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Como o coronavírus fez uma revolução no sistema de saúde do ES

Como o coronavírus fez uma revolução no sistema de saúde do ES

O enfrentamento ao vírus exige  investimentos públicos em diversas áreas, sobretudo na Saúde. A Gazeta fez um levantamento sobre o legado que vai ficar no Estado quando a doença for vencida

Publicado em 13 de junho de 2020 às 06:00

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Hospital Dr Jayme Santos Neves possui contêineres para atender ao provável aumento da demanda para os casos de Covid-19
Hospital Dr Jayme Santos Neves é referência no tratamento de Covid-19 no ES. (Luciney Araújo)

Quando uma pandemia causa mais de 31 mil mortes no Brasil e interrompe a vida de mais de 900 capixabas fica difícil avaliar a possibilidade dessa realidade indicar um cenário de esperança à população do Espírito Santo. No entanto o enfrentamento à Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, exigiu investimentos em equipamentos, contratação de profissionais de saúde e a abertura de novos leitos nos hospitais.

No momento em que o combate ao vírus for encerrado, essas e outras medidas adotadas pelo governo do Estado devem marcar o início de uma nova realidade no sistema de saúde pública dos municípios. A revolução provocada no comportamento da sociedade com a adoção de distanciamento social e novas práticas de higiene pessoal será incrementada por um legado que deverá ser ofertado nos serviços de saúde.

A instalação de novos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e enfermaria, o uso de novos protocolos de segurança, como a incorporação dos equipamentos de proteção individual (EPIs) em todos os setores das unidades hospitalares, o uso da telemedicina, a valorização e o maior emparelhamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Essas são algumas heranças que devem ser percebidas quando o fantasma da Covid-19 for considerado uma batalha vencida no Brasil e no mundo.

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A principal transformação será o aumento da segurança na atividade médico -hospitalar. Vai ocorrer uma preocupação maior nos ambientes de trabalho, desde o centro cirúrgico às equipes de limpeza. Isso deve ficar como um grande benefício. Vamos trabalhar com muito mais cuidado

Manoel Gonçalves Carneiro
Superintendente do Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Espírito Santo (Sindhes)
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“A principal transformação será o aumento da segurança na atividade médico -hospitalar. Vai ocorrer uma preocupação maior nos ambientes de trabalho, desde o centro cirúrgico às equipes de limpeza. Isso deve ficar como um grande benefício. Vamos trabalhar com muito mais cuidado”, destaca Manoel Gonçalves Carneiro, superintendente do Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Espírito Santo (Sindhes).

INVESTIMENTOS

Ministério da Saúde informou que repassou R$ 699 milhões para a saúde no Espírito Santo neste ano. Desse total, R$ 107,5 milhões foram destinados às despesas e serviços relacionados à Covid-19. Segundo o governo federal, o Estado recebeu recebeu EPIs como máscaras e óculos de proteção, além de álcool em gel, testes PCR e respiradores. De acordo com o órgão, 377 profissionais do programa Mais Médicos foram alocados em cidades capixabas.

Até o dia 14 de maio, o Estado já havia gastado cerca de R$ 207 milhões para o enfrentamento contra o coronavírus. Esse valor envolve a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa)Secretaria de Educação (Sedu)Secretaria de Justiça (Sejus), Ceturb, Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi) e a Secretaria de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades).

Só na Sesa, foram R$ 161 milhões, montante usado para aquisição de EPIs, respiradores, insumos, abertura e adequação de leitos na rede própria de saúde, compra de leitos, compra de kits de testagem, contratação de pessoal e obras. O Hospital Estadual de Vila Velha foi uma das unidades que passaram por reformas.

As instalações receberam rede de gás e vão contar com 127 leitos, sendo nove deles de enfermaria de isolamento, 14 semi-intensivos e 10 leitos de UTI. A proposta da Secretaria de Saúde é transformar a unidade em retaguarda para atendimento na Grande Vitoria, mudando o perfil do hospital para alta complexidade. A iniciativa faz parte do trabalho de remodelagem das unidades.

O secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, destaca que, ainda no mês de fevereiro, o governo identificou o risco e os possíveis desdobramentos que a pandemia poderia causar. Por causa dela, foram antecipados um conjunto de projetos e adequações na área da saúde que estavam previstas no planejamento estratégico da secretaria. A estimativa do governo é de que cerca de 400 novos leitos permaneçam abertos nos hospitais administrados pelo Estado no período pós-pandemia.

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Imagine em um mês aumentar 500 leitos de UTI e enfermaria no SUS. Imagine em dois meses chegar a 1.100 leitos de UTI e enfermaria novos no SUS dedicados a uma única doença. Essa capacidade tão rápida de expansão e organização dos serviços de saúde nunca existiu na história do Espírito Santo

Nésio Fernandes
Secretário estadual de Saúde
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CONTRATAÇÕES

Antes, a Sesa contava com 2.830 contratos temporários. Para atuar na guerra contra o inimigo invisível, 500 profissionais foram chamados por meio de um processo seletivo iniciado em 2019. Em abril deste ano, foi aberto um novo processo que autorizava a contratação de até 2.000 cargos de nível superior e outros de níveis médio e técnico específicos para atendimento de Covid-19. Dessas vagas, até o momento, 835 já foram ocupadas e 350 estão em processo de contratação. O secretário garante que as contratações serão mantidas pela gestão estadual.

O secretário de Estado da Saúde Nésio Fernandes de Medeiros Junior
O secretário de Estado da Saúde Nésio Fernandes de Medeiros Junior. (Reprodução/TV Gazeta)

“Quando passar a pandemia, se eu demitir esses profissionais, eu fecho leitos. Então, quando eu amplio o número de leitos, eu amplio o número de profissionais. Eu preciso ter um médico, um fisioterapeuta e um técnico de enfermagem para cada dois leitos de UTI. Assim, a saúde vai se constituindo na principal plataforma dos governos. A gente teve um avanço gigantesco e, no pós-pandemia, esse legado precisa ser preservado”, afirmou Nésio.

RESPIRADORES

No campo do tratamento aos sintomas da doença, os registros dos hospitais revelam que os pacientes diagnosticados com Covid-19 chegam a ficar entubados por mais de três semanas na UTI. Especialistas afirmam que uma das principais características do vírus é atacar o pulmão, comprometendo o padrão respiratório, por isso a ventilação respiratória mecânica é necessária no quadro grave da doença.

Novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com respirador no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra.
Respiradores no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra. . (Reprodução/TV)

Para garantir o atendimento e a manutenção dos leitos de UTI, o Estado adquiriu 110 respiradores. Mais 350 aparelhos estão com processo de compra em andamento, por meio de negociações nacionais e internacionais. Além da aquisição dos respiradores para utilização nas UTIs, a Sesa também já comprou 135 ventiladores mecânicos portáteis para suporte.

Dez foram enviados pelo Ministério da Saúde, 30 foram doados e outros 99 foram comprados pela Organização Social que administra um dos hospitais de referência no Estado, o Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, localizado na Serra. Ao todo, 734 aparelhos estarão à disposição da rede hospitalar. Os equipamentos poderão ser encaminhados para ampliar o atendimento nos municípios.

“Os respiradores podem melhorar o perfil de cuidado de leitos nos pronto-socorros, pronto atendimentos e ainda podem ser direcionados para os municípios e para unidades de cuidados avançados, seja para remoção hospitalar ou o que a gente chama de sala vermelha no serviços de emergência. Um respirador pode aumentar a quantidade de leitos que podem atender um trauma como infarto, por exemplo”, explicou. l

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