Nos últimos meses, ter um vidro de álcool 70% em casa virou artigo de extrema necessidade para muita gente. Seja em gel ou líquido, ele virou um aliado no combate à pandemia do novo coronavírus. No entanto, o produto também é um perigo iminente, já que pode provocar acidentes domésticos. Durante a pandemia, com o aumento no uso do álcool e com famílias em casa por mais tempo aumentaram em 25% os casos de queimaduras no Espírito Santo.
A informação é da Sociedade Brasileira de Queimaduras no Espírito Santo. Essa média de 25% no aumento de queimaduras é acompanhada pela maior parte dos Estados do Brasil, mas há locais onde a taxa foi ainda maior, segundo a instituição.
De acordo com o médico Ariosto Santos, presidente da regional capixaba da Sociedade Brasileira de Queimaduras, a venda do álcool 70% em supermercados estava proibida no Brasil desde 2002. Em março deste ano, por conta da pandemia de Covid-19, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) voltou a liberar a venda para prevenção à doença, por isso esse aumento já era esperado.
"A Anvisa havia proibido a venda de álcool 70% , justamente por conta do número elevado de acidentes. Com a pandemia, em março deste ano a agência baixou uma nova normativa liberando o álcool nesse momento de pandemia. Com isso, um levantamento feito em todo o Brasil mostrou que com todo mundo comprando álcool, houve um aumento no número de queimados. No Espírito Santo, a exemplo da média nacional, houve um aumento de 25% em abril. Mas teve Estado no país em que o aumento foi até maior", afirma.
Ariosto alerta ainda para o perigo do álcool em gel: após higienizar as mãos, é preciso esperar alguns minutos para o álcool secar e você estar seguro para cozinhar, por exemplo.
Com o isolamento social e as escolas fechadas, é sempre bom lembrar que criança e álcool não combinam. Segundo Santos, são elas as maiores vítimas de queimaduras, por isso é preciso redobrar os cuidados.
"79% dos acidentes acontecem no ambiente doméstico e na maioria das vezes as vítimas são crianças. A maior parte dos acidentes acontecem na cozinha. Queimadura com álcool não é acidente, é previsível. O álcool sendo muito usado dentro de casa, se largarmos ao alcance, para a criança vira um brinquedo. Tem que esconder o álcool, o fósforo e o esqueiro", reforça o médico.
No próximo mês, a Sociedade Brasileira de Queimaduras informou que será realizada a campanha "Junho Laranja", de conscientização para os riscos de queimaduras. O mês foi estrategicamente escolhido por ser quando ocorrem as festas juninas, com fogueiras e outros perigos, além de ser período de férias escolares, quando as crianças estão em casa e número de acidentes aumenta.
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