Ao menos dois sentimentos são unânimes entre as sete escolas que desfilaram nesta sexta-feira (8) no Carnaval de Vitória: o desejo de ocupar uma vaga no Grupo Especial e a satisfação de voltar ao Sambão do Povo. Após dois anos sem ocupar a avenida por causa da pandemia de Covid-19, as agremiações, cada uma com seu tema, trataram com carinho o retorno dos desfiles.
Sete escolas do Grupo A desfilaram nesta sexta. Elas estão entre o Grupo B, que desfilou na quinta-feira (7), e o Grupo Especial, que desfila neste sábado (9). São elas:
A festa começou pontualmente às 22h e a última escola cruzou a avenida por volta das 6h30. Antes mesmo do início do evento, o presidente da Liga das Escolas de Samba do Grupo Especial (Liesge), Edson Neto, prometeu que seria o "maior carnaval da história do Espírito Santo".
Quem abriu o desfile das escolas de samba nesta sexta-feira (8) foi a Independentes de São Torquato, escola de Vila Velha. A agremiação levou muito brilho para a avenida e encerrou o desfile com pontualidade. A escola desceu para o grupo de acesso após o desfile de 2020 e quer voltar para o especial.
O enredo foi "Atlântida: lendas ou mistérios. Será?". A proposta era voar nas asas da imaginação, uma vez que, de todas as lendas sobre civilizações perdidas, esta parece ser a que mais desperta curiosidade. E foi com esse universo que a vermelho e branco brilhou no Sambão. A agremiação levou cerca de 1.000 componentes e três carros alegóricos à passarela do samba.
A Chega Mais, segunda escola a desfilar no Sambão, levantou o público quando botou o "bloco na rua" - enredo escolhido para o Carnaval 2022. A escola, que reúne as comunidades do Quadro, Cabral e Santa Tereza, em Vitória, usou como referência a célebre música do capixaba Sérgio Sampaio. A canção celebra 50 anos de seu lançamento em 2022, e, através dela, a escola retratou o carnaval no país, do samba ao frevo, passando pela marchinha e todas as outras referências nacionais da folia.
A remiação investiu em cores claras na maior parte dos seus destaques. O primeiro deles trouxe ainda uma manifestação de apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS). Um dos carros apresentou problemas e precisou ser empurrado. O desfile foi encerrado com comemorações.
A terceira escola a entrar na avenida foi a Chegou o que Faltava, da comunidade de Goiabeiras, também em Vitória. O enredo escolhido foi "Chegou a realeza dos campos dourados que alimentam a história. Sustento de vida" para falar do milho, alimento de relevância econômica e social.
Foram lembrados os quitutes como a pipoca, a canjica, a broa e o bolo de fubá. Além das comidas feitas com o grão dourado, a escola exaltou as palhas de milho, que se transformam nas mãos das artesãs.
A cor dourada predominou na avenida, e bonecos de palha cantantes passaram pelo Sambão do Povo. A escola contou ainda com a presença do ator e produtor David Brazil. "Estar aqui é uma maravilha, uma alegria. Amo esse carnaval, sempre venho para cá, pois sou louco por samba", disse à reportagem de HZ.
As cores douradas também predominaram no desfile da Mocidade da Praia, a quarta escola desfilar no Sambão do Povo. O enredo escolhido foi "Solis: o alvorecer da humanidade". A proposta era falar do sol e como ele está relacionado ao cotidiano das pessoas.
Parte de um carro da Mocidade quebrou durante o desfile, mas o problema não impactou o desenvolvimento da escola no Sambão.
A Rosas de Ouro, escola de Serra Dourada III, na Serra, apresnetou o enredo "Gênesis - momentos da criação". A ideia era contar a história do mundo de acordo com o evangelho. Gênesis é o primeiro capítulo da Bíblia, no qual é detalhada a criação do céu, da terra, da ar e do água, além do homem e outros animais.
A escola colocou mais de 1.100 componentes componentes, que brilharam no Sambão do Povo. "Num sopro sagrado / Me deu vida em bonança / Me fez sua imagem e semelhança / É santificada a sua criação", cantou o samba-enredo.
A escola Pega no Samba entrou na avenida com o objetivo de contar a origem da boneca "Abayomi". O nome é uma referência a uma boneca que surgiu do movimento negro no Rio de Janeiro na década de 1980, e carrega a perspectiva da criadora, uma mulher preta, fazendo uma analogia às suas raízes.
A escola da comunidade de Consolação, em Vitória, está na disputa para voltar ao grupo especial. Durante o desfile, a agremiação cantou sobre resistência e orgulho negro.
A manhã de sábado chegou e os capixabas não arredaram o pé do Sambão do Povo. A última escola a entrar na avenida, a Império de Fátima cantou "Uma índia, um negro, diferentes crenças, costumes e rituais: um conto tupi yorubá." A narrativa apresenta um conto de amor entre um quilombola e uma indígena.
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