Com um novo visual, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, em Aracruz, vai promover uma semana de atividades lúdicas, culturais e esportivas voltadas para os seus alunos, familiares e a comunidade. O evento acontece uma semana antes do retorno às aulas, previsto para o início de fevereiro. A unidade foi alvo de um ataque em novembro do ano passado que matou quatro pessoas e deixou outras 12 feridas.
Segundo a diretora, Michele Toniato, a intenção é reconectar a comunidade com a escola, refazendo os laços rompidos com a violência. “Não queremos esquecer o que aconteceu, mas ressignificar os fatos. Queremos refazer os laços rompidos com a violência, ou construir novos que permitam que a escola volte a ser vista como um ambiente acolhedor, que pertence à comunidade”.
A “Semana da Escola Aberta”, realizada pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu), acontece entre os dias 23 e 26 de janeiro, com atividades nos dois turnos, mas em dias alternados. Os preparativos contam com a ajuda da comunidade escolar, que busca parceiros para oferecer brindes para os eventos que demandem premiação e até lanches para jovens, como salgados, pizza, cachorro-quente. Também se esforçam para atrair a participação de artistas e atletas que tragam exemplos de superação.
O evento será aberto à comunidade no entorno da escola, além de familiares e alunos. Há uma possibilidade para os que moram mais distantes, como os que residem em Barra do Riacho e Santa Cruz, de utilizarem o transporte escolar.
A unidade, que conta com cerca de 700 alunos, oferece os anos finais do ensino fundamental, ensino médio e educação para jovens e adultos.
Após os atos violentos, além das perdas de funcionários e alunos ocorridas no dia do ataque, foi registrada uma redução no quadro de funcionários, que não conseguiram retornar ao trabalho. Os que são efetivos conseguiram autorização para atuarem em outras escolas. O quadro, segundo a diretora, será recomposto por profissionais temporários.
Houve ainda aumento de casos de transferência, com alunos saindo da unidade, além de redução no número de matrículas. Outro problema relatado vem da dificuldade de pessoas da comunidade de visitarem ou mesmo passar em frente à escola.
“O que reforça a importância desta semana de acolhimento voltada para a comunidade, que permitirá uma interação com as famílias, primeiro pilar dos nossos estudantes”, observou a diretora.
Michele relata que tem sido muito demandada sobre o aumento da segurança na escola, mas observa que segurança armada, por exemplo, afetaria a essência da escola.
“Segurança armada tira o objetivo da escola de ser transformadora. Como educadora, acredito no poder transformador da escola, no poder de oferecer outras oportunidades e caminhos”, destaca Michele.
Na volta às aulas, segundo a diretora, os alunos vão encontrar uma escola diferente. A sala dos professores, onde ocorreu o ataque, foi transformada em outro ambiente. E os professores receberam uma nova sala. “A escola foi toda pintada. Houve mudanças necessárias. Não podemos demolir o passado, mas a gente consegue escrever uma nova história, transformar as lembranças”, assinala.
Para o futuro, após a volta às aulas, a intenção é discutir com a comunidade escolar - estudantes, professores, funcionários, direção - sobre a construção de um memorial em homenagem às vítimas do ataque.
“Queremos que a comunidade decida como fazer o memorial, para ter significado para a escola. Vamos aguardar o retorno de todos e discutir, buscar ideias e sugestões”, explica a diretora.
O ataque ocorreu na manhã do dia 25 de novembro, quando um atirador, de 16 anos, invadiu a Primo Bitti e uma escola particular de Coqueiral de Aracruz e atirou contra alunos e professores. Quatro pessoas morreram e outras 12 ficaram feridas.
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