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Comunidade transforma "lixão" em complexo esportivo em Aracruz

Comunidade transforma "lixão" em complexo esportivo em Aracruz

Sem uma área de lazer, moradores do bairro Clemente uniram forças, limparam um terreno em desuso e o transformaram em um espaço de convivência com prática de futebol de areia, futevôlei, futmesa e muito mais

Publicado em 13 de maio de 2021 às 11:56

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Aracruz
O espaço construído pela própria comunidade já recebeu campeonatos de futevôlei e outras competições, no bairro Clemente, em Aracruz. (Arquivo pessoal)

O "lixão" virou luxo, ou melhor, foi transformado em um espaço com direito à arquibancada, campo de futebol de areia, futevôlei, área para futmesa, mesas para dominó e carteado. Tudo isso foi feito com o esforço da própria comunidade do bairro Clemente, em Aracruz, no Norte do Espírito Santo. Como o local carecia de uma área de lazer, os moradores resolveram unir forças para limpar um terreno em desuso e, no local, criou alternativas para incluir o esporte na vida das crianças, jovens e adultos. 

A área particular em questão era um ponto viciado de lixo, onde eram descartados pneus e entulhos em geral, por exemplo, e essa aparência de "lixão" incomodava moradores próximos. Decidido a mudar esta realidade e dar um novo aspecto ao bairro, o soldador Valério Sampaio Pantaleão, de 38 anos, idealizou transformar o local em algo útil. Com a ajuda braçal e financeira de vizinhos, amigos e conhecidos, o mato alto aos poucos foi se transformando na "Arena das Lendas", como passou a ser carinhosamente chamado o espaço.

"Tem mais ou menos uns seis meses que a gente teve esta ideia de fazer um campinho ali. Aqui no bairro não temos área de lazer ou uma quadra, a mais próxima fica distante. Eu percebi que daria para mudar, então resolvi chamar algumas pessoas e começamos a construir. Limpamos o terreno, conseguimos a areia, os pneus que viraram a arquibancada, algumas pessoas doaram as redes, bolas e outros materiais, e depois de muito esforço conseguimos construir este espaço, que é importante demais aqui para o Clemente", disse o soldador.

Aracruz
Tudo foi feito com o empenho dos moradores do bairro Clemente, em Aracruz. (Arquivo pessoal)

FOCO NO ESPORTE

A importância citada por Valério está relacionada à ocupação positiva que o espaço propicia à comunidade. Antes sem uma área dedicada ao esporte, não era raro ver alguns jovens e crianças do bairro envolvidos com caminhos perigosos. Com o "complexo esportivo", a garotada agora pode passar o tempo jogando bola e se afastando das coisas ruins.

Aracruz
O soldador Valério Pantaleão foi um dos idealizadores e ajudou na mobilização para construir a Arena das Lendas. (Arquivo pessoal)

"Nosso é formado por pessoas humildes, gente de bem, mas sempre tem aqueles que optam pelas coisas erradas. A gente via a preocupação das mães com os filhos sem ir à escola por causa da pandemia. Ninguém quer ver um menino indo para o lado errado da vida, sabe. Então quando a gente se juntou, foi para também colocar essa molecada para ter o que fazer. Nada melhor do que eles mesmos construírem o campo onde jogam. Agora passam o dia todo lá e trouxe mais alegria ao bairro, além de alívio para as famílias", disse Valério.

ÁREA PRIVADA

O local, que pertence à empresa Suzano (antiga Fibria e Aracruz Celulose), agora sedia até torneios de futebol de areia e outras modalidades. A arena poliesportiva ainda recebe acabamentos como pintura, arborização e outros detalhes. A intenção do soldador é que mais pessoas da comunidade se envolvam com o espaço, fazendo da área um ponto de referência na comunidade.

Aracruz
O terreno onde foi construído o espaço esportivo era uma área em desuso e que pertence a uma empresa particular. (Reprodução/Google)

"A gente quer sempre melhorar, né. Há pouco tempo a gente não tinha nada aqui e agora com nosso próprio esforço conseguimos colocar nosso projeto de pé. Tudo com a ajuda de um, de outro, das pessoas que cedem o próprio tempo, um pouco de tinta ou doa um pneu usado. Não tem participação de político, prefeitura nem nada. É tudo fruto do nosso empenho", salientou Valério.

Segundo a liderança da comunidade, quando as intervenções no espaço foram iniciadas, representantes da produtora de celulose estiveram no local para averiguar a situação. Mas rapidamente a comunidade mostrou as reais intenções e o projeto seguiu adiante.

VISTO DE CIMA

"Chegou até eles que a gente estava desmatando uma matinha que tem aqui. Na verdade é o contrário, nós plantamos mais árvores para cercar o ambiente e limpamos todo o mato existente. A gente já tentou falar com a empresa, mas é muito difícil o contato com eles", explicou Valério.

ENCONTRO MARCADO

Em contato com a reportagem de A Gazeta, a Suzano disse, em nota, que "recebeu o convite de um representante da comunidade para conhecer as ações de revitalização implementadas na área em questão. Uma visita já está sendo programada para as próximas semanas", disse a produtora de celulose inicialmente.

Na resposta, a empresa disse ainda que a companhia "acredita na importância do diálogo aberto e transparente, especialmente com as comunidades. Essa parceria é fundamental para fortalecer as ações, sobretudo aquelas que estão diretamente relacionadas ao Propósito de renovar a vida a partir da árvore, renovando a nossa forma de produzir, consumir, distribuir valor e como nos relacionamos com a natureza". 

Do alto, é possível ver bem tudo o que já foi feito no antigo lixão(Arquivo pessoal)

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