Um apartamento em chamas, uma família em apuros. Casos de incêndios domésticos podem acontecer a qualquer momento, seja dentro da sua própria casa ou na residência de algum um vizinho. Acionar o Corpo de Bombeiros é sempre a primeira orientação do que fazer. Mas enquanto o socorro não chega, testemunhas podem ajudar com algumas ações.
Entre as orientações, o Corpo de Bombeiros pede que as pessoas saiam imediatamente do prédio em chamas e auxiliem a saída de pessoas com dificuldade de locomoção.
Em primeiro lugar, é muito importante que as pessoas saibam que não devem tentar invadir o apartamento que está em chamas se não tiverem treinamento específico para essa ação. Pois, ao abrir a porta de um local em chamas sem qualquer preparo, há uma chance maior do incêndio alastrar-se, fazendo mais vítimas.
O major Maurício, assessor de comunicação do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo, contou que é muito comum casos de vizinhos entraram no local incendiado, conseguirem salvar algumas pessoas e depois perderem a própria vida no incêndio.
"É muito perigoso dizer que as pessoas devem ajudar dessa forma porque elas não são profissionais e esse trabalho não faz parte da rotina delas. Em um local de incêndio, há pouca oferta de oxigênio. O perigo quando alguém resolve abrir ou arrombar a porta de um apartamento em chamas é que, ao abrir, ele pode queimar mais, em um efeito que chamamos de flashover - ignição súbita generalizada. Ou um efeito explosivo backdraft, que é uma onda de choque que pode arremessar pessoa na parede. Esses efeitos matam pessoas no mundo inteiro. Por isso, não orientamos enfrentar as chamas. Já vi pessoas que fizeram isso, saindo do local andando normalmente e morrendo dois dias depois por causa da fumaça inalada", orienta.
"O princípio de um incêndio tem pouca fumaça e o calor permite uma aproximação. Nesse caso, é possível ainda usar o extintor. Já em um incêndio, com muita fumaça e calor, não indicamos essa ação. A mangueira, porém, tem a vantagem de que não precisa se aproximar tanto das chamas", disse.
Já nos casos de pessoas em chamadas não se deve usar o extintor de incêndio. O ideal é buscar uma toalha ou cobertor para abafar as chamas que estão no corpo da pessoa, de acordo com o tenente-coronel Roger Amaral, do Corpo de Bombeiros.
"Se você usar o extintor de PQS, que é o de pó, você vai contaminar e piorar a situação do queimado. O de água é preciso saber utilizar ou terá uma pressão muito forte e vai machucar o queimado. O extintor de água é para ser usado quando tem um princípio de incêndio no apartamento, por exemplo. Em um incêndio maior será usado aquele hidrante de parede. Então, o certo é pegar a toalha e fazer o abafamento do local onde está pegando fogo no corpo da pessoa. Sem o oxigênio, o fogo acaba. Essa toalha pode estar molhada ou não, o importante é fazer o procedimento mais rápido e com o melhor abafamento possível para esse fogo acabar logo", orientou Amaral.
Nesses casos, muita gente se pergunta: mas não tem risco de o fogo passar para a toalha e atingir a outra pessoa? O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros diz que os riscos disso acontecer são mínimos.
"Risco tem, mas é mínimo. Se você abafar bem, o oxigênio acaba. Sem oxigênio não tem fogo. Quanto mais rápido fizer isso, mais rápido acaba com o fogo e as sequelas são mínimas para a pessoa. Às vezes a pessoa fica correndo para lá e para cá, demora muito, e uma queimadura que poderia ser de primeiro ou segundo grau, acaba sendo de terceiro grau", explicou o tenente-coronel.
Se o acidente não aconteceu em casa e não há uma toalha ou cobertor por perto, não é indicado sair batendo com a mão no corpo da pessoa em chamas. Nesses casos, o recomendável é rolar a pessoa no chão.
"A gente não aconselha bater com a mão quando o corpo de alguém está pegando fogo. Quando você bate, acaba queimando a sua mão. Caso não tenha uma toalha ou cobertor, mande a pessoa deitar no chão e faça o rolamento dela. Role ela para um lado, conte até três, e role de novo. Vai ser feito o abafamento com o chão. Quando você deita no chão você corta o contato com o fogo", explicou Amaral.
O presidente do Sindicato dos Condomínios, Gedaias Freire da Costa, contou que uma vez ao ano o Corpo de Bombeiros participa do Seminário Arquitetura x Condomínios do Conselho de Arquitetura e Urbanismo. Voltado para arquitetos, síndicos e administradoras de condomínios, o evento apresenta temas de prevenção e combate a incêndios. No encontro, são abordados os principais casos de incêndio dos últimos meses. Entre as orientações, está a de que os moradores devem ajudar sem colocar a própria vida em risco.
"As orientações que a gente sempre recebe é acionar o Corpo de Bombeiros e ajudar no possível enquanto a equipe não chega, sem colocar a vida em risco. Priorizar a ajuda de quem sabe usar os equipamentos, como a mangueira, pois muitos moradores não possuem essa informação", disse.
Além disso, o presidente do Sindicato completou que os condomínios residenciais e comerciais são obrigados a ter o alvará do Corpo de Bombeiros, atendendo todas as normas técnicas exigidas, como extintores, portas corta fogo, acesso de saída dessas portas sempre livres e desimpedidas, iluminação de emergência, garantia do funcionamento de todos os equipamentos de proteção a incêndio, entre outros.
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