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Como os pais podem reduzir o uso de eletrônicos pelos filhos na pandemia

Como os pais podem reduzir o uso de eletrônicos pelos filhos na pandemia

Com a flexibilização de atividades, inclusive para retorno às aulas presenciais, há mais possibilidades de controlar a rotina dos filhos

Publicado em 24 de outubro de 2020 às 12:40

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Criança se divertindo na praia: cuidados com os pequenos no verão
Criança se divertindo na praia: atividades ao ar livre para estimular a área de recompensa do cérebro. (Unsplash)

Ainda que a pandemia da Covid-19 não tenha acabado, no Espírito Santo as atividades socioeconômicas estão sendo retomadas gradativamente. Desde que adotadas medidas de segurança, como distanciamento e uso de máscara, crianças já podem voltar para a escola, é possível praticar atividades físicas ao ar livre e, nessas condições, há mais chances de conseguir reduzir o tempo de exposição das crianças às telas de TV, celular e tablet.

Após tantos meses de confinamento, a neuropediatra Sueli Maria Teles, da Samp, diz que as famílias precisam oferecer outras opções para a criançada deixar os eletrônicos de lado.

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É preciso ter um limite para o uso e, no lugar disso, fazer um esporte, realizar atividades fora de casa. Levar ao parque, ir à praia, andar de bicicleta. Essa mudança vai ajudar a melhorar os problemas de comportamento, como transtorno de humor e distúrbio do sono, provocados pelo excesso de tela

Sueli Maria Teles
Neuropediatra
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Sueli Maria Teles, neuropediatra
A neuropediatra Sueli Maria Teles afirma que a prática de atividades físicas pode reverter problemas de comportamento. (Acervo pessoal)

Ricardo Cassa, neuropediatra da Rede Meridional, diz que ainda não é possível avaliar se as mudanças estruturais que as crianças e adolescentes podem ter sofrido durante a pandemia, com o excesso de dopamina liberado no cérebro pelo uso abusivo de telas, vão regredir. Mas ele concorda que é possível reverter pelo menos o hábito de uma criança que abusou das telas na pandemia.

MAIS DOPAMINA

O primeiro ponto que destaca é que a criança e o adolescente precisam ser orientados, e, para o médico, a grande chave para a mudança é restabelecer rotinas.

Se houve um aumento da dopamina que estimulou a área do desejo, que os tornou mais impulsivos e compulsivos, explica Ricardo Cassa, eles precisam ser regulados.

Os horários do sono são sagrados e a alimentação deve ser priorizada, principalmente para que possam ter plenitude nas atividades físicas. 

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Quando a criança começa a ter rotina, com horário para acordar e dormir, horários de boa alimentação, práticas de atividades ao ar livre - caminhadas, pega-pega, bike, natação - começa a incentivar áreas do cérebro que levam para ela o hormônio do prazer e da recompensa, substituindo o que era obtido com a tela

Ricardo Cassa
Neuropediatra
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As atividades que vão ser feitas, orienta Ricardo Cassa, devem ser na mesma intensidade da dificuldade que a criança ou adolescente tem de largar o eletrônico. Até os oito anos, segundo ele, as crianças têm todas as condições de preferir o contato social às telas.

Ricardo Cassa, neuropediatra
Ricardo Cassa ressalta a importância de estabelecer rotinas para as crianças e adolescentes. (Acervo pessoal)

O neuropediatra ressalta que também é importante que as crianças e adolescentes peguem sol, claridade, sobretudo a luz da manhã, que ajuda no ciclo vigília-sono.

“Mesmo se não puder sair de casa, é importante alcançar uma janela, uma varanda onde tenha sol para que o cérebro possa fazer essa correlação do que é dia e do que é noite.”

PRECISAM DE EXEMPLO

Coordenador da região Sudeste na Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Rodrigo Aboudib reforça a importância do exemplo.

“Como a criança aprende? Testando, imitando, brincando, observando, e por aí vai. Se ela observar e imitar um pai e uma mãe que ficam o dia todo pendurados no celular, esse é o exemplo que está sendo dado. O exercício físico ao ar livre é a grande ‘terapia’ que ajuda a melhorar a qualidade da hora das crianças”, pondera.

Outro recurso que é fácil de ser adotado é a contação de histórias. Há um trabalho científico, segundo Aboudib, que um dos fatores de maior proteção a distúrbios mentais das crianças é o ler e contar histórias.

“O contar é muito importante, inclusive se os pais analfabetos, para exercer essa proteção. Pode ser o sentar à mesa, aquele momento em família para conversar. Hoje as telas têm ocupado esse espaço”, observa o pediatra.

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