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Como funciona a Matriz de Risco do ES e como ela interfere na sua vida

Como funciona a Matriz de Risco do ES e como ela interfere na sua vida

De acordo com um dos coordenadores da equipe do centro de comando e controle no Estado, o Coronel Cerqueira, a Matriz é uma ferramenta de gestão de risco, que trabalha com dois eixos: ameaça e vulnerabilidade

Publicado em 28 de setembro de 2020 às 16:48

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Entenda como é feita a Matriz de Risco à Covid-19 no ES
Entenda como é feita a Matriz de Risco à Covid-19 no ES. (Reprodução | Sesa)

Após o anúncio feito pelo governador do Estado, Renato Casagrande, nesta segunda-feira (28), de que a taxa de transmissão do novo coronavírus aumentou -  o que pode indicar novas restrições ao funcionamento das atividades - , e diante da grande preocupação com a volta às aulas, que terá início em outubro, surgem curiosidades a respeito de como é definida a Matriz de Risco da Covid-19. Afinal, é ela que dá origem aos mapas que indicam os riscos baixo, moderado e alto de contágio da doença nos municípios capixabas.

De acordo com um dos coordenadores da equipe do centro de comando e controle no Estado, o Coronel Cerqueira, do Corpo de Bombeiros, a Matriz é uma ferramenta de gestão de risco, que trabalha com dois eixos: ameaça e vulnerabilidade. O eixo de ameaça faz referência a três elementos: a análise do coeficiente de casos ativos dos últimos 28 dias, que tem um peso correspondente a 30%; a testagem por mil habitantes, também com peso de 30%; e a média móvel de mortos nos últimos 14 dias, com peso de 40%.

Já o eixo de vulnerabilidade, trata da taxa de ocupação de leitos potenciais. "Fala-se em 'leitos potenciais,' porque leva-se em conta a capacidade de ampliação dos leitos. O sistema de saúde chegou aos 715 leitos de UTI, mas a quantidade de internações foi diminuindo, então não faria sentido ter menos da metade de pacientes com Covid internados e muitos leitos à disposição, não podendo ser aproveitados por outros diagnósticos. Foi então decidido que, no eixo de vulnerabilidade, observamos a quantidade de leitos potenciais, ou seja, a quantidade de leitos que tem capacidade de ser ampliados, caso seja necessário. Afinal, se levássemos em conta a redução de leitos disponíveis, por terem sido postos à disposição de outras doenças, teríamos um percentual muito elevado de ocupação, o que contrastaria com a realidade de possibilidade de que sejam ampliados", descreveu.

Logo, segundo Cerqueira, para a construção da Matriz e dos mapas, são avaliados os dois eixos e, assim, a classificação de risco do município será alinhada à combinação deles.

RAZÕES PARA A ESCOLHA DOS CRITÉRIOS

Para a definição dos eixos e critérios, o coordenador explica que o foco são as ameaças atuais de contágio do vírus. "Em matrizes anteriores era considerado o coeficiente de incidência de confirmados. Mas este número de todo dia tem finalidade estatística, não avalia ameaça, já que tem gente que se contaminou antes e que já está curado, ou seja, não tem mais importância para a matriz. Do ponto de vista da gestão de risco, vemos quem está ameaçando, quem está ativo", disse.

  • 01

    Por que se considera a testagem?

    "É importante para descobrir quem está ameaçando, fazer o isolamento destes indivíduos e testar contatos dessas pessoas", explicou o Coronel.

  • 02

    Por que se considera a média móvel de óbitos?

    "Se a gente imaginar toda a cadeia da Covid-19 desde o início, o óbito é a última corrente, é o que há de mais importante. Claro que não queremos que ninguém vá para a UTI, mas, de fato, o que mais importa são os óbitos. Então usamos esta média móvel para forçar o poder público a se preocupar com a atenção primária. O município cuida da atenção primária, por meio do médico da família, da prevenção, do monitoramento, está ligada aos Pronto Atendimentos (PAs). Se houver atenção primária boa, evita-se UTI e óbitos", afirmou.

  • 03

    Por que a taxa de ocupação de leitos?

    "Como já dito, observamos a quantidade de leitos potenciais, ou seja, a quantidade de leitos que tem capacidade de serem ampliados caso seja necessário", definiu Cerqueira.

POR QUE O RT NÃO É CONSIDERADO PARA A MATRIZ DE RISCO?

Em evidência depois do alerta do governador Renato Casagrande, feito na manhã desta segunda-feira (28), no sentido de que o índice de transmissão (RT) subiu e que isso poderá implicar em aumento de restrições de atividades no futuro próximo, suscitou-se a questão: por que este índice não é considerado para elaboração da Matriz de Risco?

De acordo com o Coronel Cerqueira, para esta resposta alguns motivos são fundamentais ao serem analisados. "Primeiramente, já há outros indicadores considerados que o traduzem, já que o índice é avaliado pela quantidade de casos confirmados e óbitos. Já temos óbitos na matriz e coeficiente de ativos. Além disso, outra razão é que não tem RT do município, este é um índice feito por regiões: ao nível estadual e de grandes regiões do Estado. Em uma avaliação da matriz, ela trabalha com classificação municipal, então é importante que conte com indicadores do município", explicou.

Segundo o coordenador, a metodologia de testagem implementada vem mudando. "E tem mudado de forma positiva, a Sesa vem aumentando a testagem, a quantidade de testes e metodologia usada abarca mais pessoas, por exemplo, abrangendo pessoas que moram na casa do infectado. Quando há aumento de testagem, aumentam os confirmados, que às vezes tiveram a doença lá atrás. O RT aumentou, mas é preciso aguardar para tirar conclusões gerais, não se deve entender de imediato que houve aumento da doença no Estado, mas pode sim significar o aumento da testagem", acrescentou.

COMO A MUDANÇA NA MATRIZ INTERFERE NAS CIDADES?

A compreensão da Matriz de Risco permite situar a sociedade em relação às normas restritivas impostas para evitar a contaminação pelo coronavírus. "No sentido de que se a matriz aponta que o município está no risco alto, baseado na combinação dos eixos, diversas atividades funcionarão com restrições e outras nem poderão funcionar, havendo limitação de horário e dias para comércio e restaurantes, por exemplo. Bares então, só são permitidos no risco baixo (no mapa em amarelo e em vermelho não pode)", disse.

Apesar de mais permissivo, o mapa em verde, ou seja, apresentando municípios com baixo risco à Covid-19, não deve ser interpretado como sendo casos de cidades que não apresentam risco algum. "Risco baixo não é ausência de risco. É igual ao sinal de trânsito: se tem sinal, tem risco, ou seja, tem que passar com cuidado. Se não houvesse risco nenhum, não teria necessidade de sinal. O nosso sinal verde permite a convivência social, mas com cuidado, respeitando os protocolos. Apesar disso, o poder público tem mais possibilidade de ser mais concessivo, inclusive nas atividades de maior dificuldade de controle, como é o caso das crianças nas escolas", concluiu.

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