A data para a volta às aulas presenciais ainda não está definida, mas as escolas já estão envolvidas no planejamento para a retomada, e um dos pontos de atenção é sobre como vai ser o retorno dos professores que fazem parte do grupo de risco. A preocupação é justificada porque pessoas com hipertensão e diabetes, por exemplo, mostraram-se mais suscetíveis ao agravamento nos casos de Covid-19.
Na rede privada, as escolas discutem as melhores estratégias tanto para preservar a saúde da equipe quanto para garantir o atendimento pedagógico adequado. Vice-presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES), Eduardo Costa Gomes diz que tudo está sendo tratado com cautela.
"A reflexão que sempre fazemos é que as questões de saúde são da saúde. O retorno dos profissionais, portanto, tem que ser autorizado por um médico, nos ajudando a entender as fragilidades para cada ambiente."
Eduardo explica que essa avaliação é fundamental porque uma pessoa com quadro hipertensivo, mas que mantém a pressão arterial sob controle com medicação, dieta e atividade física pode ter condições de fazer um trabalho presencial, se o médico assim o autorizar.
O vice-presidente do Sinepe-ES acredita que as escolas vão lidar com duas situações distintas: educadores que não são de grupos de risco, mas têm receio de voltar, e trabalhadores com comorbidades, mas que não aguentam mais ficar em casa e querem retomar a atividade presencial. Neste último caso, a decisão não será individual porque, ressalta Eduardo Gomes, a escola é corresponsável e o educador precisa da liberação de um profissional da saúde.
Algumas escolas, segundo ele, já estão solicitando laudos para suas equipes, ao passo que outras deverão recomendar que os professores e demais servidores antecipem a avaliação anual com o médico do trabalho, ou mesmo orientar que busquem atendimento com seus próprios especialistas.
Do ponto de vista pedagógico, Eduardo Gomes aponta que, mesmo de casa, os professores que não puderem retomar as aulas presenciais terão como dar a sua contribuição, tanto oferecendo a disciplina para os alunos que também estarão em atividade remota, quanto para aqueles que estiverem na escola. Nesta situação, com o suporte de outro profissional para fazer a intermediação com a turma.
Questionado sobre a possibilidade de haver mais professores em casa do que na escola, o dirigente do Sinepe considera a hipótese pouco provável, porém, caso alguma instituição se depare com esse quadro, a alternativa será a contratação de novos profissionais.
Eduardo Gomes falou ainda que, no cenário da pandemia, muitas vezes a escola tem mais perguntas do que respostas, e é importante que, assim que a reabertura das unidades for autorizada, professores e funcionários sejam recebidos primeiro para que todos os esclarecimentos necessários sejam feitos e, se a instituição desejar, inclusive com a participação de um médico. "A informação com qualidade ajuda a esclarecer e pode diminuir as preocupações com o retorno, que deverá ser feito com toda segurança e prudência", reforça.
Para as escolas da rede estadual, a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) informa, por nota, que está fazendo um mapeamento para identificar onde estão os profissionais de grupos de risco e, assim, definir as ações voltadas para esse público. Em manifestações anteriores, o secretário Vitor de Angelo já havia mencionado a possibilidade desses educadores trabalharem de casa, uma vez que as atividades remotas serão mantidas.
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