A fuga de um preso condenado a 180 anos de prisão está sendo investigada pela Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). Com acusações de três assassinatos, uma tentativa de homicídio e outra tentativa de latrocínio, além de uma série de roubos a comércios no Norte do Espírito Santo, Márcio Vieira, escapou pulando o muro da Penitenciária de Segurança Máxima 2, em Viana, na tarde de segunda-feira (12).
De acordo com informações da Sejus, o detento realizava trabalho na área interna da unidade e conseguiu fugir pulando o muro, voltado para uma área de mata. Buscas foram realizadas por inspetores penitenciários, apoio do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer) e Polícia Militar, porém, até esta quarta-feira (14), Márcio não havia sido localizado.
A Secretaria de Estado da Justiça também comunicou o fato ao Poder Judiciário e repassou informações para as forças de segurança do Estado a fim de aumentar as chances de recaptura. A Diretoria de Inteligência Prisional (DIP) do órgão tem realizado levantamentos para auxiliar as polícias na localização do foragido do sistema prisional.
A abertura do Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) para investigar as circunstâncias da fuga registrada na Penitenciária de Segurança Máxima também deve esclarecer dúvidas como se a fuga foi ou não facilidade, se foi planejada ou ocasional e quais medidas devem ser tomadas para evitar que situações se repitam.
É extensa a ficha criminal do detento Márcio Vieira, que conseguiu pular o muro e fugir da Penitenciária de Segurança Máxima. Pelo menos três assassinatos, uma tentativa de homicídio e outra tentativa de latrocínio, além de uma série de roubos a comércios no Norte do Espírito Santo.
Márcio, de 41 anos, é natural de Colatina e já foi condenado a mais de 180 anos de prisão. Somente em um dos processos que responde na Justiça, o detento recebeu uma pena de 84 anos. O detento, segundo a sentença, foi um dos responsáveis pelo assassinato de três pessoas duas em Linhares e a outra em Aimorés, em Minas Gerais e por tentar matar outra pessoa, também em Linhares. O caso aconteceu em junho de 2011 e Márcio Vieira foi condenado em 2015 pelo Júri Popular.
O foragido também responde por roubos a casas, propriedades rurais e comércios em Colatina, João Neiva e Aracruz, inclusive com uso de agressão física contra as vítimas.
Por nota, o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio do Grupo Especial de Trabalho em Execução Penal (Getep), informou que acompanha os trabalhos investigatórios sob responsabilidade da autoridade policial e da Corregedoria da Secretaria de Estado da Justiça quanto à eventual participação ou conivência de servidor público, não sendo necessário, no momento, apuração em paralelo ou complementar por parte do MPES.
Na terça-feira (13), informações sobre crime de tráfico de drogas dentro de uma das unidades prisionais do Espírito Santo foi divulgada pela Polícia Civil. Um inspetor penitenciário foi preso pela Delegacia Especializada Narcóticos (Denarc) de Guarapari, com apoio da Secretaria da Justiça, por integrar quadrilha de traficantes e facilitar a entrada de entorpecentes em um presídio.
Segundo a polícia, o inspetor também facilitava o acesso de internos a telefones celulares. O inspetor trabalhava no complexo penitenciário de Viana, no Centro de Detenção Provisória 2. Em abril deste ano, o preso que é chefe da quadrilha foi transferido para Guarapari, onde passou a tentar implantar o esquema criminoso, mas a polícia começou a investigar e descobriu todas as irregularidades que aconteciam antes mesmo da transferência, ainda no presídio de Viana.
O então servidor, preso na última sexta-feira (9), era inspetor penitenciário em designação temporária, assumindo o cargo em 23 de agosto de 2018. Com a prisão, o contrato do mesmo foi rescindido, conforme publicação no Diário Oficial desta quarta-feira (14). A Corregedoria da Sejus segue acompanhando o caso.
A mesma operação que prendeu o inspetor, já havia detido duas advogadas no dia 11 de setembro. Elas são suspeitas de levar entorpecentes para os presos dentro do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarapari. Uma delas, segundo a Polícia Civil, era a verdadeira líder da organização.
"Ela era a segunda pessoa na pirâmide organizacional e hierárquica do grupo. Constatamos que ela negociava drogas diretamente com fornecedores, ordenava a aquisição de armas, emitia comandos para os demais gestores. Identificamos comunicações nas quais ela retransmitia ordens do seu companheiro e chefe da organização e determinava a execução de pessoas", disse o delegado Guilherme Eugênio, responsável pelas detenções.
De acordo com o delegado, a atuação criminosa de uma das advogadas tinha uma atuação que ia muito além do núcleo jurídico da organização e recebia diretamente todos os depósitos destinados ao chefe do grupo. "Os funcionários deles arrecadam e têm que repassar o lucro para a organização e é justamente na conta de uma dessas advogadas que o dinheiro vinha sendo depositado. Inclusive ela e o chefe do grupo assumem uma suposta união estável entre eles", explicou.
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