O Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo (Coren-ES) abriu processo ético para apurar a conduta da enfermeira Nathanna Ceschim. A Comissão de Instrução deve concluir o trabalho em 120 dias que devem ser contados a partir do recebimento dos autos. O prazo pode ser prorrogado pelo mesmo período.
Em janeiro deste ano, Nathanna publicou nas suas redes sociais vídeos em que aparecia sem máscara no local de trabalho e também debochando da Coronavac, vacina contra a Covid-19. À época, ela foi demitida do hospital onde trabalhava.
Por nota, o Coren-ES informou que no dia 29 de março, os conselheiros promoveram a Reunião Ordinária de Plenário nº 433. Na ocasião, "foram admitidas as denúncias oferecidas à autarquia, em face do caso da enfermeira Nathanna Ceschim. Após a deliberação em plenário, inicia-se o processo ético, sob a fase de instrução, que segue os ritos do Código de Processo Ético-Disciplinar. Nessa fase, o período estabelecido obedece ao Artº 69 do Código", diz um trecho do texto.
De acordo com o artigo citado, a Comissão de Instrução concluirá seus trabalhos no prazo de 120 dias, contados do recebimento dos autos. O prazo pode ser prorrogado por mais 120 dias pelo presidente do Conselho, mediante solicitação justificada do presidente da comissão. O Coren-ES destacou que os processos correrão sob sigilo e a profissional terá amplo direito à defesa.
O Ministério Público do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça Cível de Vitória, informou que o "procedimento está tramitando e em fase de conclusão. O caso segue sob sigilo e, por essa razão, não é possível fornecer mais informações no momento", finaliza a nota enviada pelo órgão ministerial.
A reportagem entrou em contato com a enfermeira na noite desta terça-feira (18), mas ela preferiu não comentar sobre o caso.
Os vídeos polêmicos que envolveram Nathanna foram publicados nas redes sociais pessoais da enfermeira no dia 22 de janeiro deste ano. Neles, ela falava que só tomou a vacina para poder viajar e zombou da taxa de eficácia da vacina – que é considerada eficaz e segura, segundo parâmetros da Organização da Saúde (OMS) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Nathanna atuava no Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Vitória. A publicação mostrava ela de touca cirúrgica, em frente a um computador da unidade. O hospital não informou em que área a gravação foi feita. No vídeo, ela brincava com um colega, que aparecia na porta da sala com touca, luvas e máscara.
Horas antes, a mesma enfermeira havia publicado um vídeo em que desdenhava da aplicação da vacina Coronavac. Um comprovante exibido na rede social mostrava que a imunização dela contra a Covid-19 tinha sido feita no dia 19 de janeiro.
"Tomei por conta que quero viajar, não para me sentir mais segura. Porque uma vacina que dá 50% de segurança, para mim não é vacina. Eu tomei foi água", disse. Em seguida, ela mostra o comprovante do recebimento da primeira dose, com a data de 19 de janeiro, e veicula uma teoria da conspiração sobre a origem do novo coronavírus.
No dia 25 de janeiro, ela confirmou que havia sido demitida da Santa Casa. Por meio de um áudio enviado por um aplicativo de mensagens à reportagem, ela disse que havia expressado a opinião como cidadã e que não teria feito campanha contra a vacinação.
"Os meus vídeos foram apenas exercendo o meu direito de liberdade de expressão. Eu acho a vacina importante, mas não acho que seja a salvação do problema. Eu não fiz campanha contra a vacina, não falei para as pessoas não se vacinarem, eu não fiz nada disso. Foi um ponto de vista meu", defendeu, à época.
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