Já imaginou você, depois de curtir os bloquinhos de carnaval, chegar em casa todo feliz, mas perceber que levou um golpe? Ninguém quer passar a folia assim. Por isso, para evitar problemas, alguns cuidados são necessários para garantir um carnaval divertido e seguro. Confira as dicas.
Para evitar prejuízos é preciso estar sempre atento. Quando criminosos não fazem o uso da violência física durante o crime, é possível que as vítimas demorem para perceber o que aconteceu. Conversamos com o delegado Douglas Vieira, titular da Delegacia Especializada de Crimes de Defraudações e Falsificações (Defa), que auxiliou a reportagem a compor situações hipotéticas de golpes e como se proteger deles.
Não coloque nada nos bolsos. Apesar da função estética questionável, pochetes e doleiras são ótimas para carregar umas coisinhas. Contudo, o acessório virou alvo de bandidos, por ser o compartimento para carteira, celular e cartões. Esse tipo de furto é, geralmente, cometido por mais de uma pessoa. Enquanto alguém passa para abrir o zíper discretamente, outro furta os pertences sem que a vítima perceba. Por isso, esteja sempre acompanhado e ajude a ficar de olho em quem está perto.
Outra dica é colocar um cadeado ou um mosquetão prendendo o zíper em outra parte fixa do acessório. Assim, a ação que consiste em movimentos muito sutis não seria possível.
Para o dia a dia, pagamentos virtuais, feitos pelo celular, são uma opção incrível devido à praticidade. Mas, levando em consideração a quantidade de informações que devem ser digitadas, observadas e conferidas, você pode se sentir mais seguro optando pelo bom e velho dinheiro em espécie.
Optar por levar o cartão para o bloco exige muitos cuidados, principalmente com a função de pagamentos por aproximação habilitada. O delegado Douglas Vieira alerta que, por mais que para efetuar os pagamentos seja necessário que o cartão esteja bem próximo, é bom protegê-lo.
O ideal é desabilitar a função no aplicativo do seu banco, mas uma dica é guardar em um case que inibe o sinal necessário para o pagamento por aproximação. “É uma dica muito válida. É um alumínio que bloqueia esse sinal da aproximação”, disse o delegado, que contou que também usa esse tipo de proteção.
Máquina de cartão com visor quebrado, não dá. Se não tem como ter certeza do valor que está sendo cobrado, não insira a senha. Se o display estiver funcionando perfeitamente, não quer dizer que não precisa de atenção e o alerta também vem da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
“Muitas vezes, o golpista também usa algum truque e desvia a atenção do folião para que a vítima digite a senha no campo destinado ao valor da compra. Isso permite que o bandido descubra o código secreto. É importante ressaltar que o campo de senha deve mostrar apenas asteriscos”, alerta Adriano Volpini, diretor do comitê de prevenção a fraudes da Febraban, em comunicado da empresa.
O golpe da troca de cartão acontece da seguinte forma: o criminoso induz a vítima a digitar a senha do campo onde o vendedor digita o valor da compra. Diferentemente do campo destinado ao código secreto — onde apenas asteriscos aparecem na tela —, o “valor” fica visível. Em posse desse dado, vem a segunda parte da farsa: a troca.
Os bandidos vão trocar o seu cartão por um da mesma empresa. O design minimalista de alguns cartões, que são de uma cor só — como roxo, laranja, verde, amarelo, entre outros —, acaba sendo uma vantagem para pegar quem está desatento. Por isso, não perder o cartão de vista é tão importante. Uma ideia é colar um adesivo no cartão. Isso vai ajudar a reconhecê-lo.
Além disso, os criminosos costumam filmar ou fotografar o cartão da vítima. Com as informações contidas no cartão — número, data de vencimento e código de segurança —, é possível realizar compras na internet ou até cadastrar o cartão em aplicativos de comida e transporte.
