Postagens nas redes sociais do vice-prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, Jonas Nogueira (PL), nos últimos dias, sobre o uso da cloroquina no tratamento de pessoas vítimas da Covid-19, motivaram um médico intensivista na Região Sul do Estado a encaminhar uma resposta a ele. O áudio, que era particular, acabou viralizando nas redes sociais. O cardiologista Marlus Thompson, coordenador da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Aquidaban, afirmou que não vai ceder a pressões políticas e prescrever o medicamento, que ainda não possui comprovação científica para o tratamento da doença.
Jonas tem utilizado suas redes sociais para defender o uso da cloroquina. Ele, que é um dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, deve enfrentar nas urnas das próximas eleições municipais o PSB de Renato Casagrande. O partido socialista, apesar de não divulgar oficialmente, aposta na reeleição de Victor Coelho, com quem Nogueira rompeu politicamente.
Nesta semana, em resposta a uma internauta que expôs a negativa da equipe médica Hospital do Aquidaban em utilizar a cloroquina no familiar, ele orientou que a polícia e a Justiça poderiam ser acionadas para exigir o uso do remédio em pacientes em tratamento da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Recomendo que a família faça Boletim de Ocorrência Policial, acione o Ministério Público e publique nas redes sociais. O paciente ou a família por ele, acaso esteja impossibilitado, tem o direito de exigir a ministração do medicamento mediante assinatura de Termo de Responsabilidade! Essa dificuldade está ocorrendo até em Hospital Particular, publicou o vice-prefeito.
O médico coordenador da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Aquidaban, Marlus Thompson, enviou um áudio, nessa quarta-feira (8), explicando ao político sua posição. A cloroquina existe no hospital e está disponível para os médicos que quiserem usar. Na UTI, ela não será usada em hipótese alguma, porque eu sou o responsável técnico. Eu assino pela unidade e assumo as responsabilidades que acontecem lá. A medicina que eu pratico não é a medicina do Bolsonaro, é baseada em evidências científicas. E elas falam contra o uso da cloroquina, afirmou o médico.
Thompson disse ainda que os médicos têm livre exercício da profissão e podem prescrever, mas que ele não cederá as pressões políticas e enfatiza que não mudará suas convicções. A população pode solicitar aos gestores que nos demitam, é um caminho, façam uma corrente. Os políticos podem solicitar nossa demissão, sugere o médico em um dos trechos do áudio.
Após a repercussão do caso na cidade, Marlus Thompsom ressaltou que não tem intenções políticas com o ato e que seu compromisso é com o exercício da medicina.
Sobre o caso, o vice-prefeito Jonas Nogueira disse que não divulgou o áudio, que admira o profissional de saúde, respeita a instituição que ele atua e sua opinião, mas discorda da posição. Eu não fiz nenhum tipo de pressão para que o médico usasse cloroquina, mas na minha visão, deve-se usar. Se eu tiver um familiar no hospital, vou pedir para usar. Se for negado, vou pedir uma liminar judicial, pois é uma chance que não pode ser negada ao paciente. O maior bem protegido pelo direito é a vida. Entendo que isso deve ser levado a apreciação do judiciário, afirmou Nogueira.
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