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Cinco cidades do ES não tiveram nenhuma morte por coronavírus

Cinco cidades do ES não tiveram nenhuma morte por coronavírus

Embora todas tenham menos de 20 mil habitantes, elas não são as menores do Estado e nem as que têm menos casos confirmados da Covid-19; entenda

Publicado em 28 de julho de 2020 às 20:23

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Vitória - ES - Pichação sobre o coronavírus em tapume na Praia de Camburi.
Cinco municípios do Espírito Santo ainda não perderam ninguém para o novo coronavírus. (Vitor Jubini)

Espírito Santo já tem mais de 2.400 mortes causadas pelo novo coronavírus, mas cinco cidades não perderam ninguém para a pandemia até esta terça-feira (28). É o caso de Divino de São Lourenço e Iconha, no Sul; de Vila Pavão e Governador Lindenberg, na Região Noroeste; e de Brejetuba, na parte Serrana.

Embora todas tenham menos de 20 mil habitantes, elas não são as menores do Estado e nem as que têm menos casos confirmados da Covid-19. Então, o que explica essa ausência de óbitos nesses municípios, depois de cinco meses do primeiro diagnóstico positivo em território capixaba?

Doutora em epidemiologia, a professora Ethel Maciel afirmou que não é possível indicar quais as razões exatas para essa realidade e que ainda é cedo para tirar uma conclusão. Apesar disso, ela garantiu que esse é um ótimo indicador e essas cidades podem se tornar alvo de estudos no futuro.

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São apenas hipóteses, mas pode ser a proporção de pessoas idosas e com alguma comorbidade na população. Pode ser que essas cidades tenham muitos moradores que vivem em propriedades rurais e que eles se mobilizem menos

Ethel Maciel
Pós-doutora em epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)
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Realizado com base nos dados divulgados nesta terça-feira (28) pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), um levantamento de A Gazeta revelou que, em Iconha e Vila Pavão, mais de um terço dos casos oficiais atingiram pessoas que integram o grupo de risco da doença.

No que tange ao índice de isolamento social, as informações divulgadas pelo Governo Estadual mostram que a maior parte da população dessas cidades ficou em casa durante essa segunda-feira (26). O nível mais alto foi o alcançado por Divino de São Lourenço (62%) e o menor, por Iconha (51%).

Crianças de máscara olhando pela janela de casa: quarentena
Maior parte dos casos confirmados nessas cidades não aconteceram em pessoas do grupo de risco da Covid-19. (L.Julia/Shutterstock)

Os fatores ligados à dinâmica social também foram as razões apontadas como as prováveis causas de zero morte nesses municípios pelo infectologista Lauro Ferreira Pinto. Assim como a chegada mais fraca da pandemia e ao fato de que eles ainda não teriam atingido o pico da curva epidemiológica.

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Não consigo imaginar que haja alguma proteção especial, porque são localidades que têm uma etnia semelhante à composição do capixaba médio: descendência branca europeia, com algum grau de mestiçagem, principalmente com negros

Lauro Ferreira Pinto
Doutor em doenças infecciosas e professor da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (Emescam)
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Ainda de acordo com ele, a letalidade do novo coronavírus se comporta de maneira bastante semelhante ao redor do mundo. “Na Índia não tem tanta mortalidade, mas a provável explicação é a subnotificação de mortes. Não acredito que esse seja o caso dessas cidades”, afirmou Lauro.

Embora os dois especialistas ouvidos por A Gazeta torçam para que nenhuma vida seja perdida nessas cinco cidades capixabas, ambos alertam que pode ser só uma questão de tempo e que há uma possibilidade real de algum óbito ser registrado nessas localidades até o final da pandemia.

AS EXPLICAÇÕES DOS PRÓPRIOS MUNICÍPIOS

Iconha

Diretora da Vigilância Epidemiológica Municipal, Leiliani Guedes explicou que a ausência de mortes é atribuída às estratégias de testagem e à criação do centro de referência para a Covid-19. “Todos os pacientes com síndrome gripal são diagnosticados precocemente e assinam um termo aderindo ao isolamento”, garantiu.

Além dessa dinâmica, Iconha não possui sistema de transporte público e ainda conta com uma equipe de “desaglomeradores” que fica nas ruas para evitar a reunião de pessoas nos locais públicos. A Atenção Primária à Saúde (APS) também possui 100% de cobertura no município.

Brejetuba

Já a Prefeitura de Brejetuba informou que criou a "Central Covid", que recebe denúncias por telefone e faz parte do serviço de vigilância em saúde. O município ainda conta com 100% de cobertura pela Estratégia de Saúde da Família (ESF), o que "contribui para a detecção de casos precocemente".

Durante o período de colheita do café, a Secretaria de Saúde afirmou ter realizado o cadastramentos de aproximadamente 5 mil profissionais vindos de outros lugares. Além de reuniões com os principais produtores do grão no município para passar orientações de combate à pandemia. Assim como Iconha, a cidade também não possui sistema de transporte público. 

Divino de São Lourenço

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde atribui a ausência de morte à “antecipação nas medidas de prevenção e de isolamento social”, bem como ao “tratamento precoce e monitoramento do grupo de risco” da Covid-19. A Atenção Primária em Saúde (APS) também cobre todo o município.

A pasta ainda explicou que Divino São Lourenço não possui sistema de transporte público e ressaltou que precisa do apoio da população, com o “cumprimento do distanciamento social, do uso de máscaras e de outras medidas de prevenção” para manter a taxa de letalidade em 0%.

A Gazeta entrou em contato com os municípios de Governador Lindenberg e Vila Pavão. Porém, nenhum deles respondeu aos questionamentos até o momento de publicação desta reportagem. Quando os retornos forem recebidos, essa matéria será atualizada.

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