Um momento de luto não impediu que a capixaba Maiana Guerra levasse ao pé da letra o ditado: "Fazer o bem sem olhar a quem". Mesmo após a perda do pai, a trancista do bairro Maruípe, em Vitória, tomou uma das decisões mais importantes da vida: doar os órgãos de seu pai, Paulo César Guerra, de 55 anos, vítima de morte encefálica em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC). Nesta terça-feira (1º), Maria Elena Gouveia, moradora da Baixada Fluminense, recebeu o fígado de Paulo César.
O transporte do fígado envolveu dificuldade de locomoção da paciente e interdição da Linha Vermelha, uma das principais vias do Rio de Janeiro. Maiana Guerra contou que estava no cartório fazendo o atestado de óbito do pai quando soube da cena, mostrada ao vivo na TV Globo durante a manhã.
Em conversa com a reportagem de A Gazeta, a filha de Paulo César contou sobre a decisão de doar os órgãos. "Quando eu soube da morte encefálica e que ele seria um provável doador, eu aceitei sem hesitar. Eu soube que, mesmo que alguém da família não quisesse, eu poderia decidir, já que sou filha. Eu não queria ver ninguém passando o que eu estou passando. Conforta meu coração saber que posso salvar uma pessoa", afirmou.
Paulo César Guerra, de 55 anos, trabalhava como lavador de carros na Serra. Na última quinta-feira (26), ele estava trabalhando quando começou a sentir dores na cabeça. Ele foi, então, levado a um hospital na Serra. Paulo César morreu em decorrência de um acidente vascular cerebral. Ele deixou quatro filhos e dois netos.
Para Maiana Guerra, a doação, que chamou a atenção de todo Brasil nesta terça-feira (1º), pode incentivar que mais pessoas tomem a decisão de doar os órgãos. "É uma sementinha. Imagina como a família está agora, devem estar feliz agora. Isso me deixa em paz", contou.
O transporte e a doação ocorreram dentro do planejado, e o trânsito na via, na altura do Complexo da Maré, foi liberado ainda durante a manhã. A paciente que recebeu o órgão foi internada no Hospital Silvestre, no Cosme Velho, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
O fígado foi levado em um voo da Gol e chegou ao Rio de Janeiro antes das 7h30 desta terça-feira (1º). Ao chegar ao Aeroporto do Galeão, foi até o hospital em um carro da secretaria. A paciente é uma mulher de 69 anos, identificada como Maria Elena Gouveia. Ela era a primeira da fila de espera por um fígado e estava aguardando havia três meses. A previsão é que a cirurgia da mulher de 69 anos fosse realizada ainda durante a manhã.
Segundo informações do g1, a mulher quase perdeu a oportunidade do transplante por conta de um tiroteio. O órgão de regulação entrou em contato com a família da receptora para que ela fosse o mais rápido possível ao hospital no Cosme Velho. Mas a família não conseguia sair de casa devido a uma troca de tiros na região onde vivem, em Belford Roxo.
Caso perdesse a hora, ela perderia o lugar na fila para o segundo paciente compatível. A expectativa era de que ela chegasse ao hospital na noite de segunda (30), mas só chegou por volta das 6h de terça-feira (1º). Como chegou dentro do intervalo permitido, passou pelos procedimentos de transplante.
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