O Espírito Santo já tem mais de 2.400 mortes causadas pelo novo coronavírus, mas cinco cidades não perderam ninguém para a pandemia até esta terça-feira (28). É o caso de Divino de São Lourenço e Iconha, no Sul; de Vila Pavão e Governador Lindenberg, na Região Noroeste; e de Brejetuba, na parte Serrana.
Embora todas tenham menos de 20 mil habitantes, elas não são as menores do Estado e nem as que têm menos casos confirmados da Covid-19. Então, o que explica essa ausência de óbitos nesses municípios, depois de cinco meses do primeiro diagnóstico positivo em território capixaba?
Doutora em epidemiologia, a professora Ethel Maciel afirmou que não é possível indicar quais as razões exatas para essa realidade e que ainda é cedo para tirar uma conclusão. Apesar disso, ela garantiu que esse é um ótimo indicador e essas cidades podem se tornar alvo de estudos no futuro.
Realizado com base nos dados divulgados nesta terça-feira (28) pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), um levantamento de A Gazeta revelou que, em Iconha e Vila Pavão, mais de um terço dos casos oficiais atingiram pessoas que integram o grupo de risco da doença.
No que tange ao índice de isolamento social, as informações divulgadas pelo Governo Estadual mostram que a maior parte da população dessas cidades ficou em casa durante essa segunda-feira (26). O nível mais alto foi o alcançado por Divino de São Lourenço (62%) e o menor, por Iconha (51%).
Os fatores ligados à dinâmica social também foram as razões apontadas como as prováveis causas de zero morte nesses municípios pelo infectologista Lauro Ferreira Pinto. Assim como a chegada mais fraca da pandemia e ao fato de que eles ainda não teriam atingido o pico da curva epidemiológica.
Ainda de acordo com ele, a letalidade do novo coronavírus se comporta de maneira bastante semelhante ao redor do mundo. Na Índia não tem tanta mortalidade, mas a provável explicação é a subnotificação de mortes. Não acredito que esse seja o caso dessas cidades, afirmou Lauro.
Embora os dois especialistas ouvidos por A Gazeta torçam para que nenhuma vida seja perdida nessas cinco cidades capixabas, ambos alertam que pode ser só uma questão de tempo e que há uma possibilidade real de algum óbito ser registrado nessas localidades até o final da pandemia.
Iconha
Diretora da Vigilância Epidemiológica Municipal, Leiliani Guedes explicou que a ausência de mortes é atribuída às estratégias de testagem e à criação do centro de referência para a Covid-19. Todos os pacientes com síndrome gripal são diagnosticados precocemente e assinam um termo aderindo ao isolamento, garantiu.
Além dessa dinâmica, Iconha não possui sistema de transporte público e ainda conta com uma equipe de desaglomeradores que fica nas ruas para evitar a reunião de pessoas nos locais públicos. A Atenção Primária à Saúde (APS) também possui 100% de cobertura no município.
Brejetuba
Já a Prefeitura de Brejetuba informou que criou a "Central Covid", que recebe denúncias por telefone e faz parte do serviço de vigilância em saúde. O município ainda conta com 100% de cobertura pela Estratégia de Saúde da Família (ESF), o que "contribui para a detecção de casos precocemente".
Durante o período de colheita do café, a Secretaria de Saúde afirmou ter realizado o cadastramentos de aproximadamente 5 mil profissionais vindos de outros lugares. Além de reuniões com os principais produtores do grão no município para passar orientações de combate à pandemia. Assim como Iconha, a cidade também não possui sistema de transporte público.
Divino de São Lourenço
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde atribui a ausência de morte à antecipação nas medidas de prevenção e de isolamento social, bem como ao tratamento precoce e monitoramento do grupo de risco da Covid-19. A Atenção Primária em Saúde (APS) também cobre todo o município.
A pasta ainda explicou que Divino São Lourenço não possui sistema de transporte público e ressaltou que precisa do apoio da população, com o cumprimento do distanciamento social, do uso de máscaras e de outras medidas de prevenção para manter a taxa de letalidade em 0%.
A Gazeta entrou em contato com os municípios de Governador Lindenberg e Vila Pavão. Porém, nenhum deles respondeu aos questionamentos até o momento de publicação desta reportagem. Quando os retornos forem recebidos, essa matéria será atualizada.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta