Tem receita de tapioca doce, salgada, tapioca com queijo ou com goiabada. Até com brigadeiro. Mas essa tapioca é diferente. Ou melhor: esse Tapioca. Esse é o nome de um cordeirinho que foi visto desfilando pelas ruas da Praia da Costa, em Vila Velha, na última quarta-feira (24). É o mascote de um hospital diferenciado que fica no bairro canela-verde.
A imagem chamou a atenção de uma arquiteta de 25 anos que mora na Praia da Costa. "Do nada um cara passeando com uma cabra em Vila Velha", postou no Twitter. Até a tarde desta sexta-feira (26), o tweet da arquiteta tinha 53,7 mil curtidas.
A reportagem de A Gazeta foi atrás da história do cordeirinho e se apaixonou. Tapioca tem apenas oito meses e foi adotado na intenção de ser o mascote da clínica Silvestres, especializada em atendimento a animais "exóticos" que são criados como pets. O proprietário do hospital e dono do Tapioca é o veterinário Eduardo Lázaro.
"A gente estava querendo um mascote para a clínica e aí surgiu a intenção de ter um carneiro. Começamos a buscar alguns lugares, queríamos um mini. Com isso, encontramos um rapaz que tem esses animais, mas não tinha um da raça mini. Ele veio aqui na clínica para conhecer, se apaixonou e fez de tudo para a gente ter o Tapioca", contou.
Tapioca chegou à clínica pequenininho, ainda filhote. "Direto ele vai para a minha casa ou da Kristal, veterinária que trabalha com a gente. Ele vai para passear e fazer exercícios, tem apenas oito meses, é um filhotão que está entrando na idade adulta", detalhou o veterinário.
Sobre a relação do Tapioca com outros animais, Eduardo comenta. "Tem uma relação muito boa, mas é muito na dele. Ele tem um amigão que é o rato Perebas, que vive andando em cima dele, ficam de um lado para o outro", disse. Agora, Tapioca é supervisionado na clínica, já que aprendeu até a revirar o lixo.
"Fizemos um recinto e ele fica supervisionado para não acontecer nada de errado. Muita gente gosta, acha bonitinho, mas é um animal super difícil de cuidar, precisa de muito capim especial, pouca ração, sais minerais e vacina", completou o tutor do animal.
Kristal Furno, de 26 anos, é a veterinária que leva Tapioca para casa aos finais de semana. "Ele ama todos os animais, levo ele para minha casa para brincar com os cachorros. Tapioca é um cordeiro, quando ele completar 1 ano ele vai virar um carneiro. Cordeiro é filhote de pai carneiro e mãe ovelha. Ele é muito especial, alegra nossos dias tristes e nos completa como equipe", disse.
O apelido carinhoso do Tapioca é "Pi". A veterinária, muito apegada ao bichinho, expressou o tamanho do amor que sente pelo "Pi". "Sem ele, a minha vida não seria a mesma. De qualquer lugar da clínica, se a gente falar 'Piiiii', ele nos responde com um 'bééééé'", brincou.
Agora prepare-se para um momento de explosão de fofura. No vídeo abaixo, mostramos o dia a dia de Tapioca. Nas imagens, ele aparece na varanda com os cachorros, interage com o sagui Nelson, toma água na mamadeira e mastiga grama.
O repórter da TV Gazeta Elton Ribeiro esteve no hospital e viu de pertinho que um pato, um jabuti, um coelho e até um lagarto são alguns dos pacientes do local. Os veterinários cuidam de animais que não podem ser cuidados como gatos e cachorros, por exemplo. A maioria dos pacientes são animais domésticos, que moram com tutores, mas exóticos à fauna brasileira.
"Os animais silvestres são todos aqueles que pertencem à fauna brasileira. Os exóticos não pertencem à fauna, mas por algum motivo foram trazidos de fora e são criados por humanos no Brasil", explicou o veterinário Eduardo Lázaro.
Um dos casos é o do pato Astro, que é paciente do hospital e visitou o local nesta semana para uma consulta de rotina. Ele é criado pela terapeuta holística Izabel Cristina Assis há dois anos, que ganhou o animal de um amigo.
"Ele ficou doente aos seis meses e eu descobri o Eduardo [médico veterinário]. Foi um caso de amor com o hospital e a equipe. Eles cuidam do Astro desde os seis meses, com muito carinho e cuidado. Sempre que preciso viajar, eles cuidam dele", contou a tutora, que levou o pet para fazer um check-up.
A maioria dos atendimentos é de calopsitas, jabutis, coelhos e porquinhos da índia, como explicou o veterinário.
"Mas sempre tem uns casos diferentes. Recebemos recentemente um jacaré agarrado com anzol, perto do coração. Fizemos uma cirurgia para retirar o anzol e ele voltar à vida. Temos também o caso de um peixe-beta. O tutor queria que déssemos uma melhor qualidade de vida a ele, que tinha um tumor na nadadeira dorsal, que teve que ser retirado".
O hospital existe há quatro meses e faz atendimento particular. Além de cuidar dos problemas de saúde e de fazer exames de rotina, a equipe também oferece tratamento de fisioterapia para os animais.
Um ganso que foi prensado em um portão está fazendo fisioterapia lá, e precisa ficar em um tipo de "cadeirinha" para recuperar um pouco dos movimentos.
"Conseguimos adaptar algumas coisas de cachorro e gato para eles, mas na maioria é melhor termos algumas coisas específicas, daí a importância de ter um hospital especializado neles", considerou o médico veterinário.
Além dos animais exóticos, o hospital também ajuda o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e o Instituto de Meio Ambiente (Iema), recebendo animais que precisam de algum tratamento.
Um sagui, nativo da fauna brasileira, que tem um problema na coluna, está se recuperando no local. Outro animal nativo que recebe atendimento é uma jiboia, que está com a mandíbula quebrada.
"Os órgãos ambientais nos ligam, falam do caso ou trazem para atendimento, e se a gente ver que é um caso mais grave, que precisa de uma internação ou de uma cirurgia mais específica, a gente fica com eles para cuidar e fazer todo o tratamento. Como funcionamos 24 horas, às vezes os animais precisam de medicamentos de madrugada. Logo que eles se recuperem, entregamos de volta para que eles possam soltar esses animais, de novo, na natureza", disse.
Com informações do G1 ES
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