Então, se na hora de fazer o pagamento a pessoa alegar que aconteceu algum erro e que vai “ali” passar o cartão longe de você ou pegá-lo da sua mão para efetuar o pagamento por baixo do balcão, por exemplo, desconfie. Faça imediatamente o bloqueio para compras on-line, o que é possível realizar, com facilidade, na maioria dos aplicativos de bancos e carteiras virtuais. O titular da Defa lembra que colar uma fita em cima das informações do cartão já dificulta muito o trabalho dos golpistas.
Caso o pagamento seja feito por meio do Pix, os bandidos também podem se valer da falta de atenção do folião. Por isso, ao pagar — seja por QR Code, chave pix ou alguma carteira virtual —, confira as informações do destinatário do dinheiro.
A FC Nuvem, empresa especializada em cibersegurança e jornada de dados, também alertou sobre os pagamentos digitais. “Como é possível fazer pagamentos com um código ou com QR Code, golpistas enganam a vítima e manipulam esses dados, direcionando a transferência para outro recebedor. É fundamental que o cliente, antes de concluir o pagamento, verifique o nome de quem receberá o dinheiro, para confirmar que se trata do destinatário correto”, disse comunicado da empresa
Se possível, eleja um amigo que pretende não beber para gerenciar os pagamentos da turma, como recomenda o delegado Douglas Vieira. Isso evita que você envie pagamentos a desconhecidos.
Se antes servia para fazer ligações e mandar mensagem de texto, hoje é difícil dizer o que não é possível fazer pelo celular. O aparelho carrega, entre muitas coisas, documentos e dinheiro. Perder o celular é como perder a carteira, só que muito pior.
Segundo a Febraban, muitos roubos de aparelhos celulares ocorrem em vias públicas durante o uso pelas pessoas. Dessa forma, os criminosos têm acesso ao aparelho já desbloqueado e, a partir daí, realizam pesquisas buscando por senhas eventualmente armazenadas pelos próprios usuários em aplicativos e sites.
“Muitos usuários anotam suas senhas de acesso ao banco em blocos de notas, e-mails, mensagens de Whatsapp ou em outros locais do celular. Também há casos de clientes que usam a mesma senha de acesso do banco em outros aplicativos que, em grande parte dos casos, não contam com sistemas de segurança robustos”, diz nota da entidade.
O ideal é deixar o celular sempre guardado. Mas, se você precisar pegar o aparelho na folia, use um acessório que dificulte que ele seja levado ou perdido, como uma cordinha para pendurar no pescoço ou amarrar no braço. Outra recomendação de todos os especialistas é usar a autenticação de 2 fatores (2AF). Assim, mesmo que criminosos descubram a senha, ainda terão dificuldades em acessar as contas.
A desatenção também pode ser sua inimiga. Então, armazene os dados, como contatos e fotos em uma nuvem. Mesmo que o celular não seja recuperado, o transtorno será menor.
Você deve pensar: "Ok, mas se eu desinstalar o aplicativo do banco, eu vou pagar com o quê?" Vale considerar o dinheiro físico. Por mais que uma nota ou outra caia do bolso, o risco ainda é menor do que ter uma conta limpa ou um empréstimo solicitado em seu nome, através do aplicativo.
Abraços e beijos são ótimos. Mas, antes de sair abraçando e beijando a boca de qualquer estranho, cuide para que seus pertences estejam protegidos ou guardados em outro lugar. Ladrões se aproveitam da aproximação para levar, principalmente, celulares.
O delegado Douglas Vieira aconselha que a vítima entre em contato imediatamente com a instituição financeira para realizar o bloqueio da conta e outras medidas cabíveis, para atenuar possíveis prejuízos. Registrar um Boletim de Ocorrência (BO) também é importante e pode ser feito on-line, na delegacia virtual da Polícia Civil do Espírito Santo (PC-ES).
Caso o crime tenha acabado de ocorrer, a vítima deve acionar a polícia pelo número 190. "É uma boa oportunidade de o golpista ser preso imediamente", ressalta o titular da Defa.
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