Desde o mês de pico da pandemia, o Espírito Santo não tinha tantas pessoas internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI): são 550 pacientes lutando, já em estado grave, para sobreviver à Covid-19, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), referentes a essa segunda-feira (25).
O número é o maior desde o último dia 16 de julho, quando 551 indivíduos estavam enfrentando a mesma batalha no Estado – e só fica atrás de outras 15 datas, em todo o histórico das ocupações de leitos, que passaram a ser divulgadas diariamente a partir de meados de abril do ano passado.
É importante ressaltar que, naquela época, os hospitais da rede pública tinham 704 leitos intensivos para atender pacientes infectados pelo novo coronavírus. Ou seja, 29 a mais do que ofertado atualmente. A capacidade de expansão do Estado, considerando os leitos potenciais, é de 715 vagas.
Com base nelas, portanto, a taxa de ocupação das UTIs era de 76,9% nessa segunda-feira (25) – próximo do nível considerado crítico pelo Governo do Estado (81%). O índice é levado em conta para a elaboração do mapa de risco, que classifica os municípios em risco baixo, moderado, alto ou extremo.
Para os dois médicos infectologistas ouvidos por A Gazeta, o número mais alto de pessoas internadas nas UTIs é consequência, basicamente, de dois fatores: o relaxamento do distanciamento social verificado em dezembro e o acolhimento dos pacientes transferidos de Manaus (AM), na semana passada.
"Acredito que as férias e as festas no final do ano foram fatores determinantes. Todas as formas de interação social têm algum nível de controle, com exceção da recreativa. Além disso, com o consumo de bebidas álcoolicas, as pessoas se tornam ainda menos vigilantes em relação aos cuidados", explica Crispim Cerutti Júnior.
Com pensamento semelhante, o médico infectologista Carlos Urbano defende que o Governo do Estado deve acompanhar o número de internados nos próximos dias, para decidir se será necessário tomar alguma medida. "Ainda está relativamente tranquilo, mas tem que ficar de olho", afirma.
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde esclareceu que a crescente está relacionada à ampliação da testagem e à maior exposição da população ao coronavírus. "As estratégias são adotadas de acordo com o comportamento da curva da doença que é observada diariamente e que medidas restritivas são definidas pelo mapa de risco e anunciadas pelo governador", explicou.
A Sesa também informou que vem trabalhando na expansão dos leitos semanalmente. "Nesta terça-feira (26), o Espírito Santo conta com 1.342 leitos específicos para pacientes da Covid-19 (considerando enfermaria e UTI) e a previsão é que nas próximas semanas esse quantitativo ultrapasse 1.500 leitos", adiantou.
Depois da publicação desta matéria, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) retornou aos questionamentos feitos pela reportagem. O texto foi atualizado.
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