No dia 26 de fevereiro, em pleno carnaval, o Espírito Santo começava a sofrer os reflexos da doença que já estava dizimando vidas em vários países. Um paciente que chegara da Itália testou positivo para a contaminação pelo novo coronavírus. Era o início de uma saga que, quase seis meses depois, já resultou em 84.255 casos confirmados da Covid-19. Um número que supera em muito a população de um município da Grande Vitória: Viana.
A cidade tem uma população estimada, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 78.239 habitantes. Se todas as pessoas que foram infectados pelo novo coronavírus no Espírito Santo, com testes de confirmação, residissem em Viana, faltariam residências.
Os 6.016 restantes também superam a população de outra cidade capixaba, Mucurici. Localizada no extremo Norte do Estado, o município possui, segundo o IBGE, 5.524 habitantes.
Números que revelam a tragédia sem precedentes causada pela Covid-19, como observa a doutora em Saúde Coletiva e Epidemiologia, a professora Ethel Maciel, do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), também membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE). São números que impactam porque é, sem dúvidas, a maior tragédia sanitária do Espírito Santo, destaca.
Uma doença que chegou a registrar, em um só dia, 22 de junho, um total de 1.877 casos confirmados de contaminação pelo novo coronavírus. O segundo pico diário foi em 2 de julho, com 1.670 casos.
A Grande Vitória, que reúne os municípios de Vila Velha, Vitória, Serra, Cariacica e Viana, totaliza 51,7% dos casos positivos para o novo coronavírus registrados no Estado, com 43.633 pessoas infectadas.
Os números individuais de cada uma destas cidades também dão outra dimensão da doença. Vila Velha, por exemplo, possui 12.551 confirmações da doença. Um total que supera em pouco toda a população da cidade de Ibiraçu, que conta com 12.279 habitantes, segundo as estimativas populacionais do IBGE para o ano de 2019.
Vitória detém o segundo lugar com o maior número de casos da doença testados e positivados, registrando 11.348. É o equivalente a quase todos os moradores de Presidente Kennedy, no litoral Sul, que tem 11.574 habitantes.
A terceira no ranking dos casos confirmados é a cidade da Serra, com 10.748 casos. Pouco mais do que toda a população da pequena São José do Calçado, que fica na divisa com o rio de Janeiro e tem 10.556 moradores.
Logo atrás temos Cariacica, que possui 8.986 casos confirmados da doença. É praticamente o total dos moradores de Vila Pavão, que pelas estimativas do IBGE já chegam a 9.208 pessoas.
A Covid-19 começou a assustar os capixabas durante o carnaval. No final da tarde do dia 25 os profissionais de saúde da Upa de Carapina, na Serra foram surpreendidos com o primeiro caso suspeito da doença. Um morador que havia chegado da Itália apresentava sintomas que podiam indicar a contaminação pelo novo coronavírus.
O paciente, de 54 anos, foi internado no Hospital Jayme Santos Neves e, à época, pessoas que estavam na unidade hospitalar se assustaram com os procedimentos adotados, pouco comuns na ocasião. Máscaras estavam sendo distribuídas para outros pacientes e acompanhantes. O doente, no entanto, não estava com coronavírus. Testes identificaram que ele tinha H1N1.
No dia seguinte, dia 26, uma moradora de Vila Velha, de 37 anos, que também tinha vindo da Itália - na ocasião o epicentro da doença -, testou positivo para a Covid-19. A confirmação do exame dela só saiu no dia 5 de março. Começava ali a saga que mudaria por completo a vida dos que vivam em solo capixaba.
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