O grupo técnico do Eixo Epidemiológico do Plano Operacional da Vacinação contra a Covid-19, que discute o plano de imunização junto ao Ministério da Saúde, divulgou nesta quarta-feira (9) uma nota pública em que cobra do órgão a negociação com mais empresas para a oferta de vacinas para a população, além da ampliação dos grupos prioritários para receber o imunizante.
O comitê, do qual faz parte a epidemiologista capixaba Ethel Maciel, está preocupado com a estratégia que tem sido adotada até agora pelo governo federal na prevenção à doença.
O texto começa ressaltando que, para atender os grupos prioritários, será necessário um grande volume de doses de vacinas, a fim de garantir ampla cobertura da população brasileira.
"Considerando-se o fluxo de disponibilização de doses acordadas até o momento pelo governo federal em relação à vacina da AstraZeneca/Oxford, o grupo vem a público manifestar sua preocupação em relação ao quadro atual e pedir o esforço das autoridades para incorporar em sua estratégia de imunização todas as vacinas que se mostrarem eficazes e seguras para proteção da população contra a Covid-19, de modo que seja possível uma cobertura adequada no menor tempo possível", destaca o comitê na nota.
O documento aponta ainda a necessidade de incluir outros grupos vulneráveis à doença, em vez de retirar como estaria sendo cogitado em relação aos presos.
"Consideramos que todas as populações consideradas mais vulneráveis à Covid-19 devem ser incluídas na prioridade de vacinação, como quilombolas e populações ribeirinhas, por vivenciarem realidades similares àquelas dos indígenas já incluídos no plano, além de privados de liberdade e pessoas com deficiência."
Nesse contexto, o comitê avalia também a necessidade de ampliar o escopo da quarta fase de imunização para todos os trabalhadores da Educação, bem como incluir outros profissionais de áreas essenciais.
"Nossa missão como cientistas consiste em apontar os grupos da população que mais necessitam ser vacinados neste momento emergencial, sendo obrigação das autoridades providenciar as doses necessárias para que isso possa ser realizado a contento. Em um cenário de escassez, onde o mundo ainda busca alternativas para vacinação ampla e adequada, e em que países como Alemanha, Canadá e Reino Unido garantiram vacinação para toda sua população, manifestamos preocupação ainda maior, devido ao aumento dos casos e das mortes no Brasil."
Mesmo com o avanço das negociações com a Pfizer, o comitê argumenta que esse imunizante é o que apresenta o maior desafio logístico para incorporação à estratégia nacional de vacinação. Por essa razão, o grupo técnico espera mais empenho do governo federal em busca de outras opções.
"Solicitamos o esforço para que sejam imediatamente abertas negociações com o Instituto Butantan, que já teria condições de oferta de doses de vacinas, com outras empresas que trabalham com a vacina CoronaVac e com outras vacinas candidatas em fase final de estudos de eficácia. Um atraso na campanha de vacinação significa vidas perdidas e precisamos utilizar a ciência para a tomada de decisão que norteará o que mais importa: a preservação de vidas de milhares de brasileiros e brasileiras", conclui.
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