Em meio à epidemia de dengue e ao aumento dos casos de chikungunya, condomínios têm contratado, por conta própria, o serviço de fumacê, para reforçar o combate ao Aedes aegypti, mosquito causador das doenças.
Em um condomínio de Jardim da Penha, em Vitória, o foco tem sido as garagens, conforme explica a síndica Aline Moraes.
“São mais de 100 apartamentos e tem muita rotatividade, até por conta dos aluguéis por temporada. Então, os moradores pediram também (para reforçar as ações) e tem ajudado. Já diminuiu bastante o volume dos mosquitos e ajuda também a proteger os funcionários”, relata Aline.
O uso do fumacê no interior do condomínio foi adotado no local pela primeira vez neste ano, diante do aumento de casos de dengue no Estado. O mesmo ocorreu em outro conjunto de apartamentos, em Bento Ferreira, na Capital.
Lá, o administrador e síndico do Condomínio Paraná, Helryd Brandemburg, explica que o inseticida é espalhado a cada 15 dias, de modo a complementar o serviço de fumacê da administração municipal. Ele e o irmão Hendrik Brandemburg, que atua como gestor, estão preocupados com a infestação dos mosquitos.
“Estava tendo muito mosquito, mesmo com o fumacê da prefeitura. Os funcionários estão ficando doentes de tempos em tempos. Nesses últimos três meses, tive que afastar três pessoas. Então, a cada 15 dias é refeito o serviço", conta Helryd.
Paralelamente, ele explica que é feito o controle de larvas nas áreas comuns, a fim de tentar eliminar possíveis focos do mosquito. Mas o síndico levanta outra preocupação.
“A grande questão em Bento Ferreira são os terrenos baldios. O prédio está próximo a um deles e a uma área verde. Esses locais não têm as ações necessárias (de combate ao mosquito)”, aponta Helryd.
O presidente do Sindicato Patronal de Condomínios e Empresas de Administração de Condomínios do Espírito Santo (Sipces), Gedaias Freire da Costa, reforça que, mesmo com a ação das administradoras, é necessária a colaboração dos moradores, de modo a impedir o aumento de casos das arboviroses.
Gedaias orienta que moradores coloquem telas nas janelas e nos ralos, evitem águas nos vasos de plantas e deem descarga regularmente no vaso sanitário, inclusive em banheiros que eventualmente fiquem parados, além de fazer o descarte adequado do lixo.
“É muito bom que as administradoras estejam adotando essas ações nos condomínios onde há casos de dengue entre os moradores e funcionários, mas é necessário também que todos adotem ações proativas. O condomínio faz nas áreas comuns, mas, dentro das unidades, cada morador tem que fazer a sua parte”, destaca Gedaias.
O produto usado no fumacê é um inseticida reforçado, que é pulverizado nos ambientes para matar os mosquitos existentes. Conforme observa o Ministério da Saúde, embora os inseticidas sejam aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é preciso observar as doses recomendadas. “É fundamental o uso racional e seguro dos inseticidas nas atividades de controle vetorial, tendo em vista que o seu uso indiscriminado gera impactos ambientais, além da possibilidade de desenvolvimento da resistência dos vetores aos produtos”, diz a pasta.
Além do impacto ambiental, o inseticida também pode ter efeitos momentâneos sobre a saúde humana, conforme explica a pneumologista Cileia Martins, da Unimed Vitória.
“Na verdade, o fumacê foi criado para impedir a proliferação do mosquito. Ele não chega a nos atingir (com intensidade), mas, quando o fumacê passa, por ser um pouco irritante, pode provocar uma crise de rinite, pode afetar um pouco quem tem asma, mas é um efeito passageiro”, afirma Cileia.
A pneumologista Carla Bulian, da Rede Meridional, aponta, ainda, que existem orientações técnicas quanto ao uso do fumacê que ajudam a minimizar as chances de efeitos colaterais momentâneos.
“Tem um período que pode ser usado, não é todo dia. Geralmente a cada semana ou duas. Às vezes é (dispersado no) começo da manhã ou no final da tarde. E mesmo assim há pessoas que, às vezes, ficam com a garganta coçando ou o olho irritado. Pessoas que têm asma, às vezes, podem sentir mais desconforto, mas nada grave ou de longo prazo”, observa Carla.
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