"A pior sensação do mundo não poder me despedir do meu marido". O relato emocionado é da Betânia, que já sofre de saudades do Fábio, o grande amor da vida dela. Ele morreu com suspeita de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Fábio Brito, de 37 anos, era comerciante. Após apresentar os sintomas da doença ele procurou atendimento médico por cinco vezes, mas só foi internado na quinta tentativa. Fábio morreu 14 dias após fazer os exames que podem confirmar a doença. Até a tarde desta segunda-feira (15) a família ainda não havia tido acesso aos resultados.
"Ele era uma pessoa muito amada, caridosa, ajudava todo mundo. Prestativo. Não tem o que falar do meu amor", descreve a esposa, que também teve coronavírus. Para Betânia, os sintomas foram leves. Para o Fábio, a história foi diferente.
"Começou com uma febre já forte, muito alta. Dor nas costas, muita falta de ar. Não conseguia andar direito, não conseguia falar direito. Ele já estava muito fraco", conta Betânia.
Fábio foi, acompanhado da mulher, quatro vezes até unidades de saúde de Cariacica. A cada ida os sintomas se agravavam. Betânia contou que a febre do Fábio chegou a 40°. Isso, somado a dificuldade de respirar, foi desesperador para o casal. Foi só na quinta visita ao médico que veio a decisão para a internação.
"O doutor também ficou muito inconformado. Porque um paciente no estado em que o Fábio estava, é um caso de emergência. E ele foi mandado para casa. Não sei se para morrer em casa, ou por essa situação que a gente vive de falta de leito", diz a esposa.
É difícil saber como o Fábio e a Betânia foram contaminados. O comerciante era do grupo de risco: tinha sobrepeso e hipertensão. Desde o aparecimento dos primeiros sintomas, o casal se isolou em casa. Eles são donos de uma rede de lanchonetes. Além da família, o trabalho era a grande paixão de Fábio. Fez muitos amigos, uma legião de admiradores. E mesmo com a pandemia, pensava em ajudar os outros.
Fábio perdeu a luta para o coronavírus. Deixa amigos, família e mulher. Betânia perdeu aquele que mais amava. O enterro do comerciante foi nesta segunda (15), às 15 horas, com caixão fechado, à distância. Para Betânia, uma dor que dificilmente vai passar
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Cariacica para entender porque o Fábio foi mandado para casa por quatro vezes, antes da internação em definitivo. Por nota, a prefeitura disse que vai apurar todos os detalhes e assim que tiver um posicionamento vai entrar em contato com a reportagem.
A reportagem também fez contato com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para saber quais são os critérios de realização dos exames e internação dos pacientes, já que o Fábio fazia parte do grupo de risco. Por nota a Sesa disse que, "a partir do estabelecimento da transmissão comunitária do novo coronavírus, já são estabelecidos novos critérios para coleta de exames por parte do Ministério da Saúde. Ou seja, aquelas pessoas que fazem parte do grupo de risco e que também tem síndrome respiratória aguda. Essas pessoas têm os exames coletados e analisado conforme preconiza o Ministério da Saúde", diz a nota.
Fábio teve o exame coletado, faleceu depois de 14 dias e a família ainda não teve acesso ao resultado dos exames.
Com informações de Aurélio de Freitas, da TV Gazeta
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