Publicado em 4 de junho de 2020 às 18:56
As primeiras cidades a adotar o lockdown no Espírito Santo, por decisão dos gestores municipais, Ecoporanga, Boa Esperança e Água Doce do Norte, na região Noroeste, avaliam que o bloqueio total de atividades ajudou a conter o avanço da Covid-19. Pelo menos durante o período em que o funcionamento de comércio e serviços, bem como a circulação de pessoas, esteve restrito.
Agora, com a liberação, o número de casos e mortes é monitorado de perto e, se houver um descontrole, as prefeituras não descartam a possibilidade de adotar novamente as proibições.
A grande dificuldade ainda é fazer a população respeitar as regras de distanciamento social e sair às ruas somente quando for realmente necessário. Lauro Vieira, prefeito de Boa Esperança que ainda se recupera da infecção pelo coronavírus, conta que o município ficou por 11 dias com as atividades bloqueadas, e inclusive serviços essenciais, como farmácia, só funcionavam para atender por entrega.
"Fechamos tudo. Só deixamos funcionar serviços de saúde e limpeza. Entendemos que, apenas assim, iríamos conseguir tirar as pessoas das ruas e controlar o crescimento da doença. Os dias de fechamento foram cruciais para o controle da Covid e para acompanhamento das famílias contaminadas", aponta o prefeito.
As medidas mais restritivas vigoraram até o último domingo (31), e no dia seguinte as atividades comerciais e de serviços foram liberadas seguindo novos critérios. Contudo, na avaliação do prefeito, parte da população não compreendeu os riscos da doença.
Lauro Vieira
Prefeito de Boa EsperançaPerto dali, em Ecoporanga, situação semelhante. O lockdown ficou em vigor de 15 a 25 de maio e, nesta quarta-feira (3), parece que o município vive uma situação de normalidade, dado o movimento nas ruas. É o que afirma Edion dos Santos Almeida, secretário de Finanças e integrante do comitê de acompanhamento da Covid na cidade.
No município, que já registrou 64 casos e 4 mortes, a administração também observou controle da doença durante o período em que havia mais restrições de funcionamento. Edion diz que a fiscalização foi intensa, e um supermercado chegou a ser multado em R$ 9,5 mil por descumprir as regras do decreto que determinava atendimento somente por serviço de entrega.
"A partir da liberação do funcionamento, aos poucos as pessoas começaram a ir para as ruas. Nesta semana, porém, parece que tudo voltou ao normal. Mas, se o número de casos crescer muito, a prefeitura pode adotar o lockdown de novo", afirma o secretário.
Em Água Doce do Norte, o prefeito Paulo Marcio Leite Ribeiro avalia que os moradores estão mais atentos à crise na saúde, com pouca circulação de pessoas nas ruas e a maioria usando máscara. Ele acredita que o impacto dos cinco dias de lockdown surtiu efeito tanto para conter o avanço do coronavírus quanto para conscientizar a população.
"Estávamos num ponto em que não tínhamos vaga no hospital de referência, em Barra de São Francisco, para internação. Então, não podíamos correr o risco de um aumento grande de casos graves de Covid e ter dificuldade para atendimento. Mostramos essa situação e acredito que a população entendeu, antes e agora também. Até o comércio mudou seu jeito de atender. Esses dias até no meu sapato colocaram álcool em gel", pontua.
Apesar de uma avaliação mais positiva, Paulo Marcio também admite a possibilidade de voltar com o bloqueio total se os indicadores de Água Doce do Norte piorarem. No município, 28 pessoas foram infectadas e duas morreram.
Para o prefeito, entretanto, o lockdown vai proporcionar melhores resultados se o fechamento ocorrer por região. Ele acredita que o fato de Barra de São Francisco, com o qual faz limite, não ter implantado a medida pode ter reduzido os efeitos da sua iniciativa, uma vez que muitos moradores faziam o deslocamento entre as duas cidades. Lauro Vieira também tem essa opinião. Para o prefeito de Boa Esperança, os ganhos serão mais efetivos se o fechamento for regional.
Pelos critérios do governo do Estado, que utiliza indicadores como taxa de ocupação de leitos e de isolamento social para definir os riscos por município, o lockdown só vai ser adotado nos lugares em que se chegar ao nível extremo. Atualmente, nenhuma cidade se encontra nesse perfil, mas a Grande Vitória e mais seis municípios do interior estão próximos dessa condição, inclusive Boa Esperança.
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