Um estudo apresentado nesta terça-feira (12) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) aponta que o novo coronavírus já infectava pessoas no Espírito Santo, pelo menos, desde dezembro de 2019. A conclusão foi feita a partir de análises em amostras de sangue de pacientes que tiveram dengue e chikungunya no período.
Os técnicos da Sesa investigaram a presença de anticorpos IgG específicos para SARS-COV-2 (coronavírus) em 7.320 amostras de infecção por dengue e chikungunya ocorridas no Estado desde dezembro de 2019. Desse total, em 210 foi identificada a presença de anticorpos próprios da Covid-19.
"A primeira amostra positiva (com IgG contra a Covid) foi oriunda de uma coleta feita no dia 18 de dezembro de 2019 e, se levarmos em consideração que a IgG só atinge níveis detectáveis de 15 a 20 dias pós-infecção, podemos sugerir que a exposição tenha ocorrido preteritamente: ou no final de novembro ou bem no início de dezembro 2019", afirmou o coordenador-geral do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-ES) Rodrigo Rodrigues.
A infecção identificada no Espírito Santo pelas investigações do Lacen é anterior ao primeiro caso brasileiro que se tem como registro, de 26 de fevereiro de 2020. "Esses casos de SARS-COV-2 não diagnosticados precocemente podem ter contribuído para a rápida expansão da Covid-19 no Brasil", analisa o Rodrigues.
Nésio Fernandes, secretário de Estado da Saúde, explicou que, ao longo do ano de 2020, o Estado enfrentou duas expansões importantes do coronavírus. Ele destacou que o governo preparou medidas farmacológicas, assistenciais e sociais para evitar que o sistema de saúde entrasse em colapso.
Além da decisão pela ampliação da rede assistencial, a Sesa definiu o aumento da capacidade de testagem dos casos suspeitos de infecção de Covid-19 e adotou a iniciativa de entender melhor o histórico da doença no Espírito Santo, bem como o comportamento que pudesse explicar o seu espalhamento pelo Estado.
“Nós tivemos nosso primeiro caso diagnosticado pela metodologia RT-PCR no final de fevereiro. A doença foi se espalhando ao longo do primeiro semestre do último ano e tivemos um comportamento também da concomitância das endemias de dengue e chikungunya, em especial, na Grande Vitória. As arboviroses têm características que nos levaram a levantar algumas questões no que diz respeito à possibilidade de que muitos casos suspeitos de arboviroses serem casos de Covid-19”, disse Nésio.
A suspeita fez com que, em agosto do ano passado, o governo estadual baixasse uma portaria que determinava a obrigatoriedade de testagem de SARS-COV-2 em todas as amostras presentes no Lacen, desde dezembro de 2019. Rodrigues relatou que, das 7.370 amostras estocadas, 5.472 eram positivas para dengue ou chikungunya.
"O anticorpo pesquisado para arbovirose era a IgM, que aparece precocemente, indicando a fase aguda da doença. Para identificar o SARS-COV-2, os pesquisadores buscaram o IgG, que aparece após a infecção", explicou.
"Dentre as amostras avaliadas, encontramos 210 que reagiram positivamente para a presença do anticorpo anti-SARS-COV. Entre as 210 positivas, 79 amostras reagiram positivamente contra outras arboviroses, mostrando que 210 inicialmente eram suspeitas de possuir uma arbovirose, mas também possuíam uma infecção por SARS-COV, o que ocorreu de forma desconhecida", detalha Rodrigues.
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