As primeiras cidades a adotar o lockdown no Espírito Santo, por decisão dos gestores municipais, Ecoporanga, Boa Esperança e Água Doce do Norte, na região Noroeste, avaliam que o bloqueio total de atividades ajudou a conter o avanço da Covid-19. Pelo menos durante o período em que o funcionamento de comércio e serviços, bem como a circulação de pessoas, esteve restrito.
Agora, com a liberação, o número de casos e mortes é monitorado de perto e, se houver um descontrole, as prefeituras não descartam a possibilidade de adotar novamente as proibições.
A grande dificuldade ainda é fazer a população respeitar as regras de distanciamento social e sair às ruas somente quando for realmente necessário. Lauro Vieira, prefeito de Boa Esperança que ainda se recupera da infecção pelo coronavírus, conta que o município ficou por 11 dias com as atividades bloqueadas, e inclusive serviços essenciais, como farmácia, só funcionavam para atender por entrega.
"Fechamos tudo. Só deixamos funcionar serviços de saúde e limpeza. Entendemos que, apenas assim, iríamos conseguir tirar as pessoas das ruas e controlar o crescimento da doença. Os dias de fechamento foram cruciais para o controle da Covid e para acompanhamento das famílias contaminadas", aponta o prefeito.
As medidas mais restritivas vigoraram até o último domingo (31), e no dia seguinte as atividades comerciais e de serviços foram liberadas seguindo novos critérios. Contudo, na avaliação do prefeito, parte da população não compreendeu os riscos da doença.
Perto dali, em Ecoporanga, situação semelhante. O lockdown ficou em vigor de 15 a 25 de maio e, nesta quarta-feira (3), parece que o município vive uma situação de normalidade, dado o movimento nas ruas. É o que afirma Edion dos Santos Almeida, secretário de Finanças e integrante do comitê de acompanhamento da Covid na cidade.
No município, que já registrou 64 casos e 4 mortes, a administração também observou controle da doença durante o período em que havia mais restrições de funcionamento. Edion diz que a fiscalização foi intensa, e um supermercado chegou a ser multado em R$ 9,5 mil por descumprir as regras do decreto que determinava atendimento somente por serviço de entrega.
"A partir da liberação do funcionamento, aos poucos as pessoas começaram a ir para as ruas. Nesta semana, porém, parece que tudo voltou ao normal. Mas, se o número de casos crescer muito, a prefeitura pode adotar o lockdown de novo", afirma o secretário.
Em Água Doce do Norte, o prefeito Paulo Marcio Leite Ribeiro avalia que os moradores estão mais atentos à crise na saúde, com pouca circulação de pessoas nas ruas e a maioria usando máscara. Ele acredita que o impacto dos cinco dias de lockdown surtiu efeito tanto para conter o avanço do coronavírus quanto para conscientizar a população.
"Estávamos num ponto em que não tínhamos vaga no hospital de referência, em Barra de São Francisco, para internação. Então, não podíamos correr o risco de um aumento grande de casos graves de Covid e ter dificuldade para atendimento. Mostramos essa situação e acredito que a população entendeu, antes e agora também. Até o comércio mudou seu jeito de atender. Esses dias até no meu sapato colocaram álcool em gel", pontua.
Apesar de uma avaliação mais positiva, Paulo Marcio também admite a possibilidade de voltar com o bloqueio total se os indicadores de Água Doce do Norte piorarem. No município, 28 pessoas foram infectadas e duas morreram.
Para o prefeito, entretanto, o lockdown vai proporcionar melhores resultados se o fechamento ocorrer por região. Ele acredita que o fato de Barra de São Francisco, com o qual faz limite, não ter implantado a medida pode ter reduzido os efeitos da sua iniciativa, uma vez que muitos moradores faziam o deslocamento entre as duas cidades. Lauro Vieira também tem essa opinião. Para o prefeito de Boa Esperança, os ganhos serão mais efetivos se o fechamento for regional.
Pelos critérios do governo do Estado, que utiliza indicadores como taxa de ocupação de leitos e de isolamento social para definir os riscos por município, o lockdown só vai ser adotado nos lugares em que se chegar ao nível extremo. Atualmente, nenhuma cidade se encontra nesse perfil, mas a Grande Vitória e mais seis municípios do interior estão próximos dessa condição, inclusive Boa Esperança.
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