> >
Coqueluche: entenda se há risco de surto no ES e conheça os sintomas

Coqueluche: entenda se há risco de surto no ES e conheça os sintomas

Estado tem crescimento superior a 800% nos registros da doença que, se não for bem tratada, pode até levar à morte

Publicado em 23 de outubro de 2024 às 18:00- Atualizado há 2 dias

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura
Coqueluche pode acometer pessoas de variadas idades
Coqueluche pode acometer pessoas de variadas idades. (Unsplash)
João Barbosa
Repórter / [email protected]

Infecção respiratória responsável por crises de tosse seca, dificuldades respiratórias e sensação de sufocamento, a coqueluche voltou a acender o alerta para os cuidados com a saúde no Espírito Santo. Na terça-feira (22), o município de São Mateus, na Região Norteconfirmou um caso da doença e, na última semana, Marataízes, na Região Sulemitiu alerta após a confirmação da enfermidade em um bebê de apenas um mês.

A preocupação volta à tona, considerando o crescimento dos números da doença no Estado, onde especialistas apontam para um momento de surto e necessidade de melhoria da cobertura vacinal.

Até o fim do primeiro semestre de 2024, a Secretaria de Saúde (Sesa) notificou 79 casos suspeitos de coqueluche, com oito confirmações em seis meses, superando, em apenas seis meses, os sete casos registrados em todo o ano de 2023. Ainda segundo a Sesa, em 2024, o Espírito Santo já acumula 401 notificações e 64 confirmações da doença, um crescimento de mais de 800% em comparação ao ano passado. Não houve óbitos registrados. 

O informe epidemiológico da Sesa mostra ainda que dos 64 casos confirmados, 24 (37,5%) foram registrados em pacientes menores de um ano.

A Secretaria declarou, por nota, que o aumento de casos pode indicar epidemia ou surto da doença. "O registro de casos acima do limite superior indica possível ocorrência de epidemia ou surto e deve gerar investigação imediata para ação de contenção".

O cenário de crescimento crítico da doença não é observado apenas em solo capixaba. Segundo o painel epidemiológico do Ministério da Saúde, em 2024, o país já acumula 2.420 casos confirmados da doença, superando em 1.036% os 213 casos de 2023.

Cuidados para evitar transmissão

Com o cenário de aumento, cuidados para que a transmissão seja evitada são cruciais no dia a dia, já que, se não for bem tratada, a coqueluche pode levar à morte. Segundo Crispim Cerutti, professor do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a falta de cuidados pode apresentar um desafio de saúde pública.

“A coqueluche tem um comportamento cíclico com períodos de maior ou menor incidência, em um ritmo de 3 a 5 anos de intervalo. Podemos observar um aumento no número dos casos também por uma maior capacidade de detecção dos sistemas de saúde, o que cresceu durante e após a pandemia de Covid 19”, explica o professor e infectologista.

Ainda de acordo com Cerutti, o aumento no número de notificações e confirmações também é refletido em déficits na cobertura vacinal do Brasil. Apesar de a vacinação contra a coqueluche registrar índices de 83% de cobertura, o especialista explica que o ideal seriam números acima de 90%.

“A vacina tem uma eficácia próxima a 100%. É ideal que a população procure pela vacina, independentemente da faixa etária e, além disso, em caso de sintomas, as pessoas devem procurar assistência médica para avaliação de profissionais de saúde”, pontua.

As dificuldades na cobertura vacinal e a fase de surto também são apontadas pelo infectologista Lauro Ferreira Pinto, que salienta que as mais prejudicadas são as crianças. 

"Com a diminuição da cobertura em todos os níveis, a bactéria começa a circular e volta a trazer risco de vida. É necessário que seja facilitado o acesso do cidadão às vacinas, para que as pessoas possam buscar mais por isso. Não podemos depender apenas de vacinação agendada em sites, já que nem toda pessoa tem acesso ou facilidade de utilizar um computador. É justamente por essas dificuldades que os números da coqueluche estão altos e a cobertura vacinal está ruim", pondera Lauro.

Segundo o especialista, é ideal que seja melhorada a cobertura vacinal de grávidas a partir da 20ª semana de gestação para proteção das crianças e também que sejam aplicadas vacinas com 2, 4 e 6 meses em bebês.

Quais são os sintomas da coqueluche?

Inicialmente, a coqueluche se apresenta como um resfriado comum, gerando febre baixa, mal-estar, coriza e tosse seca que, gradualmente se torna mais intensa e frequente, evoluindo para crises de tosse mais intensa.

Nessa fase, a febre pode continuar e as crises súbitas de tosse podem causar vômitos. Durantes essas crises, como explica o Ministério da Saúde, a pessoa infectada pode ter dificuldade para inspirar, apresenta rosto vermelho (congestão facial) ou azulado (cianose) e, às vezes, pode fazer um som agudo ao inspirar.

Já na chamada fase de recuperação, a tosse começa a diminuir em frequência e intensidade, ainda persistindo por duas a seis semanas ou até por três meses. Nessa fase, outras infecções respiratórias podem fazer com que a tosse intensa retorne.

Atenção especial para bebês menores de 6 meses;

Segundo Ministério da Saúde, bebês menores de 6 meses são mais propensos a formas graves da doença, muitas vezes letais, que podem incluir crises de tosse, dificuldade respiratória, sudoreses e vômitos. Além disso, também podem ser registrados episódios de apneia, parada respiratória, convulsões e desidratação decorrente dos episódios repetidos de vômitos.

O essencial é promover a hospitalização, isolamento, vigilância permanente e procedimentos especializados aos pequenos.

Após a infecção, a maioria das pessoas consegue se recuperar da coqueluche sem sequelas e maiores complicações. Ainda assim, nas formas mais graves, pessoas de variadas idades podem registrar quadros mais severos. Em crianças menores de 6 meses, as complicações são mais graves e podem incluir infecções de ouvido, pneumonia, paradas respiratórias, desidratação, convulsões, lesão cerebral e até a morte.

E como se prevenir?

A transmissão da doença ocorre, principalmente, pelo contato direto do doente com uma pessoa não vacinada por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou, até mesmo, ao falar. Em alguns casos, a transmissão pode ocorrer por objetos recentemente contaminados com secreções de pessoas doentes.

Ou seja, é ideal cobrir a boca e nariz ao espirrar para que as chances de transmissão da doença sejam diminuídas.

A melhor ferramenta para a prevenção da coqueluche é a vacina. Crianças de até 6 anos, 11 meses e 29 dias devem ser vacinadas contra a doença. O Sistema Único de Saúde (SUS) também oferece a vacina para gestantes e profissionais de saúde que atuam em maternidades e em unidades de internação neonatal.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais