Pela primeira vez, o Espírito Santo receberá testes rápidos do governo federal para detectar dengue, devido à alta incidência de casos da doença neste ano no Estado. Nas primeiras semanas de janeiro foram notificados 11.558 casos prováveis e 2.191 confirmados. Mas, afinal, como o teste funciona?
O teste rápido distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS) detecta a presença do antígeno NS1, proteína produzida pelo vírus da dengue, como explica a médica infectologista Rúbia Miossi.
“O vírus da dengue produz essa proteína NS1 do primeiro ao quinto dia de sintomas, e essa proteína fica circulando no sangue da pessoa com quadro suspeito. O teste funciona identificando a presença da proteína no sangue.”
Se o teste der positivo: significa que existe a presença do vírus da dengue no organismo. O teste também pode apontar a presença de febre amarela e febre do nilo, que são outros vírus da mesma família. Mas, como o Espírito Santo não tem muitos casos de febre amarela, o teste rápido é visto como eficaz contra a dengue.
“Como não temos casos de febre amarela, no momento, o teste pode ser um ótimo aliado no combate à dengue, porque dá positivo em 10 minutos. Pode melhorar o atendimento ao paciente, uma vez que ele e a equipe de saúde sabem que tem dengue e os cuidados que precisam ser tomados”, destaca Rúbia Miossi.
Se o teste der negativo: pode ser outra arbovirose (doenças virais transmitidas por insetos e aracnídeos), como zika, chikungunya ou oropouche.
A recomendação é que o teste rápido seja realizado entre o primeiro e o quinto dia após o início dos sintomas de dengue.
Os infectologistas avaliam que a grande vantagem do uso do teste rápido é que ele pode ser feito logo nos primeiros dias da doença e aponta se é dengue ou outra arbovirose.
“Normalmente, a gente diagnostica dengue mais frequentemente com sorologia que só é positiva depois dos 6, 7 dias”, afirma o médico infectologista Lauro Ferreira Pinto.
Segundo o Ministério da Saúde, o teste rápido será uma terceira opção para diagnosticar a doença no SUS, que já conta com os exames de biologia molecular e o teste sorológico, ambos disponíveis nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen).
Além de apontar a existência de outras doenças, um resultado negativo para dengue no teste rápido não exclui esse diagnóstico e pode ser necessário fazer exames adicionais para diagnosticá-la, como a pesquisa do genoma viral por RT-PCR e sorologias por ELISA.
A necessidade de outro exame deve ser definida com base no quadro clínico, nos resultados de exames inespecíficos, como hemograma com contagem de plaquetas, e na situação epidemiológica local.
A reportagem procurou a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para saber quando começa a distribuição dos kits para os municípios capixabas e quanto cada cidade vai receber, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.
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