Ainda que a pandemia da Covid-19 não tenha acabado, no Espírito Santo as atividades socioeconômicas estão sendo retomadas gradativamente. Desde que adotadas medidas de segurança, como distanciamento e uso de máscara, crianças já podem voltar para a escola, é possível praticar atividades físicas ao ar livre e, nessas condições, há mais chances de conseguir reduzir o tempo de exposição das crianças às telas de TV, celular e tablet.
Após tantos meses de confinamento, a neuropediatra Sueli Maria Teles, da Samp, diz que as famílias precisam oferecer outras opções para a criançada deixar os eletrônicos de lado.
Ricardo Cassa, neuropediatra da Rede Meridional, diz que ainda não é possível avaliar se as mudanças estruturais que as crianças e adolescentes podem ter sofrido durante a pandemia, com o excesso de dopamina liberado no cérebro pelo uso abusivo de telas, vão regredir. Mas ele concorda que é possível reverter pelo menos o hábito de uma criança que abusou das telas na pandemia.
O primeiro ponto que destaca é que a criança e o adolescente precisam ser orientados, e, para o médico, a grande chave para a mudança é restabelecer rotinas.
Se houve um aumento da dopamina que estimulou a área do desejo, que os tornou mais impulsivos e compulsivos, explica Ricardo Cassa, eles precisam ser regulados.
Os horários do sono são sagrados e a alimentação deve ser priorizada, principalmente para que possam ter plenitude nas atividades físicas.
As atividades que vão ser feitas, orienta Ricardo Cassa, devem ser na mesma intensidade da dificuldade que a criança ou adolescente tem de largar o eletrônico. Até os oito anos, segundo ele, as crianças têm todas as condições de preferir o contato social às telas.
O neuropediatra ressalta que também é importante que as crianças e adolescentes peguem sol, claridade, sobretudo a luz da manhã, que ajuda no ciclo vigília-sono.
Mesmo se não puder sair de casa, é importante alcançar uma janela, uma varanda onde tenha sol para que o cérebro possa fazer essa correlação do que é dia e do que é noite.
Coordenador da região Sudeste na Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Rodrigo Aboudib reforça a importância do exemplo.
Como a criança aprende? Testando, imitando, brincando, observando, e por aí vai. Se ela observar e imitar um pai e uma mãe que ficam o dia todo pendurados no celular, esse é o exemplo que está sendo dado. O exercício físico ao ar livre é a grande terapia que ajuda a melhorar a qualidade da hora das crianças, pondera.
Outro recurso que é fácil de ser adotado é a contação de histórias. Há um trabalho científico, segundo Aboudib, que um dos fatores de maior proteção a distúrbios mentais das crianças é o ler e contar histórias.
O contar é muito importante, inclusive se os pais analfabetos, para exercer essa proteção. Pode ser o sentar à mesa, aquele momento em família para conversar. Hoje as telas têm ocupado esse espaço, observa o pediatra.
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