Pesquisas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que os exames coletados de pessoas com Covid-19 no Espírito Santo já registraram cinco variantes diferentes de coronavírus. Desde 2020, o Laboratório Central de Saúde Pública do Estado (Lacen/ES) encaminha amostras inconclusivas e de pacientes suspeitos de infecção por novas linhagens para sequenciamento genômico.
As mutações fazem parte do processo natural dos vírus e estas mudanças já eram esperadas pelos cientistas. Mas essas novas linhagens causam preocupação por afetar o chamado RDB do vírus, a parte do "corpo" do Sars-CoV-2 que é usada como alvo da maioria das vacinas. Ou seja, o temor é que, com as mudanças genéticas, os anticorpos percam força para neutralizar o vírus.
Chamada de variante brasileira, a linhagem P1, descoberta pela primeira vez em Manaus, no Amazonas, também foi encontrada no Espírito Santo. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), a P1 foi identificada apenas em pacientes oriundos de Manaus, que passaram por tratamento em hospitais do Espírito Santo. Já a variante P2 também foi detectada em um paciente de Manaus e um funcionário do Hospital Jayme Santos Neves.
De acordo com a secretaria, não é possível confirmar se o funcionário foi infectado após ter contato com pacientes de Manaus, já que ele testou positivo em menos de 48 horas ao ter qualquer proximidade com os manauaras. Segundo o secretário de Saúde, Nésio Fernandes, outro caminho possível para a chegada da linhagem no Estado poderia ser por meio de pessoas assintomáticas que tiveram contato com o vírus em aeroportos, por exemplo, já que a circulação de passageiros permanece com grande fluxo no Amazonas e em outros estados.
Conforme nota técnica da Fiocruz Amazônia, a P1 pode ter potencial de facilitar a transmissão do vírus. Também há casos de reinfecção por conta dessa mutação. Ainda não há dados que relacionem essa variante a quadros mais graves da Covid-19. A nova estrutura do vírus é, segundo especialistas, semelhante às amostras coletadas na África do Sul e no Reino Unido.
As outras três variantes registradas são: a B.40, identificada nos primeiros pacientes do Estado, antes da transmissão chegar em estágio comunitário; e as B.1.1.33 e B.1.1.28, mutações do vírus que circulam no Brasil desde março de 2020 e são as que predominam no país.
A Sesa informou que o número de variantes detectadas no Espírito Santo é inferior ao de estados vizinhos. São Paulo já registrou 36 linhagens diferentes, enquanto o Rio de Janeiro listou 22 tipos. Minas Gerais encontrou 15 linhagens distintas e a Bahia descobriu 11 variações. Em todo o país, já foram encontradas mais de 60 linhagens do coronavírus.
Ao longo de fevereiro, a Sesa disse que novos resultados serão apresentados e que, possivelmente, identificarão no Estado diversas linhagens do novo coronavírus.
Segundo o secretário de Saúde, Nésio Fernandes, em entrevista coletiva na última sexta-feira (12), a descoberta de novas variações não muda a forma de se tratar os pacientes com Covid-19. Ele afirmou que o protocolo para casos sintomáticos de profissionais da saúde permanece o mesmo: testagem e isolamento para interromper a transmissão do vírus.
O subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, disse que o Estado vai aumentar a vigilância entre viajantes no Espírito Santo, a fim de rastrear possíveis casos que contribuam para a proliferação tanto de variantes de outros estados em terras capixabas, quanto de linhagens detectadas por aqui que possam ser levadas para outros locais.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta