A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) causa preocupação na sociedade em geral, e medidas estão sendo adotadas para evitar a disseminação da doença. Mas há uma população vulnerável que não possui as mesmas condições de prevenção e cuidados: as pessoas em situação de rua. Ao todo, 12 dessas pessoas foram diagnosticadas com o vírus apenas no município de Vitória. Destas, 11 já estão curadas e uma está recebendo atendimento do município.
Os dados são da Prefeitura de Vitória, através do Comitê de Gerenciamento das Políticas Sociais dos impactos causados pela Covid-19. De acordo com Bruno Toledo, diretor do comitê, desde que começou a pandemia, o município estabeleceu um protocolo específico para a população que vive nas ruas. Desde o mês de março, há três pontos fixos que oferecem serviços de saúde, cidadania, direitos humanos e assistência social.
"Os pontos fixos ficam na região do Sambão do Povo, na Enseada do Suá e próximo à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Nesses locais nós temos distribuição de alimentação, monitoramento dos sintomas, entrega de máscaras e sabão, além de ser oferecido nesses espaços o acesso para a higienização. Mas paralelo a isso, a gente não interrompeu trabalho da abordagem social e o projeto consultório na rua. Por isso, estamos correndo tanto para inaugurar o Centro de Quarentena, que é uma área para fazer o isolamento de pessoas que não possuem condições de isolamento por conta própria", explicou.
Segundo a prefeitura, a única pessoa em situação de rua que foi diagnosticada com coronavírus e ainda não foi curada, recebeu acolhimento em um local que não pertence ao município. Porém, o paciente recebe visitas da equipe do consultório na rua, com monitoramento duas vezes por dia. Não há registros de mortes por Covid-19 entre essa população na Capital.
Com o objetivo de atender esses e outros pacientes com vulnerabilidade social, um Centro de Quarentena está previsto para começar a funcionar ainda nesta semana, no Sambão do Povo. Bruno Toledo explicou que o local não funcionará para internações, como em um hospital, mas sim como uma unidade para monitorar pessoas com sintomas leves, que precisam de isolamento seguro.
"No Centro de Quarentena vamos atender pessoas em vulnerabilidade social, que envolve a população em situação de rua, idosos, pessoas com deficiência, com condições precárias de moradia ou que vivem com muitas pessoas em uma mesma casa - não havendo condições de isolamento. Nesta segunda (29) há uma reunião por videoconferência com a equipe técnica e amanhã (30) faremos uma vistoria para terminar tudo o mais rápido possível. Não posso dar uma data exata para ficar pronto, mas dessa semana não passa", garantiu.
Caso a pessoa em situação de rua seja diagnosticada com Covid-19 e não aceite ir para o Centro de Quarentena voluntariamente, a prefeitura terá que acionar o Ministério Público por tratar-se de uma situação de "ameaça à saúde pública". Porém, o município espera que não haja essa necessidade.
"Estruturamos um espaço físico com todas normas sanitárias e 50 leitos disponíveis de forma simultânea. Ou seja, não significa que iremos atender apenas 50 pessoas, pois o tempo no local é variável. Nosso projeto tem previsão de seis meses de durabilidade e nossa meta atender até 800 pessoas que estejam dentro do perfil", afirmou.
Procurada, a prefeitura de Vila Velha, através do serviço consultório na rua da Secretaria de Saúde, informou que até o momento não foi encontrado nenhum caso de pessoa em situação de rua com sintomas de contaminação pela Covid-19 no município. A prefeitura afirmou, por nota, que monitora, orienta e esclarece dúvidas dessa população desde o dia 16 de março deste ano.
"Desde o início da semana passada, o serviço vem realizando vacinação contra gripe influenza neste público - mais de 100 já foram imunizados - ação que confirma a inexistência de suspeita para Covid-19. A vacinação será retomada nesta semana, assim que pare de chover no município", informou a nota.
De acordo com a coordenadora do programa consultório na rua de Vila Velha, Giovanna Sarcinelli, a ideia do serviço é orientar este público para tentar evitar a contaminação por Covid-19 entre uma população com tantas vulnerabilidades.
"Pessoas em situação de rua têm grande vulnerabilidade em vários sentidos. Estão mais expostos, por exemplo, a sofrer violência, não vivem em condições básicas de higiene, não têm alimentação adequada, não têm acesso a água potável, no geral fazem uso abusivo de álcool e outras drogas. Tudo isso e outras variáveis acabam colocando essa população em maior risco de contrair não só o Covid-19, mas tantas outras doenças", explicou.
A prefeitura de Cariacica também afirmou por nota que até o momento não há caso confirmado de Covid-19 entre a população de rua do município. Neste mês de junho, a equipe de abordagem de rua da Secretaria Municipal de Assistência Social registrou três casos suspeitos de coronavírus no abrigo de população de rua, localizado em Campo Grande.
Os três, que apresentavam sintomas gripais, foram submetidos a testagem e cumpriram o isolamento social em um abrigo específico para possíveis casos, localizado em Roda DÁgua. Porém, o resultado dos exames dos três deu negativo para Covid-19.
A equipe da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde afirmou que está acompanhando os 40 moradores de rua que estão no abrigo de Campo Grande atualmente, além das pessoas que permanecem nas ruas.
"No momento, são 147 pessoas em situação de rua na cidade que são monitoradas pelo serviço. Assim que a equipe da abordagem de rua da Semas identifica uma pessoa com possíveis sintomas da doença, esse cidadão é encaminhado para uma unidade de saúde do município. Caso seja indicada a realização do exame, o material é coletado e essa pessoa é isolada no abrigo em Roda DÁgua até que saia o resultado. A equipe orientou as pessoas em situação de rua a irem para abrigos ou retornarem aos seus lares, entretanto, nem todos quiseram sair das ruas", relatou, por nota.
Também procurada, a Prefeitura da Serra informou que até o momento não há notificações de Covid-19 entre a população de rua. O município afirmou, por nota que monitora e acompanha 240 pessoas morando nas ruas atualmente. "Essas pessoas são avaliadas e testadas à medida que aparecem sintomas gripais, seguindo a Nota Técnica Ministerial e Estadual", disse.
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