados em março se aproxima do dobro do mês anterior. Já o número de mortes em março é maior que a soma de todos os óbitos ocorridos pelo novo coronavírus nos meses anteriores desde a chegada da pandemia ao município em 2020.
Em março foram confirmados em Águia Branca 517 casos positivos para a Covid-19. Em fevereiro, 294 pessoas receberam diagnóstico positivo para a doença. Em janeiro, foram 187 casos.
De acordo com o Painel Covid-19, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o primeiro caso registrado na cidade foi em janeiro de 2020. Já as primeiras mortes pela doença foram confirmadas em maio do ano passado.
De acordo com dados do Painel Covid, o número de óbitos por conta da Covid-19 registrados em março em Águia Branca é de 25. Somando as mortes pela doença de todos os meses anteriores, o número é de 15.
Com esses índices, Águia Branca se destaca na lista de municípios com a maior mortalidade por Covid-19 a cada 10 mil habitantes no Estado, de acordo com dados de até o dia 31 de março. A taxa do município do Noroeste capixaba é de 38,42 óbitos/10 mil habitantes, mais que o dobro do índice estadual - que estava em 18,45 mortos pela doença a cada 10 mil habitantes até o dia 31 de março -, como mostrou reportagem de A Gazeta publicada na última segunda-feira (5).
O cálculo da taxa considera o número de mortes pela doença e os habitantes de cada cidade, o que ajuda a avaliar o impacto destes óbitos em relação à população local. Foram utilizadas as informações do Painel Covid-19, ferramenta da Sesa que reúne as estatísticas estaduais relativas à doença.
Confira no veja também abaixo a lista completa com as taxas de mortalidade dos municípios.
Segundo o secretário de Saúde do município, Marlos Anizesky Bergami, o crescimento nos índices se dá por diversos fatores. "Não dá para apontar um culpado. É um somatório. O relaxamento da população no fim de ano e período de carnaval, o relaxamento das medidas restritivas, as aglomerações e a presença da variante. A conta chegou", avalia.
Bergami afirma que desde o fim de fevereiro, o município começou a sentir uma pressão maior no sistema de saúde. "Chegamos a 40 atendimentos por dia, confirmando 15 desses casos como positivos. Às vezes, tínhamos aqui o paciente dentro da ambulância por uma hora aguardando atendimento. Hoje já diminuiu um pouco", afirma.
Segundo o secretário, os índices mostraram que a população mais jovem passou a figurar entre as vidas perdidas. "Nós tivemos dois óbitos de pessoas na faixa dos 40, algo fora do padrão. Geralmente, os vitimados são mais idosos", destaca.
Para tentar conter um colapso, Bergami afirma que o município decretou medidas mais restritivas que as impostas pelo Estado na quarentena e para os municípios em risco extremo e alto. "Com o lockdown geral e a antecipação dos feriados, conseguimos abaixar um pouco os índices. Hoje já estamos confirmando menos casos e atendendo menos pessoas", diz.
Segundo dados do Painel Covid-19, Águia Branca registrou 1.720 casos confirmados da doença, 1.464 casos curados e 42 óbitos. A taxa de letalidade no município é de 2,4%, acima da taxa estadual que está em 2,0%.
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