Após relatos de larvas encontradas em marmitas, a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) rescindiu, nesta segunda-feira (9), o contrato com a empresa fornecedora da alimentação aos estudantes. De acordo com o pró-reitor de Assuntos Estudantis e Cidadania, Gustavo Forde, a rescisão aconteceu de forma consensual entre as partes.
Enquanto a produção das refeições não é restabelecida, a Ufes fornecerá aos 2.100 alunos assistidos dos campi de Goiabeiras e Maruípe, em Vitória, e o de São Mateus, um auxílio no valor de R$ 15 por dia letivo. O pagamento será feito entre os dias 10 e 20 de maio. A previsão é de que a produção de almoço e janta volte ao modelo de self-service no próximo dia 23.
Apesar da rescisão, Gustavo Forde destacou que os casos em que larvas foram encontradas em meio à comida são exceções. "O contrato com esta empresa foi iniciado no dia 22 de novembro do ano passado. Durante todo esse período, ele foi executado com muita regularidade e tranquilidade, sem reclamação", garantiu.
No entanto, no final da semana passada, a Ufes tomou ciência de cinco episódios do tipo. "Foi uma ocorrência na quinta-feira (5) e outros quatro notificados na última sexta-feira (6). Tão logo soubemos disso, notificamos a empresa. Foram duas notificações emitidas em dois dias seguidos", afirmou.
Após o problema nas marmitas, alunos pediram pela volta do modelo self-service nos restaurantes universitários, de modo que a produção das refeições seja feita dentro da própria estrutura da Ufes — o que voltou a acontecer nesta segunda-feira (9) apenas nos campi de Alegre e Jerônimo Monteiro.
"Dessa forma, os gestores e toda a parte administrativa do RU são de servidores efetivos. Já a produção é feita por funcionários terceirizados. Neste momento, a empresa está na fase de recrutamento de profissionais para que tenhamos as condições de restabelecer o RU no 23 de maio", disse o pró-reitor.
Em comunicado enviado à Ufes e disponibilizado para A Gazeta, a Nutrivip afirmou que, "assim que tomou conhecimento" dos casos, iniciou um "plano de contingência" e que, após análise, "foi identificado que se tratava de lagartas provenientes da berinjela (fornecida na quinta) e do quiabo (fornecido na sexta)".
Apesar de ter destacado que a ingestão desses animais não é nociva à saúde, a "equipe técnica realizou a revisão do cardápio para os dias seguintes, suprimindo hortifrútis que são mais propícios a esse tipo de incidência". A produção também teria sido advertida e passado por um treinamento de emergência.
Já em entrevista nesta segunda-feira (9), o proprietário Renato Lima afirmou que, desde novembro do ano passado, foram fornecidas mais de 70 mil refeições aos alunos da Ufes e que "após averiguação mais apurada, trabalha com a hipótese de sabotagem da alimentação por parte de um pequeno número de alunos".
Segundo ele, a empresa teria sido usada como "bode expiatório" por um grupo de "articulação política que busca reivindicar direitos que extrapolam o que diz respeito ao serviço prestado" e que isso teria ficado evidente por uma publicação da União da Juventude Comunista (UJC) nas redes sociais.
Contatado após a fala de Gustavo Forde sobre o fim do contrato, o proprietário da Nutrivip esclareceu que ainda não foi notificado formalmente sobre a rescisão e que, até o início da noite desta segunda-feira, havia apenas uma comunicação informal por meio de um aplicativo de mensagens.
Em nota divulgada nas redes sociais, a União da Juventude Comunista (UJC) repudiou as acusações "jogadas ao ar em uma tentativa de limpar a imagem da empresa no mercado, mesmo que isso implique situações fantasiosas e contraditórias ao posicionamento anterior da própria empresa".
"Este é um ataque a todo o movimento estudantil da Ufes, que ousou denunciar a falta de garantias sanitárias. A UJC defende a ampliação das políticas de permanência estudantil, voltada para um modelo no qual não fiquemos reféns de limites contratuais com empresas que não têm o menor compromisso com os estudantes", afirmou.
A UJC se manifestou, repudiando as acusações feitas pela empresa Nutrivip sobre sabotagem das marmitas e negando qualquer ação do tipo. O texto foi atualizado.
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